Mostra do Viva+Vida marca 10 anos do programa na região

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Mostra do Viva+Vida marca 10 anos do programa na região

Evento ocorre em 6 de dezembro no teatro do Sesi. Comissão espera presença de escolas, estudantes e líderes comunitários. Na programação, destaque ao 3º diagnóstico sobre consumo precoce de substâncias psicoativas

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Atualizado sábado,
05 de Novembro de 2022 às 13:34

Mostra do Viva+Vida marca 10 anos do programa na região
Percentual de menores com histórico de uso de bebidas alcoólicas passou de 63,1%, em 2012, para 75,6%, entre 2017/18. Crédito: Filipe Faleiro
Vale do Taquari
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O Programa Vida+Viva sem Álcool completa dez anos de história em dezembro. Para celebrar a data, os voluntários organizam a mostra de atividades para o dia 6 de dezembro. Até o momento, o indicativo é que ocorra no teatro do Sesi.

Conforme o promotor de Justiça, Neidemar Fachinetto, ao longo desta primeira década, o Vida+Viva desenvolveu atividades em mais de 100 escolas, tanto da rede pública quanto particular, com impacto direto em mais de 30 mil estudantes. Pelo Concurso e Mostra Cultural, foram 126 projetos, com roteiros de teatro, composições musicais, danças e vídeos.

A ideia da programação, ainda em desenvolvimento, é reunir tanto alunos que passaram pelo Vida+Viva, quanto fazer uma exposição com escolas das quais receberam as atividades. Junto com isso, também estão em análises apresentações artísticas e palestras técnicas sobre os riscos do consumo precoce de substância psicoativas.

O programa é mantido pela Associação Lajeadense Pró-Segurança Pública (Alsepro), conta com a parceria da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), Ministério Público (MP), Poder Judiciário, Sesi, 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) e Administração de Lajeado.

Consumo de álcool entre menores

O programa fez duas pesquisas sobre a incidência do consumo de álcool e outras substâncias psicoativas entre estudantes. O primeiro diagnóstico ocorreu em 2012, e o segundo entre 2017 e 18.

O terceiro será detalhado na mostra de dezembro, afirma o coordenador do Comitê Científico do Vida+Viva, o professor doutor Luís César de Castro. “Buscamos trabalhar com evidências. Por meio da pesquisa conseguimos medir se há retração ou aumento no consumo entre menores.”
Pelos diagnósticos passados, houve avanço no consumo de álcool na faixa etária dos 12 aos 17 anos. O percentual passou de 63,1%, em 2012, para 75,6%,

entre 2017/18. Destes, 92,8% beberam pelo menos uma vez nos últimos 12 meses. Tal indicador caracteriza a continuidade no uso.
Com relação ao novo estudo, a metodologia pode chegar a 2 mil questionários aplicados. Pela profundidade da pesquisa e o formato, é possível análises estatísticas para além do espectro do consumo de entorpecentes.

As perguntas adentram em análises sobre os hábitos, comportamentos e a saúde dos estudantes. “Teremos estatísticas que poderão ser usadas para elaboração de políticas públicas de cuidado e proteção dos adolescentes.”

O questionário é autoaplicável e que preserva o anonimato, frisa Castro. O estudante recebe por meio digital, lê e responde sem qualquer contato ou entrevista de terceiros.


Entrevista – Gabriel Carneiro Costa, Escritor, palestrante e especialista em Educação Emocional

“Ver os pais beberem impacta na percepção dos filhos”

A Hora – O que o consumo de bebidas entre jovens mostra sobre nossos comportamentos na sociedade?

Gabriel Carneiro Costa – Antes de mais nada é importante ressaltar: toda geração sempre acha que a sua foi melhor. Falam que os adolescentes de hoje estão perdidos. Nossos pais pensaram isso da gente. Nossos avós pensaram isso dos nossos pais e assim por diante.
Quem diz: “essa geração está perdida”, ou “o mundo está perdido”, é por que se perdeu do mundo. Temos de contextualizar isso e entender que toda geração tem as suas transgressões.

Dito isto, ressalto que os pais de adolescentes de hoje tiveram uma educação mais opressora. Logo, partem da ideia de educar de forma diferente. Por vezes, não deixam claros os limites aos filhos. Ouço pais falando: vou dar liberdade de escolha ao meu filho. Mas há faixas etárias que precisam ser vistas. Crianças e adolescentes precisam de orientação. Saber o certo e o errado. Quando ocorre episódios críticos, como um jovem em coma alcoólico, ou algo do tipo, muito disso passou pelo desconhecimento de limites impostos pelos pais.

– Como debater liberdade, disciplina e limites com os jovens?

Costa – Pergunta interessante. São esses os pontos. Ser um pai ou uma mãe opressor ou proporcionar mais liberdade? É preciso entender a diferença entre ser adulto e ser criança ou adolescente. A suposta liberdade que temos é quando garantimos o nosso sustento. O adolescente não tem isso. Ele responde aos pais. Então sim, a família deve cobrar.

Essa liberdade plena, “eu faço o que quiser da minha vida”, que muitos adolescentes rebeldes usam em discussões com os pais, só acontece quando ele tiver condições de viver por si próprio. De andar com as próprias pernas. As combinações para uma família viver bem têm de partir de uma relação de fala e de escuta. Quanto mais proibir o adolescente, pior é.

– Como falar sobre álcool com o filho adolescente?

Costa – O pai proíbe, e o filho tem acesso ao álcool na rua. A conversa neste momento é fundamental. Aconselho as famílias a mostrarem os efeitos desse consumo. Mostrar notícias sobre o alcoolismo, sobre acidentes após beber. Debater o tema de forma clara e transparente.

Depois de uma festa, conversar, ver o que aconteceu. Ficou sabendo que um amigo se embebedou. Mostrar o quanto essa pessoa se expôs, como será falada pelos demais. Aquele debate mais próximo entre causa e consequência.

– Muito se fala: se educa pelo exemplo. Mas o álcool está presente nas famílias. Seja em uma festa, um aniversário, Natal ou Reveillon. Ao ver os pais com alguma bebida, isso não encoraja o adolescente ou a criança?

Costa – Ver os pais beberem impacta na percepção dos filhos, em especial quando são crianças. O pai, que costuma ser sério, daí aparece rindo, brincando, cantando. Com outro comportamento, dá uma impressão que o álcool transforma. Para o filho, o significado disso é: a bebida faz meu pai ser feliz. Não entra no sistema da criança que se trata de um momento, de que o pai já estava feliz, de bem com a vida e estava celebrando algo. Não é assim que ela entende.

Quer dizer se eu beber meus filhos terão problemas com alcoolismo? Não necessariamente. Claro que o exemplo é mais forte, mas também se educa pela conversa. Chamar o filho, com 15 ou 16 anos e contar suas experiências, ser franco com ele, também vale. Dizer: “eu sei o quanto o álcool é prejudicial. Eu sofri muito e não quero que você passe por isso.” Também é uma forma de educar.

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