Exportação atinge recorde  nestes primeiros seis meses

Economia

Exportação atinge recorde nestes primeiros seis meses

Vendas da indústria crescem 34,1% de janeiro a junho. Conforme a Fiergs, montante soma 8,3 bilhões de dólares

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Exportação atinge recorde  nestes primeiros seis meses
Estado
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Análise da Federação das Associações das Indústrias do RS (Fiergs) aponta para crescimento recorde nas exportações do setor de transformação nestes primeiros seis meses de 2022. No acumulado, o crescimento foi de 34,1% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Esse total representa 8,3 bilhões de dólares em negócios. Parte da explicação deve-se ao crescimento de 44% da demanda dos Estados Unidos por produtos industriais gaúchos.

Dos 23 segmentos exportadores, 17 tiveram elevação na relação com junho do ano passado. Entre os grandes vendedores, Alimentos foi o setor que mais cresceu, embarcando US$ 209,9 milhões a mais em mercadorias (46,3%), em especial farelo de soja (+US$ 107,4 milhões), óleo de soja (+US$ 51,5 milhões) e carne de frango (+US$ 48,2 milhões). Os principais destinos foram a China, Índia, Coreia do Sul, Irã, Espanha e Arábia Saudita, que juntos representaram 52,4% do total exportado em junho.

“Os preços do mercado internacional melhoraram para toda a cadeia de carnes. Isso fez com que as indústrias apostassem mais na exportação para compensar a instabilidade dos meses anteriores”, analisa o presidente Executivo da Dália Alimentos, Carlos Alberto Freitas.

Para os próximos meses, o cenário é de incerteza, afirma. “Há uma tendência de recessão mundial em 2023. Se isso acontecer, não sabemos como o consumo será afetado.” Apesar disso, acredita em uma continuidade dos resultados melhores para a exportação.

“Passamos um momento complicado, pois aumentou a produção de frango e de suínos em função da grande demanda da China. Agora, as restrições naquele país trouxeram dificuldades ao segmento nacional.”

De acordo com ele, a Europa reduziu produção e trouxe aumento na procura pelo produto do Brasil.
Na cooperativa Languiru, a aposta é por cortes diferenciados para mercados mais exigentes. “O mercado externo é promissor para este tipo de produto. Por exemplo, entramos no Japão com uma linha de frango. Isso tem gerado resultados positivos”, diz o presidente Dirceu Bayer. A ideia, afirma, é agregar valor aos produtos para alcançar mais mercados.

Importação

Em junho, o RS comprou US$ 1,3 bilhão em mercadorias, demanda 16,5% maior comparada ao mesmo mês de 2021. Destacaram-se as importações de Bens intermediários, mais de US$ 106 milhões, e Combustíveis e lubrificantes, US$ 67 milhões. No acumulado de 2022, o RS importou um total de US$ 6,3 bilhões, valor 34,6% superior ao mesmo período de 2021.

Entrevista – André Nunes de Nunes economista-chefe da Fiergs

“Estamos otimistas com a indústria também para o segundo semestre”

A Hora – A queda de vendas à China preocupa as indústria gaúchas. A retração de 61% atinge segmentos importantes, incluindo o de Alimentos. Quais os reflexos disso à economia?

André Nunes de Nunes – Olhamos isso com apreensão, mas também já se antecipava um pouco dessa queda. A China sofreu muito com a gripe suína africana. Teve de exterminar boa parte do rebanho, com impactos desde 2017 no mercado internacional. Isso trouxe um aumento da demanda da carne suína e as complementares, como frango e a bovina também. Com a normalização das cadeias chinesas, essa demanda iria cair e foi o que aconteceu.

Agora, olhando para junho, a China aumentou a compra de frango em 48 milhões de dólares. Também o farelo de soja e o óleo, produtos mais processados, com mais valor agregado. Isso foi por conta do lockdown. Já outros segmentos tiveram retração. Mas os alimentos tendem a ocupar mais espaço, como vimos com aumento nas vendas para a Índia, para a Espanha, ao Irã e outros países. Essa venda mais distribuída ajuda a complementar a retração à China.

– Após meses de instabilidade, o setor de carnes começa a se recuperar, em especial na industrialização de aves e suínos. Quais os motivos para esse resultado e como serão os próximos meses?

Nunes – Ainda vemos uma economia internacional em crescimento. Países desenvolvidos mantém estímulos fiscais e monetários. Essa injeção traz como reflexo mais consumo. Estamos otimistas com a indústria para o segundo semestre Agora para 2023, as faixas de crescimento serão menores. Não acreditamos em mercado em queda, ou em recessão, mas o desenvolvimento econômico será mais tímido, com impacto sobre as exportações.

– O que precisa acontecer para dar mais certeza às indústrias?

Nunes – Esses últimos meses trouxe uma grande bagunça na logística mundial. A guerra e a retomada econômica devido ao arrefecimento da pandemia. Houve muita oscilação nos custos, no preço dos fretes. Agora começamos a entrar em um momento de acomodação e de mais normalidade. Para a indústria isso é muito bom, pois facilita para o planejamento.


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