Formar ou Ganhar: uma discussão nas categorias de base

Opinião

Clairton “Xis” Wachholz

Clairton “Xis” Wachholz

Professor de Educação Física e gestor do Ceat⁄Bira

Colunista esportivo

Formar ou Ganhar: uma discussão nas categorias de base

Por

Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Vivemos num país onde somente a equipe campeã tem seu trabalho reconhecido e valorizado. A valorização do vice e do último colocado é a mesma. Esta forma de ver os resultados está introjetada na cultura de torcedores e infelizmente até de pessoas que estão envolvidas no esporte.

Essa visão corrobora com a concepção de que o importante é somente o produto final, o resultado e o processo não têm valor algum. Pensamento este totalmente equivocado no esporte, principalmente em categorias de base, nas quais estamos trabalhando com adolescentes em uma fase de formação pessoal e também como atletas.

Ao pensar no planejamento e trabalho executado pelos treinadores de categorias de base dos esportes, nos deparamos com esse paradigma de “formar ou ganhar”, pois ao mesmo tempo que temos que respeitar todas etapas de desenvolvimento e formação, seremos cobrados por resultados.

Lá em 2008, em conversa com José Neto (treinador multicampeão com o Flamengo e hoje treinador da Seleção Brasileira Feminina) e referendada em curso de atualização com o mesmo em 2019, ele enfatizou que temos que estar atentos na formação em primeiro lugar. Seja esta pessoal (pessoa, atitude e equilíbrio emocional) e de atleta (conceitos, técnica e tática).

Outro ponto importante a salientar na sua fala é o “tripé” de responsabilidades formado pelo treinador/clube, atleta e família. Essa triangulação é fundamental para o sucesso do atleta, centrada no respeito ao desenvolvimento, na criação de condições ambientais e controle de expectativas, no valorizar/amar estar fazendo parte do grupo e querer/produzir para crescer na equipe (ver filme “Arremessando Alto”), culminando com o apoio e orientação em relação a noções de responsabilidade pela família.

Bem, em nossa base do Ceat/Bira estamos vivenciando uma situação: uma categoria invicta há 38 jogos (bicampeã gaúcha, campeã de torneios estaduais e campeã brasileira escolar) perdeu a invencibilidade, classificando-se em 3º lugar no Sul Brasileiro.

Temos um grande trabalho: avaliar as causas e projetar a sequência do treinamento, buscando a melhora na parte técnica e tática, no entendimento do jogo, na responsabilidade dos integrantes, do quanto estão disponíveis para o seu crescimento e da equipe, e no equilíbrio emocional que será fundamental após uma perda de invencibilidade após tanto tempo.

Para finalizar, a construção é eterna, sempre estaremos aprendendo, ou melhor: “formando”, visando ganhar.

Abraço a todos e uma ótima semana.


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