Estratégia e concentração: o xadrez aliado ao ensino

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Estratégia e concentração: o xadrez aliado ao ensino

O 13º Torneio Estudantil de Xadrez de Estrela ocorreu ontem e colocou em foco a contribuição do jogo para o desenvolvimento estudantil. Entre os benefícios da prática, está o estímulo à paciência, planejamento e raciocínio lógico

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Atualizado quarta-feira,
05 de Outubro de 2022 às 09:38

Estratégia e concentração: o xadrez aliado ao ensino
Torneio Estudantil de Xadrez reuniu mais de 260 estudantes na Escola Estadual de Ensino Médio Estrela. Crédito: Bibiana Faleiro
Estrela
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Concentração, estratégia e imaginação. Essas são as principais características desenvolvidas pelos chamados enxadristas, ou jogadores de xadrez. As habilidades puderam ser vistas entre os mais de 260 estudantes que estiveram à frente dos tabuleiros durante o 13º Torneio Estudantil de Xadrez de Estrela, na tarde de ontem.

O evento, sediado na Escola Estadual de Ensino Médio Estrela, retorna ao município depois de três anos. “É uma atividade que tem poucas competições em nível regional e estadual, então esta é uma oportunidade que oferecemos para as nossas escolas”, destaca o coordenador geral de esportes de Estrela, Julio Saldanha Pereira.

Nesta edição, o torneio reuniu representantes de 16 instituições de sete municípios. Entre eles, Viamão e Travesseiro. Aluno do Colégio Mauá, de Santa Cruz do Sul, Alexandre, 14, também participou, acompanhado pelo pai, Átila Kahmann Gener, professor de xadrez.

Para o profissional, a participação no torneio ressalta a empolgação das crianças e adolescentes com o esporte. Além disso, o professor ressalta o estímulo intelectual. “Ajuda muito a concentração, o foco, a organização do pensamento. Disciplinas como matemática e português ajudam muito”, afirma.

Na grade curricular

Formada em matemática e vice-diretora da Médio Estrela, Anelise Fell destaca que em algumas escolas do município, o xadrez fazia parte da grade curricular, durante um período da semana.

De acordo com a profissional, a atividade permite o desenvolvimento do raciocínio lógico. “Esse tipo de atividade desperta no aluno uma nova habilidade. Às vezes, em sala de aula, alguns não são expoentes, mas dentro do xadrez, conseguem desenvolver a organização do pensamento, e conseguem usar isso, inclusive, para melhorar seu desempenho”, destaca Anelise.

A vice-diretora também acredita que o xadrez cria uma ambiente sadio, e estimula a paciência. “Muitas vezes é difícil manter o aluno concentrado em uma atividade, muito pela questão do acesso à tecnologia, que dá a ele uma resposta muito imediata. Então treinar a paciência, o raciocínio, para nós, é uma ferramenta importante”, ressalta.

Também professores do município, Tiago Medina e Adenir Machado percebem que os alunos gostam da atividade. “O aluno que joga xadrez tem uma percepção de vida totalmente diferente. Isso é muito bom para o futuro. Nós, professores, incentivamos, mas precisamos de apoio”, alerta Medina.

Para os pequenos

Psicopedagoga clínica, Janete Ines Birck destaca que é possível trabalhar o xadrez nas escolas desde a Educação Infantil, com adaptações e simplificações. Um exemplo, é jogar com as próprias crianças como “peças” em um grande tabuleiro desenhado no chão. Desta forma, algumas noções básicas da prática já podem ser introduzidas.

Mas, nem sempre os estudantes se interessam pela prática. Assim, podem ser adotadas estratégias como a confecção das peças com material reciclável, tornando a criança protagonista da brincadeira.

Além do xadrez, a psicopedagoga também cita outras atividades benéficas ao desenvolvimento dos estudantes, como o Sudoku, com diferentes temáticas como letras, números e imagens.

Após hiato de três anos, evento chegou à 13ª edição e reuniu representantes de 16 instituições, de sete cidades. Crédito: Bibiana Faleiro

Desde criança

Rafael Bartholdy de Araujo, 16, teve o primeiro contato com o xadrez aos 7 anos, e é um exemplo dos benefícios do jogo ser estimulado desde cedo. Aos 13, aprendeu os movimentos básicos e descobriu que, para ganhar as partidas, era necessário ter estratégia.

Com pesquisas, entrou no mundo do xadrez e passou a se destacar nos torneios. Hoje, representa a Escola 20 de Maio nas competições. “Me apaixonei pelo jogo, porque não tem como decorar, temos infinitas jogadas. E, diferente de jogos que você depende da sorte, utilizamos táticas e estratégias”, destaca.

Rafael conta que, na escola, era sempre convidado a jogar com algum colega. Por vezes, também ensinava os amigos, para ter adversários no xadrez. “Não é um jogo muito conhecido e valorizado, principalmente no Brasil, em que as pessoas gostam mais de jogar futebol”, acredita.

Uma das alternativas encontradas pelo estudante é o jogo online. Entre eles, está o Chess.com, um dos sites mais conhecido entre os enxadristas, que recebeu mais de 378 mil jogos em março de 2020, no início do isolamento social.

Curiosidades no tabuleiro

A principal diferença entre o jogo atual e seu antecessor está no movimento das peças.

Em setembro de 1972, Bobby Fischer se consagrava Campeão Mundial de Xadrez, após derrotar o vencedor de 71, Boris Spassky. Os jogos entre os dois ficaram na história como um confronto simbólico da Guerra Fria, já que Spassky era da União Soviética e Fischer dos Estados Unidos. A partida final entre os dois atraiu um interesse midiático maior que qualquer outra partida de xadrez já disputada.

Existe um movimento denominado Roque em que um jogador pode movimentar duas peças simultaneamente. No início, era jogado por quatro adversários, cada um com oito peças: um rajá, um elefante, um cavalo, um navio e quatro infantes. Eles correspondem, hoje, ao rei, bispo, cavalo, torre e peões. A partida era jogada com dados e as peças valiam pontos quando capturadas.

Benefícios do Xadrez

  • Concentração: Para vencer, o jogador deve pensar nas jogadas à frente e fazer simulações do comportamento do adversário. Por isso, a atenção deve ser plena;
  • Paciência: É preciso esperar a jogada do adversário, sem se distrair. Em tempos de rápido acesso a tudo, esse é um comportamento valioso;
  • Criatividade: Cada peça tem um movimento único. A variedade de movimentos disponíveis também é um trunfo para a imaginação.

 

 

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