Obesidade infantil desafia famílias a mudarem hábitos

NOSSOS FILHOS

Obesidade infantil desafia famílias a mudarem hábitos

Exemplo de casa pode contribuir para o desenvolvimento da patologia nos filhos. Nutricionista e professora de educação física abordam fatores que contribuem para a doença e formas de preveni-la

Obesidade infantil desafia famílias a mudarem hábitos
Profissionais abordaram maneiras de tratar e prevenir a obesidade em crianças e adolescentes. Crédito: Luísa Huber
Vale do Taquari

Mais do que um distúrbio. Um problema de saúde pública que toma proporções preocupantes. A obesidade infantil é uma doença que está em evidência e os números crescentes no país deixam em alerta pais, familiares, profissionais da saúde e da educação e autoridades. Por isso, cada vez mais cresce a importância de criar formas de prevenção.

A epidemia da obesidade infantil foi o tema de “Nossos Filhos”, programa multiplataforma do Grupo A Hora, na edição de quinta-feira, 6. Na ocasião, a nutricionista Patrícia Bergjohann, do Espaço Bem Viver, da Unimed VTRP, e a professora de educação física Fernanda Volken, que atua no Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat) foram os convidados.

Conforme Patrícia, existe uma preocupação grande com as escolhas alimentares das crianças e, por isso, defende que a prevenção à obesidade seja um processo iniciado antes mesmo do nascimento. “Começa nos mil dias, quando o casal está esperando o bebê. A preocupação deve existir desde muito cedo, pois evita um tratamento mais lento e complicado”, salienta.

Para a nutricionista, é fundamental levar aos pais e familiares a informação e também conhecimentos práticos sobre a importância de uma alimentação correta. “E muito também está associada à praticidade. Existe uma tendência, quase um discurso de que está tudo corrido e não se tem tempo para nada. É questão de planejamento, de organização diária”.

Preparar o corpo

Fernanda entende que tornar a educação física atrativa às crianças vai muito do sentimento de pertencimento que eles tem com aquele espaço. Lembra que, nos anos iniciais, a proposta do “brincar livre” no pátio da escola é parte importante no processo, mas que, com o tempo, os desafios aumentam.

“A educação física visa desenvolver a potencialidade do corpo. Antes, era muito voltada ao desenvolvimento esportivo. Agora, vive um momento em que ela tem como objeto principal o corpo humano. É peça-chave desenvolver esse gosto deles. Se fica somente nos esportes, talvez deixa de contemplar um aluno que se identifica com outras atividades corporais”, afirma.

Neste ponto, Fernanda destaca iniciativas na cidade que buscam mudar a cultura. “O Poder público dispõe de vários projetos de ginástica, escolinhas de vôlei e futebol, que são gratuitos. E vários locais sendo inaugurados, que fomentam a prática esportiva. Isso é muito importante, pois a obesidade também é uma questão de saúde pública. Precisamos também do olhar de quem está à frente”.

Participação dos pais

Tanto Patrícia quanto Fernanda entendem que o exemplo de casa pode ajudar a prevenir a obesidade infantil, bem como pode agravá-la. “Os pais devem estar atentos nesse processo. Na experiência da escola, vejo que a partir do nível 5, abre-se espaço para crianças levarem o lanche de casa. E nesses momentos vemos lanches que não seriam adequados para o desenvolvimento delas”, detalha Fernanda.

Patrícia ressalta que a criança é movida pelo prazer do paladar, o que muitas vezes é momentâneo. E não tem o discernimento de saber o que é bom para ela. “Não tem como querer algo extraordinário se não há a informação básica, lá no começo. E tudo inicia pelo exemplo. Aí temos hábitos muito mais enraizados para melhorar ou mudar”.

Na área da nutrição, Patrícia diz não trabalhar com orientações restritivas, pois isso pode levar a outros problemas, como transtornos alimentares. “Vai tentando se reduzir esse dano, minimizar e equilibrar. Não é preciso exigir que a criança coma todos os dias, em todas as refeições, as cinco cores mais importantes. Pode ter algo da preferência dela, desde que seja adequado”.

Riscos e consequências da obesidade infantil

– Obesidade mórbida, quando adultos;

– Doenças respiratórias, como asma e apneia;

– Doenças ortopédicas, como problemas de coluna ou joelhos;

– Dores nas articulações;

– Disfunções do fígado, em função do acúmulo de gordura;

– Colesterol alto;

– Diabetes;

– Hipertensão arterial;

– Complicações metabólicas;

– Acne;

– Assaduras e dermatites;

– Enxaqueca.


Acompanhe
nossas
redes sociais