Censura velada nas trincheiras políticas

Opinião

Filipe Faleiro

Filipe Faleiro

Jornalista

Censura velada nas trincheiras políticas

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O momento nacional inspira cuidados. Qualquer um que se manifestar, corre o risco de ser “cancelado”, perseguido e atacado. Ainda mais se tiver relação com algum assunto político. Tanto nas postagens nas redes sociais quanto para alguma manifestação de profissionais de todas as áreas em veículos de comunicação, há uma censura velada.

Um jornalista, em espaço de opinião, tem de fazer qualquer análise “pisando em ovos”. Não interessa o que está escrito, mas o que o leitor supõe. Marchamos a passos largos para a intolerância em um país cada vez mais dividido.

O princípio do texto de opinião é clareza, linguagem acessível e objetividade. Técnicas também presentes no conteúdo informativo. O diferencial está na imparcialidade. Conceito atribuído ao conteúdo jornalístico de caráter noticioso.

Feito de maneira profissional, baseado em fatos e com riqueza de argumentos, há pouco espaço para mensagens “subliminares”. Essas teorias conspiratórias, de que há algo por trás, evoca um estado de vigília permanente, baseado em suposições e pseudoverdades.

Nos espaços dedicados a opinião, a leitura muda de figura. Se trata de uma análise própria do autor. Pode-se discordar, ter uma avaliação diferente, um outro ponto de vista. Isso tudo está dentro da liberdade de expressão e faz parte da democracia.

Feita essa referência, qual seria o problema de algum articulista abrir o voto neste segundo turno? É um crime? Ele deve mesmo ser defenestrado por se posicionar? Infelizmente é nesta realidade que estamos. Houve um tempo em que jornalista esportivo não tinha o direito de torcer para Inter ou Grêmio. Agora é quem fala de política não pode se posicionar.

Em qualquer análise, é preciso colocar uma vírgula para dizer o óbvio. Como uma defesa prévia antes mesmo do ataque, que é certo e virá. Algo muito próximo do que Millôr Fernandes dizia que “no Brasil é preciso explicar a ironia.”

A frase cabe bem para esse cenário prévio de eleições. O problema disso tudo, é que, indiferente do resultado, grupos sociais vão continuar – aos gritos e empurrões – forçando suas preferências. Empurrando “guela abaixo” suas crenças e valores.

Qualquer um que pense diferente é inimigo. Essas feridas estão abertas e não vão cicatrizar tão cedo. Julgamos o outro pelo nosso filtro. Como o filósofo alemão Johann Wolfgang von Goethe sentenciou: “A conduta é um espelho no qual todos exibem sua imagem.”

Por isso reafirmo: há uma censura velada em curso. Nos mais diversos lugares, círculos sociais, em especial nos ambientes profissionais. Em muitos locais, a avaliação não está mais nos méritos, nas qualidades e competências de determinado trabalhador. Apenas se está na mesma trincheira política do que eu.

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