“O bombeiro é um braço estendido de Deus”

ABRE ASPAS

“O bombeiro é um braço estendido de Deus”

Do sonho de ser militar até o título de honra ao mérito no momento da aposentadoria. Essa é a trajetória de Ângelo Vicente Wendt, 52, que nasceu em Estrela, se formou bombeiro fora da região e retornou para trabalhar por 30 anos na terra natal.

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“O bombeiro é um braço estendido de Deus”
Crédito: Arquivo Pessoal
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Em que momento despertou em você a vontade de ser bombeiro?

Na verdade, minha ideia desde os 14 anos era ser militar. Antes eu trabalhei um bom tempo com serigrafia, depois em um mercado. Quando eu conheci o que bombeiro realmente fazia, isso se tornou um objetivo. Pelos 17 anos, eu observava os salva-vidas em Cidreira, me interessei pelo trabalho e eles me deram o caminho de como ingressar. Ao todo, foram 30 participações na Operação Golfinho.

Como era o trabalho no litoral?

Vivi muitas situações, principalmente em Torres, na Praia da Cal. Lá tem um paredão e conforme a corrente do mar, volta e meia alguém se afogava. Mesmo com a prevenção, tínhamos muito serviço. Só em uma guarita, eram de 10 a 12 salvamentos por final de semana. Experiências que arrepiam só de lembrar.

Consegue lembrar de alguma dessas situações?

Duas histórias viraram medalhas por ato de bravura. Em 2001, fui destaque na Operação Golfinho, recebi uma homenagem na Assembleia Legislativa das mãos do então governador. Já em 2016, estava de folga, na Páscoa, e não foram chamados salva-vidas para as guaritas. Depois da sexta e sábado com tempo ruim, no domingo teve sol, e como minha família nada comigo, levei equipamentos junto. Eu estava em frente a um quiosque, em Arroio Teixeira. Como me chamaram, peguei o equipamento e entrei no mar para retirar um casal que entrou na água e resolveu boiar. Quando eles perceberam, não dava mais pé, só se sustentaram porque a mulher nadava bem. O homem teve momentos que segurou nela e começou a afundar. Eles chegaram a se despedir e ele se deixou levar para o mar. Ela contou que tinha um bebê de três meses, que deu força para que se segurasse. Se não fosse os pés-de-pato, eu não conseguiria, isso seria uma ação para uso de helicóptero. E fui abençoado para fazer esse salvamento. Nessas horas digo que o bombeiro é um braço estendido de Deus.

Fala um pouco sobre como você vê o papel do bombeiro na sociedade.

Eu sempre destaco que ser bombeiro é uma honra, um sentimento inexplicável. É ter empatia e responsabilidade social. Quando tu está no plantão, não sabe o que vai acontecer, daqui a pouco está envolvido em uma ocorrência cabeluda. E, indo direto ao ponto, as pessoas nos olham como heróis, se sentem seguras com a gente. Tem algumas ocorrências que eu gostaria mesmo de ser um super-herói, por exemplo, para tirar uma criança que morreu carbonizada em um incêndio.

Qual o peso que poder voltar para Estrela teve na tua carreira?

Isso foi uma realização. Me formei e fui para Novo Hamburgo com a perspectiva de ficar cinco anos. Como fiquei na 5ª colocação no curso, pude escolher voltar logo para Estrela. Aqui tenho amigos, parentes, muitos conhecidos na comunidade. Estando no teu local, tu trabalha com mais estímulo, com mais vontade, mais feliz.


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