O bloqueio atmosférico que atua sobre a região confere tardes de calor acima da média para esta época do ano e impede o ingresso de frente fria. Somente a partir de quinta-feira, 28, é que devem ocorrer mudanças nas condições do tempo. Após a chuva, tendência de redução de temperatura para marcas próximas de 0ºC.
Essa variação abrupta além de prejudicial à saúde, sobretudo ao sistema respiratório, também oferece risco à produção agrícola. Com o incremento de áreas de trigo, floração precoce de frutíferas e até mesmo a semeadura antecipada de milho, a ocorrência de geada entre agosto e setembro pode provocar perdas nas lavouras.
Embora não sejam atípicos os dias de calor durante o inverno, meteorologistas indicam para um período prolongado desse fenômeno este ano. Entre as justificativas, os impactos do aquecimento global. Essas alterações tendem a se repetir durante o verão.
De acordo com o agrometeorologista, Marcelino Hoppe, o Sul do país passa a ter as características do clima tropical. Esse padrão da área central do Brasil tem como diferencial, períodos secos mais prolongados e noites mais quentes. Mesmo assim, devem ocorrer dias de frio mais intenso e formação de geada nos próximos meses.
“A impressão é que o clima do Centro do país se expandiu. Isso de certa forma auxilia a região com maior volume de chuva durante o verão, ao mesmo tempo que vamos ter picos de calor com marcas acima de 40°C”, observa Hoppe.
Para esta semana, com a virada no tempo há ainda alerta ao risco de temporais, com vento e queda de granizo. Essa precipitação deve acontecer entre quinta e sexta-feira, e por consequência o fim de semana será de frio com máximas abaixo de 15°C.
Danos na agricultura
A valorização do trigo incentiva o aumento de área do cereal na região. Pelo segundo ano consecutivo, produtores incrementam lavouras para o cultivo de inverno como uma forma de minimizar perdas com a estiagem nas safras de milho e soja.
Agora, a semeadura atrasada pelo excesso de chuva no mês de junho pode refletir no porte da planta e risco de perdas em caso de geada tardia. “Há perda de produção quando houver a formação de gelo e temperatura negativa. Se for um fenômeno de baixa intensidade não há problema”, observa o agrometeorologista, Marcelino Hoppe.
Ainda mais sensível ao fator climático estão as frutíferas. Conforme Hoppe, a sequência de dias mais quentes fez as plantas entrarem em processo de floração.
“O sistema de defesa da planta faz ela sair do período de dormência e interpreta como se já fosse primavera. Se não houver um período de frio intenso não há problema, mas caso contrário o prejuízo é iminente.”