Doenças  emergentes e reemergentes

Opinião

Hugo Schünemann

Hugo Schünemann

Médico oncologista e diretor técnico do Centro Regional de Oncologia (Cron)

Doenças emergentes e reemergentes

Por

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As doenças fazem parte da história da humanidade. Algumas são velhas conhecidas e combatidas há anos, outras são descobertas recentes e enfrentam o desconhecimento como dificuldade para o seu combate.

A descoberta da penicilina, em 1928, descortinou um mundo novo e abriu inúmeras possibilidades no tratamento das infecções causadas por bactérias. Inúmeras doenças infecciosas passaram a ter tratamento e cura e ingressaram em um patamar de importância secundária.

No caso de infecções virais, a vacinação da população alvo mostrou-se extremamente eficaz no controle e erradicação de muitas doenças que eram um verdadeiro flagelo para a humanidade. Mas as coisas não andaram conforme o esperado…

Doenças há anos adormecidas voltaram a preocupar. E, para complicar, surgiram novas, que trouxeram impactos gigantescos à sociedade. No caso da sífilis, tratada pela penicilina desde sempre, a queda nos cuidados nas relações sexuais – leia-se uso de preservativo – trouxe a doença para novos patamares, vistos apenas lá longe no passado. Da mesma forma, a aids volta ao radar com o aumento da maioria de casos pela mesma razão, relaxamento nos cuidados com o sexo. A mortalidade desta doença é de até 13%.

Doenças como sarampo, que estava erradicada desde 2016, voltou a causar preocupação já em 2018, com a entrada de venezuelanos não vacinados no Brasil. É uma doença que pode evoluir para condições graves, e cuja mortalidade é de 0,5%.

A poliomielite, que causa paralisia infantil, foi considerada erradicada em 1994, após inúmeras campanhas de vacinação providenciadas pelo governo. Estima-se que 2/10 das crianças afetadas morrem. Voltou ao radar agora, no rastro de uma ampla discussão sobre vacinas – coisa nunca vista no Brasil – que envolveu a covid-19. A desconfiança da vacina desta doença trouxe queda na taxa de vacinação global.

A dengue, que foi controlada em 1995 com a erradicação de seu vetor, o mosquito, voltou a ser um problema em 1980, 2015 e 2021, com mais de 60 mil pessoas infectadas (em 2019 houve 840 mortes).

A pandemia de covid-19 nos mostrou o risco ao qual estamos expostos, no contato com os vírus novos. No Brasil quase 700 mil pessoas perderam a vida por conta dessa enfermidade, mas felizmente as vacinas já alcançaram 170 milhões de brasileiros.

Ouvimos agora um surto de varíola dos macacos – que não é passada por macacos, mas sim de humanos para humanos e cujo reservatório original são roedores africanos. A doença assusta por remeter à varíola humana, extinta desde 1979 e cuja mortalidade era de 30%.

Na nova varíola a mortalidade gira entre 3% e 6% e, embora exista vacina, o laboratório que as produz só tem condições de produzir 30 milhões de doses/ano, algo muito abaixo do necessário. A doença ainda é uma incógnita e os governos ainda discutem qual a melhor estratégia para este enfrentamento.

O controle dessas doenças passa por várias etapas: campanhas de esclarecimento sobre os riscos de transmissão; reforço nas campanhas para uso de preservativos; campanhas de vacinação massiva; acompanhamento de fluxo migratório e de viajantes para áreas de risco.

Essas medidas não vão resolver tudo, mas ajudam. Certamente novas doenças virão e, com elas, novos desafios. Mas, com planejamento, divulgação das vacinas e cuidados, podemos fazer frente a estes desafios. Afinal, a vida é o que importa.


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