Ausência e recusa de moradores desafiam coleta de dados do Censo na região

DIFICULDADES NO PROCESSO

Ausência e recusa de moradores desafiam coleta de dados do Censo na região

Agentes do IBGE indicam que, em 39,6% das casas visitadas, não foram atendidos, e 1,8% dos moradores se negaram a responder o questionário. Percentual preocupa responsáveis e pode comprometer pesquisa demográfica

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Atualizado sábado,
13 de Agosto de 2022 às 12:51

Ausência e recusa de moradores desafiam coleta de dados do Censo na região
Crédito: Felipe Neitzke/Arquivo Grupo A Hora
Vale do Taquari

Os recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciaram em 1° de agosto a coleta de dados do Censo Demográfico 2022. Nesses primeiros dias visitaram 5,8 mil dos 98,5 mil domicílios em 24 cidades da regional de Lajeado. Em 2,3 mil residências não encontraram o morador e 36 pessoas abordadas se negaram a responder o questionário.

Entre os motivos citados pela recusa, estão o receio de contágio por covid, desconfiança e cenário político. Novas tentativas serão feitas para coletar as informações. O supervisor de área também fará a visita ao local e como última opção o preenchimento pela internet, a partir de chave de segurança fornecida pelo recenseador.

Além disso, o Censo 2022 enfrenta dificuldades por conta da falta de profissionais. Dos 272 previstos para a região, 179 foram contratados. Outros 21 desistiram após o treinamento ou na primeira semana de trabalho. Um novo processo seletivo recebeu 150 inscrições, dos quais serão chamados para preencher 93 vagas.

Outro entrave que marcou o início da pesquisa foi o atraso no pagamento da ajuda de custo aos profissionais durante o treinamento. A justificativa do instituto é de problemas técnicos no processamento das contas para depósito. A expectativa é que o recurso de até R$ 200 por recenseador seja pago nos próximos dias.

De acordo com o IBGE esse atraso atingiu alguns profissionais e não tem relação com a disponibilidade de recursos e sim por falhas em processo administrativo. Em relação aos novos contratados para a região, a lista dos classificados no processo seletivo complementar será divulgada na próxima semana.

Recusa ao Censo

O número de pessoas que não querem responder os questionários é considerado alto. “Nesses primeiros dias de pesquisa foram pelo menos 36 moradores que se recusaram a informar os dados. Essa quantidade é superior a todo o período do Censo 2010”, observa o coordenador regional do IBGE, Paulo Hamester.

O gestor do Censo lembra que os recenseadores fazem até quatro visitas ao mesmo imóvel. Caso o morador não seja localizado uma nova tentativa é feita pelo supervisor de área e por último encaminhada uma notificação. Hamester lembra de lei federal sobre a obrigatoriedade em prestar informações ao instituto.

A legislação prevê inclusive multa de até dez vezes o valor do salário mínimo, quando primário, e até o dobro do valor em caso de reincidente. “Não é nosso objetivo penalizar o morador, mas de fato existe esse amparo legal para o trabalho do IBGE”, reforça Hamester.

Desafios aos agentes

A aposentada Rosane Vedoy da Silva, 46, começou nessa sexta-feira, 12, a coleta de dados no bairro Jardim do Cedro, em Lajeado. Esta é a primeira vez que atua como recenseadora. Das cinco primeiras casas visitadas apenas em um dos imóveis obteve êxito em aplicar o questionário.

“É difícil encontrar as pessoas durante o horário comercial, por isso vou dedicar mais tempo aos fins de semana e à noite. Outra dificuldade é o cenário de pandemia, as pessoas estão mais receosas”, comenta.
Nesse primeiro dia de trabalho Rosane teve o acompanhamento da supervisora.

Em um mês a expectativa é obter as informações quanto ao perfil dos moradores de 350 residências. “Nesse bairro acredito que seja mais tranquilo fazer o Censo. Moro aqui faz mais de 30 anos e conheço bem as pessoas. Mas sei de colegas que estão com mais dificuldade de acessar os moradores, inclusive nos prédios.”

Alerta à população

Outro fator que gera preocupação e atrapalha o processo do Censo é a aplicação de golpes a partir da imagem do instituto. Durante a semana, em entrevista à rádio A Hora a delegada regional da Polícia Civil, Shana Luft Hartz, fez o alerta da importância em verificar a identificação do recenseador.

Segundo ela, além dos crimes virtuais em crescente desde 2019, criminosos se aproveitam desse momento para fazer mais vítimas. “Sempre desconfie e faça a verificação a partir das credenciais de quem estiver batendo à sua porta. O próprio IBGE desenvolveu algumas ferramentas onde o morador pode conferir a legitimidade do profissional”, alerta.

Além do colete, boné e crachá com as marcas do instituto e dados sobre o recenseador, a pessoa abordada pode conferir por meio de contato telefônico ou QR Code a identidade do agente do Censo.

Primeiros dias de pesquisa

  • 5,8 mil residências visitadas
  • 3,4 mil questionários aplicados
  • 2,3 mil imóveis com morador ausente
  • 36 pessoas recusaram

Recenseadores na região

  • 272 é a demanda do Censo
  • 179 contratados
  • 21 desistiram
  • 93 vagas


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