Região tem 441 taxistas cadastrados para receber auxílio

Especial

Região tem 441 taxistas cadastrados para receber auxílio

Benefício emergencial deve injetar mais de R$ 2,6 milhões na economia regional até dezembro. Programa também prevê repasses a caminhoneiros autônomos. Medida do governo federal divide opiniões por conta do período eleitoral

Por

Atualizado quarta-feira,
10 de Agosto de 2022 às 08:17

Região tem 441 taxistas cadastrados para receber auxílio
Parcelas aos taxistas começam a ser pagos na próxima semana com depósito em conta poupança digital. Valor pode ser movimentado no aplicativo Caixa Tem. Crédito: Felipe Neitzke
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

As duas primeiras parcelas do auxílio emergencial para taxistas começam a ser pagas na próxima terça-feira, 16. Em cada etapa são até R$ 1 mil por profissional do setor. A expectativa é que o benefício seja mantido até dezembro e os valores variem conforme a quantidade de inscritos em todo o país.

Na região, de acordo com os dados dos municípios, são pelo menos 441 taxistas aptos ao benefício. Tem direito ao recurso os permissionários e auxiliares com alvarás expedidos até 31 de maio. A transferência dos dados é feita pelos governos municipais sem a necessidade de qualquer ação por parte do taxista.

Para atender a demanda, a União criou três períodos de envio das informações a fim de possibilitar a análise e o cruzamento dos dados recebidos. Após receber o relatório dos municípios, a Dataprev identifica os profissionais elegíveis a receber o benefício. Em caso de dúvida sobre a situação cadastral, o motorista do táxi deve entrar em contato com o setor de alvarás de sua cidade.

Os municípios que não conseguiram atender o prazo na primeira oportunidade tem nova chance de inscrever motoristas até o dia 15 e uma última possibilidade entre 30 de agosto e 11 de setembro. O benefício somente será pago a quem estiver em regular e efetivo exercício da atividade e com CPF e CNH também regulares.

Criado a partir de emenda constitucional, o programa estabelece estado de emergência por conta da alta do preço dos combustíveis. A estratégia do governo federal também beneficia caminhoneiros e amplia outros auxílios emergenciais. A PEC dos Benefícios, apelidada de “Kamikaze” foi promulgada no mês passado e divide opiniões por conta do período eleitoral.

R$ 2,6 milhões no Vale

O pagamento das parcelas aos motoristas de táxi representa cerca de R$ 2,6 milhões até o fim do ano no Vale do Taquari. A economista e vice-presidente do Codevat, Cintia Agostini, considera não haver impacto na economia regional com a liberação dos recursos, mas sim na vida das pessoas. “O processo inflacionário reflete cada vez mais na renda das famílias e faz com que o custo não seja compatível com os ganhos.”

Ela atribui esse cenário às recorrentes mudanças no mercado internacional. “O auxílio não vai resolver os problemas econômicos, mas consegue dar um alívio”, reforça. Cintia reitera a importância das políticas públicas, mas também destaca a necessidade de ações de governo que possam contribuir para uma melhora na dinâmica econômica do país.

“Os auxílios são temporários, no caso dos valores aos taxistas e caminhoneiros, vão até dezembro”, alerta a economista. Além de uso para incentivar o consumo, o valor também deve ser usado para pagar contas. “Há cada vez mais pessoas endividadas no país, e esse valor pode amenizar a situação.”

Cintia avalia ainda, que apesar do debate político em torno da liberação dos recursos, se trata de uma medida emergencial necessária. “É óbvio que há apropriação e crítica eleitoral, é do jogo, fora isso e independente de governo, a população empobreceu e precisa de ajuda.”

Perda de renda

“Chegava a tirar R$ 5 mil por mês com as corridas, hoje caiu para R$ 1 mil”, conta o taxista Ermínio Reichert, 64. Ele tem ponto fixo na rodoviária de Lajeado faz 23 anos e convive com a menor demanda e alta nos custos.
Da rotina com mais de 40 viagens ao dia, Reichert atende em média oito passageiros. “Trabalhava 24 horas para dar conta do serviço. Praticamente não parava no ponto e assim era com os demais colegas. Agora, ficamos a maior parte do dia à espera de um cliente.”

