Da Serra Gaúcha para presidir um dos principais grupos de varejo no Vale

O Meu Negócio

Da Serra Gaúcha para presidir um dos principais grupos de varejo no Vale

Leonardo Taufer ingressou no Grupo Imec no início da década passada e hoje comanda rede com quase 3 mil funcionários, faturamento de mais deR$ 1 bilhão e atuação em cinco regiões do RS

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Da Serra Gaúcha para presidir um dos principais grupos de varejo no Vale
Após trabalhar no exterior, Taufer chegou a Lajeado para ajudar na transformação do Grupo Imec. Crédito: Mateus Souza
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Ele veio de Caxias do Sul para ajudar no crescimento de uma das maiores redes de supermercados do Estado. Há dez anos no Grupo Imec, Leonardo Taufer ingressou como diretor técnico e, em pouco tempo, ascendeu ao cargo de diretor-presidente. Em sua gestão, a empresa expandiu atuação, buscou inovações e dobrou o faturamento. No ano passado, superou a marca de R$ 1 bilhão.

Taufer foi o entrevistado da edição desta semana de “O Meu Negócio”, programa multiplataforma do Grupo A Hora. Na conversa com Rogério Wink, também destacou os desafios de gerir a rede e as transformações enfrentadas pelo Grupo Imec a partir da década passada.

De família de origem italiana, Taufer cresceu na Serra Gaúcha. “Meu pai era técnico em eletrônica, ficou 38 anos atuando numa empresa. Foi gerente de qualidade. Se qualificou pelo Senai, curso que eu também fiz depois. Minha mãe também era do lar, mas também se qualificou, fez técnico em turismo”, recorda.

Depois, Taufer foi estudar em Porto Alegre. Cursou Administração na Ufrgs. E, lá, um “trauma” lhe ajudou a se preparar melhor para o futuro, o qual lembra até hoje. “Numa disciplina do curso, tinha um trabalho para fazer em grupo, e me coube fazer um resumo do livro. Quando fui apresentar, comecei a ler e a professora me interrompeu. Morri de vergonha. Aquilo me traumatizou, no bom sentido. Depois, comecei a estruturar melhor. Criei um método que aplico até hoje. Meu nível de preparo passou a ser muito grande. Isso porque não gostei de pagar aquele mico”, brinca.

“Transformação digital e tecnologia estão no centro das nossas atenções”

Rogério Wink: Quais são as tuas referências?

Leonardo Taufer: A primeira delas é meu pai. Como técnico, ele sempre tinha oportunidade de palestrar, com profundo conhecimento. Era um bom mentor, sem querer ser um. Fora isso, há outras pessoas que destaco, como o Abílio Diniz, que tem energia e capacidade grande como empresário e ser humano. E também o Jorge Paulo Lemann, que possui visão de mundo semelhante a minha.

Wink: Como você chegou a Lajeado e ingressou no Imec?

Taufer: Foi por acaso. Eu comecei no varejo em 2001, no Sonae, grupo português que depois foi comprado pelo Wallmart. Posso dizer que estava na hora certa e no lugar certo. Fui para os Estados Unidos e fiquei lá até 2010. Quando voltei para o Brasil, precisava me recolocar no mercado. O Imec buscava profissionais, que eram executivos não familiares. A empresa passava por uma transformação na sua governança. E eu fui o primeiro diretor técnico. Gratidão grande às famílias Rotta e Bortolini, que me acolheram.

Wink: Como foi a estruturação do Grupo Imec, no sentido de governança?

Taufer: O Imec já tinha um bom nível de estruturação. Creio que o maior acerto foi tomar a decisão de contratar executivos, pois uma empresa familiar tende a trazer, em momentos de baixa, pessoas que fizeram parte no passado. Depois se deu a constituição efetiva do conselho de administração, que é muito atuante.

Wink: Qual norte o conselho deu aos executivos da empresa?

Taufer: Eu tive a oportunidade de estar à frente da área comercial e de marketing por três anos. E o objetivo era muito claro: de permitir que a reestruração mantesse a empresa em pé, dar sobrevivência no sentido de gestão. Tínhamos lojas deficitárias e nos desfizemos de algumas delas. Quando entrei, eram 25 lojas. Chegamos a ter 20. E o objetivo era justamente tornar uma empresa viável. Não pelo seu caixa, mas pelo resultado operacional.

Wink: Quais os formatos de negócio hoje do Grupo Imec?

Taufer: Temos dois formatos: os supermercados e o atacado. No super, é estratégia de conveniência, produtos de consumo imediato, dar ao cliente o que precisa de maneira simples e rápida. Já o atacado tem foco em preço baixo e se característica por um apelo nas compras de fim de semana e também aos comerciantes formais e informais.

Wink: Há mudanças de estratégia conforme as regiões ou a política do Imec é a mesma?

Taufer: Tem peculiaridades regionais que colocamos nas lojas dependendo da região onde estamos. E tem política de retenção de colaboradores que também tendem a atender dificuldades de contratação de mão de obra. Na Serra, por exemplo, o varejo concorre com a indústria. Isso nos faz tentar ser competitivos de outra forma. Nós temos que ser local num negócio que tem deixado de ser microrregional.

Wink: Nos últimos anos vocês fizeram movimentos no sentido de inovação, como o autoatendimento. Qual a importância disso para o Imec?

Taufer: O futuro do Imec depende fundamentalmente de tecnologia. O que tem nos ajudado muito é o processo de planejamento estratégico para escalonar as ações e colocá-las em prática. As vezes requerem investimentos, as vezes não. E o tema da transformação digital e tecnologia está no centro das nossas atenções. Os terminais de autoatendimento vem com objetivo de facilitar a vida do usuário. Acredito que vamos viver com as duas experiências (varejo físico e digita). Combinadas, fazem com que o cliente seja bem atendido.

Wink: Qual palavra-chave que você transmite ao teu time?

Taufer: É consistência. Pois somos um negócio muito repetitivo. Fazemos a mesma coisa todos os dias, sete vezes por semana. Por isso precisamos ser muito consistente na rotina. E muito consistente na inovação, pois o processo não termina. Esse é o grande desafio do nosso negócio. Como se manter relevante ao longo do tempo? A inovação cumpre esse papel.

Wink: Como foi a chegada a região metropolitana?

Taufer: Tem sido um grande aprendizado. Iniciamos no ano passado, em Esteio, com uma loja Desco. Depois, tivemos oportunidade abrir loja em Porto Alegre, e no começo deste ano, inauguramos a segunda loja na capital. O perfil de cliente é bem diferente, pois lá, eles estão acostumados com esse negócio de atacarejo. Então temos grande responsabilidade em fazer uma boa entrega. Agora, em agosto, vamos inaugurar a quarta loja na região, em Alvorada.


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