O Centro de Referência de Atendimento à Mulher (Cram) de Estrela completou oito meses em outubro e já ultrapassou a marca de 100 atendimentos. Composto por profissionais da psicologia, serviço social e assessoria jurídica, o local serve de amparo para vítimas de violência doméstica.
Conforme a coordenadora, Ioná Carreno, os números de Estrela são similares aos vistos por toda a região. De fato, opina, mostram o quanto os serviços de auxílio às mulheres são importantes. “Se fala mais em violência doméstica em Estrela em função da implantação do centro”, realça.
Os Indicadores da Violência Contra a Mulher apontam que em todo o RS, até setembro, foram registradas mais de 22 mil ameaças e mais de 12 mil lesões corporais. Em Estrela e Lajeado, únicas cidades do Vale com centros de atendimento, no mesmo período, foram 278 ameaças e 102 lesões. Estrela tem um feminicídio registrado, mesmo número do ano anterior.
Esforço pela prevenção
A maioria dos casos chega no Cram depois da medida protetiva, mas o serviço pode ser procurado por qualquer mulher, independente de como ela queira conduzir o caso (com ou sem atuação da Delegacia de Polícia Civil, caso não tenha agressão física). O primeiro acolhimento é feito com a psicóloga, que avalia a situação e a partir da demanda, a equipe atua de forma conjunta .
O centro realiza encontros de grupo de mulheres, que ajudam na prevenção e agravamento dos casos. “Tem mulheres que vem aqui e é o primeiro momento que sai de casa para fazer alguma coisa por ela. A gente também fez ao longo do ano diversas ações de ir até os locais, como no interior, nos grupos dos idosos”, conta a psicóloga Natália Sulzbach.
Treinamentos de profissionais que atuam na rede de proteção à mulher também ocorrem durante todo o ano. Para a psicóloga, quando é possível intervir na relação assim que os primeiros sinais de violência surgem, é mais fácil reverter o caso e evitar tragédias como os feminicídios.
A diretora do Departamento de Desenvolvimento Social da Secretaria da Saúde, Tatiana Pereira de Oliveira, entende que a prevenção é necessária, e a promoção de atividades como essas são importantes para trabalhar com mulheres vítimas de violência. “Assim podemos enfrentar os medos e o perigo de serem ameaçadas”, diz.
Nova vida
Ioná salienta que grande parte das mulheres que foram atendidas em Estrela hoje estão bem e protegidas. Com a ajuda de Cram, muitas conseguem encontrar um novo lar, um emprego e se estabilizar longe da relação abusiva.
“Eu não esperava que meu relacionamento terminaria dessa forma”, diz Ana (nome fictício). O depoimento da usuária do serviço chegou até o Cram e serve como exemplo do que o centro pode oferecer. “Fiz uma geral em mim. Me sinto livre, antes era dependente. Tenho o apoio da minha irmã, retomei a relação com o meu filho. Sem o apoio do Cram teria sido mais difícil. Gosto muito de vir aqui. Me sinto muito tranquila, muito bem”, completa.
Eventos
No dia 23 de novembro ocorrerá o II Fórum de Enfrentamento à Violência Contra Mulher, na Câmara de Vereadores, em alusão ao Dia Internacional de Combate à Violência Contra as Mulheres, celebrado dia 25. Participa do evento a Juíza de Direito titular do 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Porto Alegre, doutora Madgéli Frantz Machado. A programação é aberta ao público e ocorre de manhã e de tarde.
A Univates tem evento similar, na terça-feira, 8. O XI Fórum Regional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher ocorre no Auditório do prédio 11. As inscrições podem ser realizadas no site da instituição.