Além da dificuldade pela falta de passageiros, enfrenta a disparada no valor dos combustíveis e manutenção do veículo. “Eu uso um veículo alugado, se fosse para comprar e pagar financiamento não teria condições.”
Para ele, o auxílio chega em um momento necessário.

Reichert é permissionário e acreditava não ter direito ao benefício. Ao saber da possibilidade procurou a administração municipal para verificar sua situação cadastral. “Durante o pior momento da pandemia tive acesso a outro auxílio do governo, não resolveu o orçamento da família, mas ajudou.”

Ermínio Reichert, 64, é taxista em Lajeado há 23 anos. Auxílio ajuda a complementar a renda média mensal de R$ 1,3 mil. Crédito: Felipe Neitzke

Demanda e legislação

Com população estimada em 3,4 mil habitantes, Nova Bréscia tem dez taxistas. Pela lei municipal é permitida a concessão para um profissional a cada 500 habitantes no perímetro urbano e um por localidade do interior.

De acordo com o oficial administrativo, Marcos Giovanaz, a demanda pelo serviço reduziu de forma significativa. “Quase todas as famílias têm veículo próprio, o que torna dispensável o serviço de táxi ou até mesmo o transporte coletivo.”

A legislação que regula o serviço varia entre as cidades. Em Lajeado, conforme o coordenador de Trânsito, Vinícius Renner, não há o regramento da quantidade de táxis no município. Ao mesmo tempo, há maior concorrência com motoristas de aplicativos. “Está em elaboração um levantamento para identificar e cadastrar esses profissionais.”

O objetivo com a decisão é evitar abusos e fazer cumprir as regras gerais sobre o transporte público. “Ainda é preciso avançar no debate sobre o transporte por aplicativo, falta uma lei própria do município”, destaca Renner.

Pagamentos aos caminhoneiros

Os motoristas de carga autônomos começaram a receber ontem as duas primeiras parcelas do benefício. O dinheiro é depositado nas contas poupança sociais digitais e poderá ser movimentado por meio do aplicativo Caixa Tem. As entidades que representam a categoria não têm dados sobre quantos serão beneficiados no Vale do Taquari.

De acordo com o vice-presidente de transportes do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística do Rio Grande do Sul (Setcergs), Diego Tomasi, na região são poucos os profissionais que se enquadram nos requisitos. “A maioria trabalha nas transportadoras ou tem empresa registrada, o que inviabiliza o acesso ao recurso.”

O controle dos beneficiários é feito por meio da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e Ministério do Trabalho e Previdência. Para que o motorista de caminhão tenha acesso é preciso verificar a situação cadastral no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas.

CADASTRADOS NO AUXÍLIO EMERGENCIAL POR MUNICÍPIO

ANTA GORDA  – 12

ARROIO DO MEIO  – 31

ARVOREZINHA – 13

BOM RETIRO DO SUL –  26

BOQUEIRÃO DO LEÃO – 5

CANUDOS DO VALE – 2

CAPITÃO – 6

COLINAS – 8

COQUEIRO BAIXO – 2

CRUZEIRO DO SUL -7

DOIS LAJEADOS – 2

DOUTOR RICARDO – 4

ENCANTADO – 52

ESTRELA – 26

FAZENDA VILANOVA – 3

FORQUETINHA – 1

ILÓPOLIS – 6

IMIGRANTE – 2

LAJEADO – 55

MARQUES DE SOUZA – 4

MATO LEITÃO – 7

NOVA BRÉSCIA – 10

PAVERAMA – 3

POÇO DAS ANTAS – 2

POUSO NOVO – 3

PROGRESSO – 9

PUTINGA – 6

RELVADO – 8

ROCA SALES – 38

SANTA CLARA DO SUL – 9

SÉRIO – 3

TABAÍ – 11

TAQUARI – 38

TEUTÔNIA – 23

TRAVESSEIRO – 1

VESPASIANO CORRÊA – 0

WESTFÁLIA – 3

TOTAL NO VALE: 441

*Município de Muçum não informou os dados. 


Acompanhe nossas redes sociais: WhatsApp Instagram / Facebook

Acompanhe
nossas
redes sociais