Profissionais abordam transformações da infância e o reflexo na educação

NOSSOS FILHOS

Profissionais abordam transformações da infância e o reflexo na educação

Orientadora escolar, diretora de escola e professor abordaram temática em participação no programa “Nossos Filhos”. Desafios da pandemia e tecnologias foram alguns dos pontos comentados

Profissionais abordam transformações da infância e o reflexo na educação
Edição dessa quinta reuniu profissionais que vivenciam diferentes realidades dentro do ensino. Créditos: Luísa Huber
Lajeado

O que mudou na concepção de infância entre o que era há 20, 30 anos, e o que é hoje? Esta é uma pergunta com diversas respostas, explicações e teorias. E isso tem relação direta com os novos hábitos familiares e, sobretudo, da vivência nas escolas, a partir do convívio com outras crianças e professores.

A temática sobre a infância foi o tema de “Nossos Filhos”, programa multiplataforma do Grupo A Hora. O debate reuniu profissionais de longa vivência em escolas. Caso da diretora da Eeem Estrela, Sirlei Lohmann, do professor da Escola Estadual Santo Antônio, Moisés Berté, e da psicóloga e orientadora educacional do Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat), Denise Polonio.

Com diferentes bagagens na educação, os três concordam que houve uma grande mudança na infância. Berté entende que, para acompanhar essas transformações, não basta apenas transmitir conhecimento. “Hoje nós trabalhamos com a construção. Eu ensino e aprendo com a criança. E quem não consegue ouvir o que ela tem para dizer, não consegue ensinar”, frisa.

Na mesma linha, Sirlei comenta que a escola, em muitos casos, é o local onde se faz um primeiro “diagnóstico” de algum problema enfrentado pela criança. “O diálogo precisa ocorrer. Na nossa escola, não temos pessoas aptas a trabalhar com esse olhar diferente. Então, o professor precisa estar bem preparado, bem planejado para conseguir dar conta”, comenta.

Tecnologias

Um dos pontos abordados na entrevista foi a tecnologia cada vez mais presente na infância. Nas escolas, há uma inserção grande no processo de ensino. “Na escola, a tecnologia também ocorre no contato com o outro. Vejo essa mudança como a principal, Mas nós, como profissionais, também tivemos que mudar nossa forma de fazer o trabalho do dia a dia”, cita Denise.

Ao trazer o exemplo do Ceat, Denise comenta que o uso das tecnologias é restrito na educação infantil e nas séries iniciais. “ A gente opta, no ambiente escolar, em privilegiar a vivência do coletivo. A questão da tecnologia tem que ser monitorada. Entendo que precisamos ter muito cuidado quando disponibilizamos uma tela para criança”.

Berté entende que a internet e o celular são meios de comunicação, mas “não podem ser o princípio e o fim”. Sirlei ressalta que, apesar do apelo de alguns pais, proibir o uso seria uma medida “radical”, mas é preciso ter um meio termo.

Desafios da pandemia

A transformação da infância também passa pela pandemia. No ensino, Berté comenta que algumas crianças chegaram a ficar dois anos sem nenhum contato com a educação. “Quem não tinha base de letramento, voltava leigo para a escola. Elas sentiram demais, especialmente por ser de escola pública e de um bairro com dificuldades. Temos uma disparidade grande em termos pedagógicos para reduzir”, avalia.

No caso da escola de Estrela, Sirlei comenta houve um choque de realidade a partir do retorno presencial, ainda que o trabalho remoto tenha sido positivo. “Tivemos poucas baixas. Houve boa resposta, apesar das dificuldades. Mas quando retornamos 100% neste ano, vimos muitos casos de crise de ansiedade. Então, tínhamos que tratar o emocional deles para novamente lidarem com os colegas”, ressalta.

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