“Não existe idade para adquirir conhecimento”

ABRE ASPAS

“Não existe idade para adquirir conhecimento”

A infância difícil obrigou Jair Solimar Padia, 49, a abrir mão da escola na juventude. Natural de Horizontina, se mudou para Lajeado, onde construiu sua família. Hoje servidor público, voltou às salas de aula e, depois de um ano e dois meses, concluiu o ensino médio neste ano no Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (Neeja). Agora, pensa em dar seguimento aos estudos.

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“Não existe idade para adquirir conhecimento”
Crédito: Arquivo Pessoal
Lajeado
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O que te levou a concluir o ensino médio somente aos 49 anos?

Vim de uma família muito humilde. Cheguei em Lajeado faz 32 anos e tinha que trabalhar para comprar comida. Atuava na roça e só estudei até a quinta série. Depois consegui empregos com carteira assinada e, num certo momento, descobri que existia o Neeja. Eu e minha esposa concluímos o ensino fundamental juntos, há uns dez anos. Depois, ela seguiu para o ensino médio e eu, em virtude do trabalho, esperei. O tempo passou e decidi voltar aos estudos. Pois penso que não existe idade para adquirir conhecimento.

Como foi o convívio no Neeja com outros alunos e os professores?

Eu sempre exalto o papel do Neeja. São pessoas que estão ali para te ajudar, te apoiar e te ensinar. Sempre fui muito bem tratado por eles e fiz amizades, conheci novas pessoas, com diferentes trajetórias e bagagens. Não tenho palavras para agradecer a eles, por ter feito parte desta história. Eles completaram 20 anos agora e fui convidado para o coquetel. É muito lindo o que a gente deixa ali.

Quais dificuldades e obstáculos enfrentou no retorno aos estudos?

Durante a pandemia, trabalhava de dia e agendava as provas por telefone. Confesso que fiquei emperrado na matéria de português. Tem muita regra, muito ponto (risos). Mas não desisti. Me esforcei bastante e estudei muito. Outra barra que enfrentei foi perder a minha sogra, que faleceu duas semanas antes de pegar o resultado final.

Vocês tem duas filhas. O que passaram a elas sobre a importância do estudo?

Sempre disse para elas que existem duas coisas na vida que ninguém te tira: a educação de casa e o aprendizado da escola. A mais velha, de 28, fez todo o ensino médio e nunca reprovou. Começou faculdade, trancou e agora vai voltar. Trabalha de supervisora numa empresa. E a mais nova, que vai fazer 12, está no sexto ano do fundamental. Sempre teve boas notas. Com certeza também vai para a faculdade no futuro. Hoje ela tem tudo o que necessita. Só precisa me responder com muito estudo.

Tem planos de seguir os estudos no futuro?

Com certeza. Quero muito ingressar, num curso técnico, ou, se puder, numa graduação. No início, achei que não dava, mas, se correr atrás do sonho, pode dar certo sim. Ainda estou indeciso sobre qual área seguir, mas penso que seja algo mais voltado à tecnologia. Tem muitas histórias inspiradoras, de pessoas que se formam com 60, 70 anos.


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