Profissional aborda causas e formas de tratar a depressão infantil

Saúde

Profissional aborda causas e formas de tratar a depressão infantil

Médico psiquiatra Bruno Borba foi o convidado da edição desta semana do programa “Nossos Filhos”. Segundo ele, até 2% das crianças sofrem da doença, enquanto em adolescentes percentual pode chegar a 15%

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Profissional aborda causas e formas de tratar a depressão infantil
Borba explicou a quais sinais os pais devem estar atentos aos filhos. Crédito: Divulgação
Lajeado

Uma doença que começa de forma silenciosa e se manifesta aos poucos, com diferentes sinais ou sintomas. E pode evoluir para situações mais graves. Essa é a depressão infantil, que acomete cerca de 2% das crianças e varia entre 8% e 15% dos adolescentes do país. Uma patologia crescente na sociedade.

Mas como a depressão infantil surge? Quais são os fatores de maior risco? Como tratá-la? Estas são perguntas que o médico psiquiatra Bruno Borba procurou responder durante participação em “Nossos Filhos”, programa multiplataforma do Grupo A Hora. E, nas declarações, o profissional deixa claro: ninguém está imune, independente de classe social, raça ou gênero.

Borba lembra que a depressão infantil, por muitos anos, era tratada como um tabu. Abordar o tema é algo mais recente na sociedade. “Se fala que um dos motivos para a incidência aumentar é justamente porque aumento a procura. Muitos casos antes não eram tratados ou diagnosticados”, avalia o profissional.

A doença pode se manifestar em qualquer momento da fase infantil. “Claro que, quando mais novo, mais difícil é de se identificar. Geralmente as crianças que desenvolvem depressão passam por algo desde muito novo, como a perda de algum familiar ou uma situação traumática. E também a negligência, o abuso psicológico”, alerta.

Conversar sobre a doença

Conforme Borba, os pais conseguem identificar pelo dia a dia se os filhos estão com algum comportamento que indique depressão infantil. Por isso, destaca a importância da conversa para compreensão da situação, sobretudo quando as crianças estão muito conectadas ao mundo virtual, algo já comum nesta faixa etária.

“Cada um tem sua particularidade, o seu momento. Se a pessoa sentir-se confiante, então é a hora de conversar. Mas é muito importante ter esse diálogo na família. Quando fazemos o tratamento com a criança não botamos ela simplesmente no consultório e receitamos medicamentos. Envolvemos os pais, as vezes a escola também”, aponta.

Escolas preparadas?

Questionado sobre o papel das escolas no acompanhamento e identificação de sinais de depressão nas crianças, Borba acredita que as mesmas ainda não estão preparadas para lidar com o tema. “Vemos uma certa atenção em algumas instituições, mas é uma situação difícil. Palestrei em uma delas e vi a preocupação dos professores em relação a isso”, lembra.

Borba ressalta ainda que também é importante ficar de olho no desempenho escolar e, também, na questão do bullying. “Nós sempre falamos nisso, na criança que sofre. Mas a que também está praticando o bullying também merece atenção, pois pode ter algum transtorno ou vir a desenvolver depressão infantil”.


Sintomas da depressão infantil

– Irritabilidade: com recorrência fora do normal

– Sintomas somáticos: quando crianças chegam até o profissional com diferentes sintomas e após ter feito exames, as vezes procedimentos mais invasivos

– Isolamento: ter uma vida ativa, um círculo de relações e, de repente, começa a se afastar e se isolar, até mesmo na família.

 


Diagnóstico e tratamento

– Tratar uma criança ou adolescente com depressão não é algo simples. Geralmente, a duração é de 7 meses a 1 ano. A incidência maior é em meninas, pois meninos têm resistência maior a procurar tratamento;

– Após conversas e avaliações com a família e a criança, é possível fazer o diagnóstico. Para isso, algumas técnicas são utilizadas, desde atividades lúdicas com desenhos até uma entrevista;

– O tratamento pode ser feito tanto com medicamentos controlados quanto com psicoterapia, que é a forma mais recomendada na área da psiquiatria. “Se contar só com a medicação, vai melhorar, no máximo, 70%”, atesta Borba.


O profissional convidado

– Bruno Iacono Borba é formado em medicina pela Unisc (Santa Cruz do Sul). Tem especialização em Psiquiatria pelo Programa de Residência Médica do Hospital Nossa Senhora da Conceição (Porto Alegre) e também em Psiquiatria da Infância e Adolescente, pelo Programa de Residência Médica do Hospital Psiquiátrico São Pedro (Porto Alegre).

– É também mestrando do programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Univates, onde dá aulas para o curso de Medicina;

– Atende nas áreas de psiquiatria geral e psiquiatria da infância e adolescente, com consultório próprio em Lajeado. É membro do corpo clínico e coordenador do Serviço de Psiquiatria do Hospital Bruno Born, perceptor e coordenador do Serviço de Residência Médica em Psiquiatria do HBB.

 


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