Açúcar e saúde em harmonia

VOCÊ

Açúcar e saúde em harmonia

Dia Nacional do Diabetes, neste domingo, reforça o alerta para a prevenção. Entre uma alimentação saudável, prática de exercícios físicos e o controle da glicose no sangue, a doença pode ser evitada. Em outros casos, a aplicação diária de insulina é aliada a uma vida saudável e tranquila

Por

Açúcar e saúde em harmonia
Eloy descobriu o diabetes há mais de 20 anos. Em 2019, foi internado por complicações da doença. Crédito: Divulgação
Vale do Taquari

“Eu não posso viver sem as injeções. Os médicos disseram que é algo que desenvolvi, que eu tinha pré disposição, mas que não tinha ligação genética”. Moradora de Teutônia, Caroline Vitória Birkheuer, a Carol, 23, lida com o diabetes tipo 1 há 16 anos. Com o tempo, ela aprendeu a conhecer o próprio corpo e, entre o cuidado com a alimentação e as aplicações diárias de insulina, a glicose do sangue controlada permite que ela tenha uma vida tranquila.

A doença foi descoberta quando ela tinha 7 anos. Foi em uma tarde em que acompanhava o avô nos jogos
de cartas. Cada vez que a neta ia junto, ele pagava um refrigerante ou um salgadinho. Em um desses
encontros, Carol foi sozinha até o trabalho da mãe, que ficava perto do local de carteado. Mas, pelo caminho,
se sentiu mal, e vomitou. A mãe, preocupada, levou a menina ao médico. E, depois de muitos exames,
receberam o diagnóstico.

Antes disso, ela já apresentava sintomas. Havia emagrecido, ia por vezes seguidas urinar e estava sempre
com a boca seca, sinais de hiperglicemia. Depois daquele dia, Carol passou um tempo internada e, quando recebeu nalta, levou pra casa um kit para as aplicações de insulina, que devem ser feitas para a vida toda.

Saúde, humor e matemática

Depois do diagnóstico, a rotina mudou, e a alimentação, que antes era liberada, passou a ter restrições. No
início, eram feitas três aplicações de um tipo específico de insulina por dia.  Assim como outras chamadas de rápidas, 15 minutos antes de cada refeição.

Uma nova aplicação de insulina também era feita quando os níveis de glicose eram muito altos. Esta última permanece no dia a dia de Carol sempre que necessário mas, hoje, uma única injeção dá conta da
produção de insulina indispensável por 24 horas. “Cada dia é diferente, porque por mais que a gente tente
controlar na alimentação e exercícios, diabetes também é emocional. Se eu to mais alegre ou mais para baixo,tudo isso altera a glicose”, conta.

Quanto mais exercícios, melhor. Por isso, Carol faz caminhadas, corre e anda à cavalo. “Tenho sempre que me
manter em constante exercício. Não posso parar. Se não começo a ter tipo uma rejeição de insulina e tenho que
aplicar mais”, descreve.

Caroline Birkheuer, 23, lida com o diabetes tipo um há 16 anos, com controle e injeções diárias. Crédito: Arquivo Pessoal

A vida de uma pessoa com diabetes requer muita matemática. “Estou sempre contando o que eu vou comer, e contando a insulina para poder comer o que quiser”. Carol ainda destaca que uma pessoa diabética também pode ingerir açúcar, desde que seja com moderação.

Em alguns casos, quando a insulina é aplicada em quantidade muito alta, também pode ocorrer o processo de hipoglicemia, a falta de açúcar no sangue, e a consequente necessidade de algum doce.

Os vários tipos da doença

O médico pós-graduado em endocrinologia Ivan Júnior Lanzini explica que diabetes é um transtorno metabólico que faz com que o organismo tenha dificuldade para metabolizar a glicose sanguínea. Por isso, os níveis de açúcar no sangue são elevados, e causam danos à saúde.

Existem quatro tipos principais de diabetes: o 1, 2, o diabetes gestacional e o pré-diabetes. “Existe influência genética, de forma especial no diabetes tipo 1. De todo modo, o desenvolvimento de qualquer tipo da doença pode ser evitado com hábitos saudáveis”, afirma o profissional.

No tipo 1, há anticorpos que combatem as células beta pancreáticas. Isso compromete a produção da insulina, o hormônio responsável por “quebrar” a glicose. Já o diabete tipo 2 é desenvolvido ao longo da vida, pela resistência à insulina. Dessa maneira, o hormônio perde a sua função de metabolização. Este é o caso de Eloy José Knebel, 80.

Glicose controlada

Cortar a grama, cuidar da horta e fazer caminhadas são algumas das atividades físicas do morador de Estrela. O acompanhamento com a nutricionista também fez bem. Desde 2019, Eloy deixou os 120 kg para alcançar os 86 kg. Naquele ano, levou um dos maiores susto de sua vida: passou o Natal internado no hospital, com infecção no sangue, problema agravado pelo diabetes.

Eloy descobriu a doença há 21 anos. A busca pelos exames veio depois dos primeiros sintomas e, dado o diagnóstico, começou o tratamento com insulina, que deveria ser injetada de manhã e à noite. Mesmo assim, não tomou os cuidados necessários com a saúde, em especial, com as dietas.

“Tinha uma história com o doce. Ele sempre dizia que “‘Ah! Mas um pouco eu posso!”” , conta Cláudia, filha de Eloy, que também fazia as injeções no pai. Muitas vezes, ela precisava ir até a casa dos pais de madrugada para ajudá-lo.

Os irmãos de Eloy também têm diabetes, mas não foi apenas a genética que gerou o problema. Aposentado, ele trabalhou como segurança e cozinheiro e, há mais de 20 anos, fez o tratamento para o alcoolismo, vício que o aposentado entende ter gerado consequências.

Quando a saúde piorou, os principais problemas foram com a visão e a perna esquerda. Depois que saiu do hospital e começou um tratamento mais rigoroso, Eloy entendeu que seguir as recomendações médicas e os conselhos da família não eram um exagero, mas um ato de cuidado e amor.

“É difícil seguir a dieta porque eu vejo eles comerem torta, quindim. A coisa que eu mais adorava era o quindim. Nada disso eu como mais, só olho”, afirma. “Às vezes, para matar o meu desejo, a Juliana [filha] faz o sagu com adoçante. Aí eu como. Fora isso, só olho”, conclui. Além dos cuidados com a dieta, hoje Eloy trocou as injeções de insulina por dois novos remédios e está com os exames em dia.


Acompanhe nossas redes sociais: WhatsApp Instagram / Facebook

Acompanhe
nossas
redes sociais