Dos mais de 280 mil eleitores, 19,1% são filiados

Eleições 2022

Dos mais de 280 mil eleitores, 19,1% são filiados

Percentual de adesões a algum partido no Vale do Taquari é maior do que a média do RS e do país. Cidades menores tem índices de engajamento mais elevados. Destaque para Forquetinha. Dos 2,3 mil votantes, 931 estão vinculados a alguma legenda

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Atualizado quinta-feira,
07 de Julho de 2022 às 08:28

Dos mais de 280 mil eleitores, 19,1% são filiados
Em ano eleitoral, número de filiações costuma subir. Percentual no Vale se mantém acima do visto no país e também no RS. Crédito: Arquivo/A Hora
Vale do Taquari

Uma das características da população do Vale do Taquari é o engajamento. Tanto na presença em associações, pois mais de 85% estão vinculados a alguma cooperativa, quanto na política. Conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do total de 287.607 eleitores aptos a votar em outubro, 55.076 estão filiados a algum partido político.

Na média, representa 19,1% dos votantes. Índice superior ao visto tanto no cenário nacional (10,3% dos eleitores filiados) quanto estadual (15,4%). Esse percentual de inscrição é maior em cidades de pequeno porte.
Para o doutor em História e professor, Mateus Dalmáz, duas hipóteses podem ser levantadas para analisar esse fenômeno.

“Primeiro é por que a política está mais próxima dos cidadãos. Os eleitores conhecem o prefeito, o vereador, os secretários. Isso faz com que o debate público seja mais presente no cotidiano. A outra é conjuntural, tem haver com o momento político.”

O cientista político Rodrigo Drebes Soares tem uma avaliação similar. Destaca que os índices de filiação são flutuantes e, por vezes, sobem de maneira artificial. De acordo com ele, em um dos estudos feitos pelo IBGE, em parceria com as universidades do Rio de Janeiro (UFRJ) e a do Paraná (UFPR), se constatou que há crescimento nas adesões em momentos de eleições, com mais ênfase nas cidades de pequeno porte.

De 38 cidades, MDB lidera em 21

As siglas tradicionais, de partidos mais vinculados ao centro direita, estão no topo em termos de eleitores. O MDB tem 12.555 filiados e ocupa a primeira posição em 21 dos 38 municípios da região. Esse total de integrantes representa 22,7% dos mais de 55 mil inscritos em alguma sigla.

Na segunda posição, com oito cidades, está o Progressistas (PP). São 10.203 filiados (representa 18,5% das filiações no Vale). Conforme o historiador Dalmáz, essas duas legendas são as maiores e mais antagônicas na região desde o Regime Militar. “Passaram quatro décadas e, por mais que tenham outros partidos, ainda são esses dois que conservam uma tradição de agregar a maior parte do eleitorado.”

Quando se olha para o cenário nacional e estadual essas peculiaridades se desfazem. “Temos questões bem regionais envolvendo esses grupos. Tanto que há coalizões não teriam sentido, como o MDB com o PT. O PT com o PP.

A lógica da região por vezes é distante da realidade nacional.” Já no Rio Grande do Sul, os partidos com mais filiados são: MDB (237.176); PDT (228.893); e o PP (205.069). No Brasil, o ranking dos três maiores começa com o MDB (2.131.547). Depois o PT (1.631.643) e o PSDB (1.352.906) na terceira posição.

Grande adesão e pouca representatividade

Em mais um ano eleitoral, partidos escolhem os nomes de candidatos para tentar alguma cadeira na Assembleia Legislativa ou na Câmara dos Deputados. Por conveniência, afinidade partidária ou apoio pontual com destinação de emenda, cada microrregião, prefeito ou mesmo vereador, confirma apoio para candidatos diferentes. Sem unidade na hora do voto, perdem-se oportunidades de colocar o Vale do Taquari na discussão diária dentro dos parlamentos gaúcho ou nacional.

“Esse assunto exige um grau de consciência política elevado para perceber a importância do voto para os parlamentos e também para escolher nomes vinculados a região. Temos um grande número de filiados, mas essa preocupação não faz parte do cotidiano para a maioria dos eleitores, justo os que estão distantes dos grupos políticos”, avalia Dalmáz.

Na análise dele, há mais engajamento dos eleitores sobre a escolha à presidência da República pelo fato de ser um debate mais presente no noticiário. Esse movimento não é percebido na hora de escolher os deputados. “O leque de opções é maior. A escolha de um deputado é pulverizada e costuma ir para políticos mais conhecidos.”

ENTREVISTA –  Rodrigo Drebes Soares, cientista político

“Em períodos eleitorais, os índices sobem de forma artificial”

A Hora – Por que a filiação é maior nas cidades pequenas?

Rodrigo Drebes Soares – Os índices de filiações partidárias são dados flutuantes. Não há um consenso nem quanto a homogeneidade e distribuição. Apesar disso, há um crescimento da participação política, especialmente a partir de 2008.

Em períodos eleitorais, os índices sobem de forma artificial, em razão de necessidades práticas nos lançamentos de plataformas políticas.Nas cidades interioranas, se constata números mais expressivos. Essas filiações não são por motivos ideológicos, mas como uma forma de ter mais acesso a recursos públicos e influência nas decisões.

– O maior engajamento da região significa mais polarização? Quais os reflexos dessa vinculação partidária nas pequenas cidades?

Soares – Não necessariamente. As variáveis que determinam a participação política, nesse caso, não são uniformes. Em tese, um partido político reúne pessoas com as mesmas aspirações sociais, econômicas e políticas.

Mas com relação às diferenças partidárias, o reflexo desse engajamento, especialmente em rincões políticos, não se manifesta tão expressivamente pelo caráter ideológico na esfera pública. Claro, há exceções e discordâncias.

Basta ver a variedade de siglas em negociações políticas no interior. Se com polarização entendemos um entrave do “fazer político” na gestão pública, ocasionado por divergências políticas e ideológicas, então não se sustenta. Agora, quando olhamos o comportamento político das pessoas, a situação é outra e a polarização é cristalina.


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