Campanha começa hoje em meio a polarização e rigor contra “fake news”

Eleições 2022

Campanha começa hoje em meio a polarização e rigor contra “fake news”

Candidatos terão 45 dias para convencer os eleitores. Eleição geral deste ano será a primeira sem as coligações proporcionais e tem as federações como novidade. Confira as regras do período, o que pode e o que é proibido

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Atualizado terça-feira,
16 de Agosto de 2022 às 15:59

Campanha começa hoje em meio a polarização e rigor contra “fake news”
Crédito: Divulgação
Brasil
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Caminhadas, distribuição de santinhos, engajamento nas redes sociais e comícios. Atos que compõem uma campanha eleitoral.

A partir de hoje, os candidatos estão autorizados a pedir votos aos eleitores em todo o país. Serão 45 dias de permissão para as atividades até o dia 2 de outubro, data do primeiro turno das eleições gerais deste ano.

Na esfera nacional, 12 nomes se lançaram à corrida presidencial. Já a disputa ao governo do Rio Grande do Sul terá 11 candidatos, enquanto oito concorrem ao Senado.

A busca por cadeiras nos parlamentos aponta 526 postulantes à Câmara dos Deputados e 799 à Assembleia Legislativa, segundo dados do sistema DivulgaCand. No Vale do Taquari, 23 candidatos disputam o voto dos 287 mil eleitores regionais.

Esta será a primeira eleição geral após o fim das coligações aos cargos legislativos. A medida entrou em vigor no pleito de 2020, quando eleitores escolheram prefeitos e vereadores dos seus municípios. Por outro lado, a disputa deste ano marca a estreia das federações partidárias, uma nova forma das siglas atuarem de forma unificada.

Conforme o advogado Fábio Gisch, especialista em Direito Eleitoral, as federações se mantém pelos próximos quatro anos, diferente de uma coligação.

Na prática, as siglas atuam como um partido único e dividem os recursos do Fundo Partidário e também o tempo de propaganda no rádio e na televisão.

“Antes, uma coligação durava para uma campanha, mas depois não tinha valor jurídico algum. Hoje, com as federações, se monta um grupo. É como um partido unido para todo um mandato”, explica.

Vale lembrar que a cláusula de barreira, aprovada pelo Congresso em 2017, impõe uma quantidade mínima de votos para partidos terem acesso ao fundo e propaganda gratuita.

Cada vez mais digital

Até 2014, as campanhas eleitorais duravam 90 dias. Foram reduzidas pela metade a partir de 2016. Porém, Gisch lembra que surgiu a chamada “pré-campanha”, onde os possíveis postulantes aos cargos nas eleições circulam praticamente como candidatos. “Temos pessoas que viajam pelo RS há dois anos. Só não podiam pedir voto. Apenas no período de campanha”, ressalta.

Para o advogado, as sucessivas mudanças nas regras eleitorais tendem a tornar as campanhas cada vez mais digitais. Nisso, cresce a importância de um bom trabalho de marketing. “A última para deputado foi assim, pois o candidato não consegue visitar todo o estado. Vejo a campanha nas redes como um diferencial e algo cada vez mais essencial.

Gisch estima que, com o novo código eleitoral prestes a ser discutido, em oito anos, “dificilmente veremos campanha visual de rua”. Acredita que bandeiras e santinhos não serão proibidos, mas vão cair em desuso pelos candidatos.

“Hoje, carro-som só é permitido junto às carreatas. Há restrições nos adesivos para carros e até nas residências. Aqueles cavaletes não pode mais, nem em área particular. E os comícios continuam liberados, mas hoje são pouco comuns”, comenta.

Postura rigorosa

A Justiça promete uma postura mais rigorosa contra a desinformação ao sistema eleitoral brasileiro. Em entrevista à Rádio A Hora ontem, no programa Frente e Verso, o promotor de Justiça do RS e membro auxiliar da Procuradoria-Geral Eleitoral, Rodrigo Lopes Zilio destaca a segurança da urna eletrônica, utilizada em 14 eleições.

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Zilio entende que há um desconhecimento genuíno do funcionamento das urnas por parte de muitas pessoas. “Mas o que combatemos é a desinformação orquestrada, de colocar o processo em dúvida, com alguma finalidade obscura que pode comprometer o próprio estado democrático de direito. Aqueles que trabalham dessa forma serão responsabilizados nos termos fixados pela lei”, explica.

Natural de Encantado, Zilio reforça que “não existe sistema inquestionável” e ressalta que o modelo adotado no Brasil é considerado referência para o mundo.

“Todos podem ser aperfeiçoados. Mas o contexto do Brasil é um contexto não racional de debate. Muitos não estão interessados na verdade”.

Polarização

A disputa para presidente tem 12 candidatos confirmados. Mas a polarização domina os debates sobre o futuro do país. No campo da direita, está o atual presidente e candidato a reeleição, Jair Bolsonaro (PL).

Do lado oposto, aparece o ex-presidente e principal nome da oposição, Lula (PT). Acontecimentos recentes ajudaram a acirrar os ânimos entre as duas candidaturas.

O cientista político Rodrigo Drebes avalia que o período será difícil sob diversos aspectos. Acredita que serão vistas muito mais “fake news” e difamações nesta campanha do que em outras ocasiões.

“Será um verdadeiro período de caça às bruxas. As lideranças possuem um papel fundamental, também, na administração das passionalidades que surgem nestes momentos. É esperar e torcer pelo bom senso, quase inexistente nos dias de hoje”, afirma.

Desde a redemocratização do país, esta será a nona eleição direta para presidente. E, conforme Drebes, nunca se chegou a um momento de tensão como o atual. Independente de quem vencer, acredita que será necessário um maior diálogo entre Executivo e Legislativo e um apaziguamento das divergências com o Judiciário.

“Afirmo isso pelo simples fato de que temos, no Brasil, um congresso extremamente volátil e com diversas legendas, sendo necessário atingir um grau mínimo de coalizão para formação de um governo estável”.

Drebes projeta, também, que a sociedade permanecerá num ambiente de polarização. “Isto significa que os conflitos ideológicos permanecerão. Sua forma e manifestação, contudo, dependerão das circunstâncias gerais do país”.


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