Diagnóstico tardio dificulta tratamento do déficit de atenção

NOSSOS FILHOS

Diagnóstico tardio dificulta tratamento do déficit de atenção

Quase 8% do público infantil e adolescente no país tem o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Doença ainda é pouco debatida na sociedade

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Diagnóstico tardio dificulta tratamento do déficit de atenção
TDAH acomete quase 8% das crianças e adolescentes do país e pode causar consequências severas. Crédito: Divulgação
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Desconhecimento da população, preconceito e diagnóstico tardio. Situações que tornam o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) uma patologia de difícil tratamento. Ela acomete quase 8% das crianças e adolescentes do país e pode causar consequências severas para a vida dessas pessoas.

A doença foi o tema central da edição dessa quinta-feira de “Nossos Filhos”, programa multiplataforma do Grupo A Hora. Na ocasião, a psicopedagoga Maria Isabel Lopes e o médico pediatra Bruno Borba responderam dúvidas de ouvintes e também abordaram detalhes do transtorno, além de indicar formas de tratá-la.

Conforme Borba, a TDAH entrou no cotidiano da população nos últimos anos, sobretudo durante a pandemia de covid-19. Isso porque muitas famílias deixaram de levar seus filhos às consultas por um longo período. Porém, no retorno, se percebeu uma incidência de casos, com a volta das aulas presenciais.

Já Maria Isabel explicou uma situação bastante comum percebida nas escolas. “A criança passa um ano inteiro com aulas online. E, quando volta, tem um nível de exigência muito grande. Estuda para a prova e, chega na hora, e tem um branco, como costumamos falar. Isso é por ansiedade ou pelo déficit de atenção? É só pensar no que aconteceu. São muitos diagnósticos tardios”, frisa.

Diagnóstico difícil

O diagnóstico do TDAH é considerado complexo e deve ser feito por profissionais qualificados, como psiquiatras e psicólogos. E, Maria Isabel, salienta que geralmente os sintomas ocorrem em mais de um ambiente. “Os mesmos sintomas de desatenção na escola também devem ser notados no convívio familiar, ou no grupo de amigos”, ressalta.

Essa dificuldade no diagnóstico leva muitos pais, segundo a psicopedagoga, a tratar a situação com naturalidade, o que pode agravar o transtorno. “É preciso ter um cuidado muito grande da forma como se estereotipa. O não tratamento ou diagnóstico tardio pode gerar prejuízos à vida da criança, adolescente ou do adulto”.

É justamente na fase escolar em que acontece a maior parte dos atendimentos, geralmente devido ao desempenho nas aulas e provas. “Mas o professor nunca vai fazer esse diagnóstico. Isso não cabe a nós. Os professores, muitas vezes, não tiveram na formação inicial da licenciatura, discussões sobre o transtorno do neurodesenvolvimento”, pontua Maria Isabel.

Tratamento

Segundo Borba, a base para o tratamento da pessoa com TDAH deve ser multidisciplinar e o modo varia conforme a faixa etária. “Pode ser que precise de um tratamento a vida inteira, mas tem que manter um cuidado. Isso tudo em prol da qualidade de vida dela. Parece pesado, mas se não tratar, vai ser muito pior”.

O tratamento pode exigir medicação, terapia ou as duas de forma combinada. A psicopedagogia, nestes casos, trabalha com a estimulação cognitiva e comportamental do paciente, para que ele consiga prestar atenção seletiva, alternada e sustentada.

Isolamento

A dificuldade das famílias em lidarem com as situações envolvendo os filhos com TDAH levam, em muitos casos, ao isolamento da criança ou adolescente. “É algo muito prejudicial, tanto na busca do tratamento quanto do desenvolvimento cognitivo e social. E ainda acontece com bastante frequência”, reitera Borba.

Maria Isabel vai além. Diz que muitas famílias confundem a TDAH com a falta de limite aos filhos, e isso também pode gerar sérias consequências. “Aí entra em outra fase. A evitação da família em expor a criança em ambientes sociais diversos. Evita sair com ela por ter um comportamento inadequado”.

18 sintomas compatíveis com quadro de TDAH

• Não consegue prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas;

• Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer;

• Parece não ouvir quando se fala diretamente com ele;

• Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas ou obrigações;

• Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades;

• Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço mental prolongado;

• Perde coisas necessárias para atividades;

• Distrai-se com estímulos externos;

• É esquecido em atividades do dia-a-dia;

• Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira;

• Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentado;

• Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em situações em que isto é inapropriado;

• Tem dificuldade em brincar ou se envolver em atividades de lazer de forma calma;

• Não consegue ficar parado ou frequentemente está a “mil por hora”;

• Fala em excesso;

• Responde às perguntas de forma precipitada antes delas terem sido terminadas;

• Tem dificuldade de esperar sua vez;

• Interrompe os outros ou e intromete com frequência.


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