Arla chega aos 84 anos em alta, após se consolidar como cooperativa

O Meu Negócio

Arla chega aos 84 anos em alta, após se consolidar como cooperativa

Fundada em 24 de setembro de 1938, antiga associação rural mira o futuro e aposta no fortalecimento dos cooperados. Hoje, conta com associados em cerca de 70 municípios

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Arla chega aos 84 anos em alta, após se consolidar como cooperativa
Diretor e presidente da Arla destacaram trajetória e momento atual da cooperativa. Crédito: Mateus Souza
Lajeado

Com o objetivo de desenvolver a agricultura familiar da região por meio do associativismo, um grupo de pessoas fundou, em 1938, a Associação Rural de Lajeado (Arla). A instituição, com o passar das décadas, se consolidou na cidade e virou uma marca respeitada também na região. Há cinco anos, deu um novo passo para o futuro e se transformou em uma cooperativa.

Os 84 anos de trajetória da Arla Cooperativa, os desafios do setor, as inovações e as projeções para o futuro foram abordados em “O Meu Negócio”, programa multiplataforma do Grupo A Hora. Na ocasião, o presidente Orlando Stein e o diretor-geral Breno Aloísio Ely também destacaram o momento da associação.

Stein e Ely são oriundos de famílias de agricultores, de Lajeado e Santa Clara do Sul, respectivamente. E esse contato com o setor primário ainda na infância foi fundamental para ambos seguirem neste meio. Também auxiliou dentro da própria Arla, no relacionamento com clientes e produtores.

A criação de suínos teve um papel importante na formação de Stein. “Nós fomos pioneiros aqui. E a maior parte era vendido para o Paraná. Depois, se tomaram outros rumos”, lembra. O primeiro trabalho de carteira assinada foi na prefeitura. Depois, recebeu proposta da Minuano, onde trabalhou até 2013. Antes disso, ingressou na Arla e virou presidente pela primeira vez em 2000.

Por sua vez, Ely também ajudava a família na propriedade. Depois, trabalhou numa confeitaria, serviu ao Exército durante um ano, em Porto Alegre, e teve uma rápida passagem pela Secretaria Municipal da Fazenda antes de ingressar na Associação Rural de Lajeado. “Eramos entre poucos funcionários no começo. Já são mais de 40 anos de casa”, comenta.


ENTREVISTA – Orlando Stein • presidente da Arla e BRENO ALOÍSIO ELY • diretor-geral

Rogério Wink: Ter origens no meio rural facilita na conversa, no relacionamento com os associados?

Orlando Stein: Com certeza. Sou bem franco em dizer isso. Nosso foco sempre é o associado. Se o associado vai bem, a cooperativa também vai. Temos que gerar credibilidade, é um caminho que trilhamos. E também trabalhar com honestidade e humildade.

Wink: O Vale tem várias experiências vencedoras com cooperativas e algumas que tiveram dificuldades. Como você avalia a nossa posição atual?

Breno Aloísio Ely: Nós somos o Vale onde existe mais cooperados à nível de Brasil. É um modelo que nós temos certeza absoluta de que faz uma distribuição de renda mais justa. Os índices de desenvolvimento são mais altos onde há mais cooperativas presentes. E isso, de dificuldades, passa também pela gestão. Uma gestão séria, idônea e transparente é um modelo que só tem bons caminhos a serem buscados. Se bem aplicado, é um dos melhores modelos para desenvolvimento de atividades.

Wink: Quando surgiu a ideia de criar uma cooperativa dentro da Arla?

Stein: Quando eu integrei o quadro como presidente, e como vinha de uma empresa privada com sistema de cooperados, pensei: Por que a Arla não pode fundar uma cooperativa e ter a oportunidade de receber a matéria-prima do produtor também. A legislação não nos permitia adquirir produtos. Então, a única maneira era fundar uma cooperativa dentro da associação rural. Aí fundamos a Cooperval, em 2004, em Cruzeiro do Sul. Construímos os silos para receber o grão do produtor e a unidade.

Wink: E a transformação da Arla em cooperativa?

Stein: O que aconteceu naquele período? Não houve interesse de novos sócios se integrarem à associação rural. Então decidimos transformar a Arla também em uma cooperativa. Tivemos o apoio da Ocergs. Em dois anos, fizemos diversas assembleias extraordinárias, repassamos o patrimônio de R$ 40 milhões e, em 2017, inauguramos a Arla Cooperativa. A Cooperval virou uma filial.

Wink: Como é a atuação da Arla no agro?

Ely: Nosso carro-chefe é o agronegócio, que representa mais de 80% dos números. Temos a atuação no pré-porteira, que é quando o produtor vai adquirir seus produtos conosco, e o pós-porteira, que é o recebimento do que ele produz. Nós buscamos adquirir insumos como fertilizantes, sementes e defensivos para fomentar nosso cooperado. Hoje, os principais grãos com que trabalhamos são milho, soja e o trigo. Este último é uma cultura que cresce muito.

Wink: De onde são os associados da Arla?

Stein: Nós estamos em praticamente 70 municípios. Vem de Guaporé, Arvorezinha e desce para Estrela, Santa Clara, Teutônia, Forquetinha. Também estamos em cidades como Passo do Sobrado e Vale Verde, onde investimos recentemente, a pedidos dos associados que moram aqui e plantam naquela região. E temos uma localização estratégica, que é fundamental. Nossa missão maior é buscar conhecimento e disseminar aos nossos cooperados para que eles produzam mais.

Wink: E a loja, qual o segredo do sucesso?

Ely: A Matriz ajudou muito na ampliação das nossas atividades. Temos segmentado por linhas de produto, desde materiais de construção até o bazar. E temos hoje o setor pet, área que mais cresceu nos últimos anos. A diversificação é algo importante. As demais unidades hoje caminham com as próprias pernas, mas a matriz representa tudo. Muitos conhecem a Arla por causa dela.

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