Campeando as próprias origens

Opinião

Júlia Amaral

Júlia Amaral

Jornalista

Colunista do Caderno Você

Campeando as próprias origens

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Não houve dúvida sobre qual seria a pauta do Caderno desta vez. Mesmo que a Semana Farroupilha ocorra todo ano, ela sempre rende assuntos interessantes e pertinentes. Há sempre algo novo para descobrir sobre a cultura dos gaúchos.

Nessa semana, eu e a Bibiana fomos até o Acampamento Farroupilha de Lajeado e ouvimos a prenda Clarice Borges contar para os alunos do ensino fundamental sobre as pilchas e todas as normas que envolvem uma roda de chimarrão. Algumas crianças já sabiam muito sobre, outras pareciam admiradas.

Se eu fosse uma aluna, estaria no time dos admirados. E não é por falta de acesso à cultura. O domingo, na minha casa, é dia de churrasco, chimarrão e música nativista. Meu pai é um entusiasta da cultura gaúcha, junto da minha mãe. Minhas irmãs seguiram os passos e sempre se empolgam com o convite pra um fandango.

Mesmo assim, cada uma das práticas, seja o churrasco, o chimarrão ou as vestimentas, carregam muita história – e muitas delas eu não conhecia. Além do mais, cada detalhe do vestido de uma prenda, do lenço do peão, da erva-mate, é explicado com excelência dentro de um CTG.

Durante a fala, a prenda lembrou do quanto é comum repetirmos esses hábitos, quase sem pensar. É a nossa cultura. Ainda que eu e as crianças admiradas com as falas da prenda não sejamos tão envolvidas com o tradicionalismo, ele faz parte da gente e nem sentimos.

Por exemplo, quando estive no Rio de Janeiro, eu e um grupo de estudantes gaúchos oferecemos o chimarrão para os colegas do Rio Grande do Norte. Muitas dúvidas surgiram: “vocês tomam em qual contexto?” e algumas expectativas foram frustradas: “parece um chá. Só isso”. E ninguém soube explicar bem o porquê daquele costume tão forte e amado.

Tomamos chimarrão sempre, sem precisar de contexto. Sim, era um chá. Mas… É mais do que isso. Existem coisas que são nossas, da nossa gente, e que não se perdem. Talvez elas sofram algumas alterações com o passar dos anos, mas seguem conosco.

Há muito da cultura gaúcha que não está no compasso da sociedade contemporânea, é verdade. Mas a boa essência, àquele que segue fazendo sentido, não se perde. Nem em mim, nem nas crianças admiradas com as falas da prenda.

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