“Lajeado mudou muito. Há 70 anos, era tudo estrada de terra, com uma e outra casa”

Abre Aspas

“Lajeado mudou muito. Há 70 anos, era tudo estrada de terra, com uma e outra casa”

Natural de Lajeado, Maria Lúcia Straatmann, 78, entrou como aluna no Colégio Madre Bárbara em 1946. Conhecida como “Fuca”, nasceu e cresceu na casa que hoje abriga as Irmãs do ICM. Nas quase oito décadas de vida, a professora Maria Lúcia presenciou a completa transformação da cidade.

Por

“Lajeado mudou muito. Há 70 anos, era tudo estrada de terra, com uma e outra casa”
Crédito: Arquivo Pessoal
Lajeado
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Quando começou a sua história com o Colégio Madre Bárbara?

A minha família morava na casa que hoje pertence às Irmãs do Madre Bárbara, ali na Borges de Medeiros. Eu nasci naquela casa e já aos dois anos de idade comecei a estudar no Jardim de Infância do colégio, em 1946. Me formei na Escola Normal como professora de anos iniciais, aos 18 anos de idade, em 1962.

Por que você escolheu ser professora?

Na década de 1960, as mulheres não tinham muitas opções. Eu sempre tive um carinho muito grande pela escola, então achei que seria uma boa ideia. O início foi muito desafiador. Eu trabalhava numa escola em Mariante, no interior de Venâncio Aires, e não tinha experiência nenhuma. Naquela época, eu dei aulas à noite também, para adultos.

Como era lecionar 50 anos atrás?

Eu comecei a dar aulas no Madre Bárbara em 1967, naquela época, os alunos levantavam quando a professora entrava na sala. A mesa ficava numa espécie de palquinho, para mostrar a hierarquia. Foram raras as vezes que fui desrespeitada como professora.

Naquele tempo, o colégio era só para meninas, então vários rapazes costumavam subir nas árvores da quadra, só para ver as moças no pátio. Quando aluna, eu participei da banda da escola e depois, como professora, ajudei a formar o coral do Madre Bárbara.

Você nasceu há quase 80 anos. Como enxerga a transformação de Lajeado?

A cidade mudou muito. Quando eu era pequena, achávamos que o hospital ficava longe, apesar de estar no mesmo local que é hoje. Naquele tempo, tudo era estrada de chão, tinha muito mato, poucas casas, então a distância parecia muito maior. Eu também presenciei o incêndio na Igreja Matriz, em 1954. Naquele tempo,

Lajeado não tinha bombeiros, era a comunidade que fazia tudo. Lembro que fizeram uma fila grande e passavam de mão em mão os baldes de água para chegar até o incêndio. Foi dessa forma que contiveram o fogo e ele não consumiu o Castelinho.

O que mais você conta sobre a cidade?

Depois da Escola Normal, eu também fiz faculdade no que hoje é a Univates. Fui da primeira turma que estudou no Prédio 1, que recém tinha sido construído. Naquela época, a Univates ficava numa área rural e tinha um galinheiro nas proximidades. No verão, não podíamos abrir as janelas, porque o fedor era terrível. Além disso, todos fumavam em sala de aula, o ar chegava a ser turvo nos ambientes.

Por que o seu apelido é Fuca?
Quando mais nova, eu era muito ligada à minha madrinha, e ela tinha um filho que morria de ciúmes de mim. Naquela época, havia uma senhora na cidade que chamavam de “Bruxa Velha Fuca”. Então, ele começou a me chamar de Fuca, por causa do significado pejorativo. Mais tarde, quando ele foi morar em São Paulo, o ciúmes dele aumentou, porque minha madrinha ficou por aqui. Então, com o tempo, o apelido foi pegando, mas sempre fui muito tranquila com isso.

 

 

 

 

 

 


Acompanhe nossas redes sociais: WhatsApp Instagram / Facebook

Acompanhe
nossas
redes sociais