Há quem ainda hoje acredite que fazer terapia seja motivo de vergonha. Não sei exatamente o que justifica esse constrangimento, mas imagino que seja algo relacionado a admissão da fraqueza. Precisar de ajuda é coisa de gente fraca, então, é melhor engolir o choro e seguir adiante com a saúde mental abaixo de zero.
Mais cedo ou mais tarde, a negligência com os sentimentos aparece no corpo. Engolir choro demais faz mal para saúde. Não reconhecer a própria vontade de chorar, então, é ainda pior. A verdade é que muita gente foi criada com a ideia de que falar sobre os sentimentos é perder tempo.
Pois bem. Hoje, o Brasil lida com uma das juventudes mais depressivas de sua história. Agravada pela pandemia, que fez com que todos precisassem lidar com o luto, coletivo ou individual, a tristeza se tornou diária, crônica, recorrente. A falta de perspectiva de um bom futuro piorou a situação.
O que fazer diante dessa epidemia? Como falar sobre ela de forma sensível, que não seja invasiva, mas efetiva? Há quem encontre essas respostas na arte. Essa semana, conversei com um fotógrafo manauaro que sentiu a necessidade de expor seus trabalhos aqui, em Lajeado, seu novo lar.
As fotos são, no mínimo, provocadoras. A partir delas é possível iniciar uma conversa sobre algo que muitas vezes não encontramos palavras. Marcelo, o fotógrafo, utilizou seu talento com as lentes para sensibilizar o público sobre um assunto mais do que atual, urgente. Que alegria encontrar gente assim.
Produzir a reportagem deste final de semana me lembrou de um caminho possível para esse Setembro Amarelo: usar a arte para abraçar quem necessita de carinho e espaço para falar. São muitos os filmes, livros, séries e demais obras que nos ajudam a encontrar as palavras certas.
Um futuro melhor, entre tantas coisas, passa por pessoas saudáveis que vivem em comunidades amorosas. Julgar menos e acolher mais é uma boa saída.