Por que decidiu ser recenseadora?
Em 2010, quando vivia em Estrela, me inscrevi para participar do Censo. Fiquei classificada, mas não fui chamada. Este ano fiz novamente e acabei selecionada. Minhas filhas também trabalham no IBGE, então também houve a influência delas. Ambas me ajudaram a compreender os procedimentos. Trabalho manhã, tarde e noite, fins de semana, se necessário. Dedico meu tempo livre. Acredito que se tu tens a oportunidade de ajudar, deves seguir em frente.
Qual é o seu roteiro?
Um supervisor, geralmente, atende até 10 recenseadores. Passamos por treinamento, mas não processamos tudo. Logo, aprendemos na prática. O IBGE divide as regiões em setores. Moro no Bairro Montanha e estou responsável por sete diferentes dentro dessa área de atuação. Fiz 450 casas na primeira leva e na segunda, serão mais de 300. Já conversei com mais de 1.200 pessoas desde o dia 1° de agosto. Precisamos concluir até dezembro. Uma das nossas metas é chegar a 120 entrevistas por semana. O trabalho é cansativo, mas gosto muito de fazer.
Como funciona o questionário?
São dois tipos de questionários, o Básico e a Amostra. O mais simples pede informações como nome completo, alfabetização, esgotamento sanitário, rendimentos, coleta de lixo. O outro, por sua vez, abrange também a formação universitária, quantidade de cômodos na residência, motivos pelos quais vive na cidade, entre outras perguntas. É importante frisar que a distribuição é aleatória. Tudo é feito pelo aparelho chamado DMC. Depois do roteiro concluído, faço o backup das informações e transfiro para o sistema regional do IBGE que, então, tratará de passar os dados adiante
Quais as principais dificuldades enfrentadas? E a importância do Censo?
Sem dúvidas, é a falta de cooperação de uma parcela da população, pois muitos não nos atendem. Tentamos até quatro vezes, na base da insistência. Já tive um caso de estar quase no fim do questionário quando o morador se recusou a continuar por causa da questão dos rendimentos. Talvez as pessoas entendam como “invasão de privacidade”.
Diante dessas situações, temos de, acima de tudo, sermos gentis, carismáticos e buscarmos conscientizar o público. A comunidade precisa entender que o Censo é necessário para entendermos o nosso Brasil. E o governo, seja qual for, terá um importante instrumento capaz de balizar as futuras ações.