O silêncio de Bolsonaro foi surpresa zero

Opinião

Fabiano Conte

Fabiano Conte

Jornalista e Radialista

O silêncio de Bolsonaro foi surpresa zero

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Getty Images/Divulgação

Foi “lamentável” o tamanho do silêncio do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) a respeito da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de domingo. Beirou a “choro de birrento”. Ele seguiu seu estilo. Foi assim durante todo governo. Tivesse agido antes, teria respaldo da maioria de seus seguidores, muitos decepcionados com o isolamento do maior líder.

Bolsonaro deveria ter ligado para Lula e parabenizado pela vitória, agradecido seus milhões de votos e declarado liderança de oposição ao novo governo. Se credenciaria a disputar novamente a eleição daqui quatro anos. Preferiu o silêncio, que poderá decretar seu fim político.


Herança ruim

Bloquear rodovias não é a solução. Já tivemos demonstração negativa no passado. Herança da greve de 2018 foi maior inflação mensal em 23 anos e menor atividade econômica em uma década e meia. É um sinal de quanto será complexa a troca de governo, que não representa apenas a mudança de um líder, mas de lógica.


Nordeste foi decisivo

Lula foi eleito no domingo graças à ampla vitória no Nordeste. Terá o desafio de governar para todo o País, incluindo as demais regiões, onde foi derrotado. Lula venceu de lavada no Nordeste, próximo dos 70% dos votos, no Sul o petista perdeu para Bolsonaro; foi derrotado no Sudeste e no Centro-Oeste e disputou voto a voto no Norte, na eleição presidencial mais apertada da História. Nordeste merecerá atenção redobrada do novo governo.


Inéditos

A eleição mais apertada da História quebrou alguns tabus: pela primeira vez um presidente candidato à reeleição perdeu a disputa e, pela primeira vez também, teremos um presidente em terceiro mandato.


Sem novos líderes

Listas iniciais de futuros ministros do governo mostram que o PT não formou novas lideranças. Aliados de governos anteriores dos petistas são os nomes mais lembrados para ministros. Lula terá que acomodar nove partidos: PT, PCdoB, PV, PSB, PSOL, Rede, Solidariedade, Avante e Agir, além do Pros e de parte do MDB e PSD, que entraram no segundo turno.


Lidar com o agro

A atual senadora Kátia Abreu é o nome mais cotado para ser ministra da Agricultura. Blairo Maggi, ex-ministro, é lembrado. E surgem nomes do centrão, como os deputados Silvana Covatti e Covatti Filho, mãe e filho, ambos filiados ao PP-RS.


Forte oposição

No Congresso, Lula vai enfrentar grande oposição pela primeira vez. O PL, partido de Jair Bolsonaro, será o maior partido do Legislativo.

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