Atípico. Este é o principal termo utilizado para descrever o ano de 2022 em relação à explosão de quadros virais, sobretudo entre o público infantil. Após dois anos de pouco convívio social por conta da pandemia, as crianças retornaram ao ensino presencial. E foi, a partir disso, que médicos perceberam o aumento nos atendimentos em consultórios.
No caso de crianças pequenas, há também a associação dos vírus com a infecção do ouvido, algo bastante comum. Nessas situações, é necessário ter um cuidado para evitar maiores complicações, principalmente em quadros bacterianos, como a otite. Estes foram alguns dos temas abordados em “Nossos Filhos”, programa multiplataforma do Grupo A Hora.
Médica otorrinolaringologista, Bruna Butzke foi a convidada dessa edição e alertou para a evolução desses quadros para otites, que podem causar maior desconforto nas crianças. “Um dos principais sintomas dos vírus é aumentar a secreção no nariz. E muitas vezes a secreção parada, no ouvido, gera as otites, que dão muita dor de cabeça aos pais”, frisa.
Nesses casos, febres estão entre os quadros mais comuns. “Nós, como otorrinos, atendemos mais as complicações. E como chegam aos nossos consultórios”, frisa Bruna, que pede atenção a situação da criança. “Se tem febre, mas não está abatida, se alimentando, não é preciso se apavorar. Muitas vezes ela é um primeiro sinal”.
Diagnóstico preciso
Para chegar ao diagnóstico de otite, Bruna explica que é preciso examinar o ouvido. “É difícil ter ideia sem olhar. E geralmente ela é precedida por um quadro viral. As crianças maiores se queixam da dor”, comenta.
À medida em que o quadro viral evolui, Bruna comenta que o muco fica mais expesso e, por vezes, esverdeado ou amarelado. “Mas também não é preciso se assustar e correr para o pronto atendimento achando que ele está com infecção”. Em alguns casos, é necessário colocar um dreno para solucionar o problema.
“Algumas crianças têm acumulo de catarro silencioso, atrás do tímpano. Não sente dor, nem febre, mas tem um catarro lá. Isso pode atrapalhar o desenvolvimento da fala. E tem que criança que coloca o dreno e fica com o ouvido vazando. É preciso ligar o sinal de alerta para investigar aquelas que continuam com secreção. Tem que prestar atenção”, salienta Bruna.
Infecções respiratórias
Apesar da explosão de quadros virais no ano, Bruna ressalta que mesmo crianças saudáveis podem ter de 10 a 12 infecções respiratórias por ano. “E algumas podem durar dias. É quase um ano inteiro catarrento. Mas está tudo bem”.
Para as crianças que estão no primeiro ano escolar, lembra que este é o período mais comum para ter contato com os vírus. “É aquele que costuma ser o mais dramático. Mas é importante. Faz parte do nosso desenvolvimento pegar essas viroses”.