“Top Gun: Maverick” é a prova que o cinema não vai perder para o streaming

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“Top Gun: Maverick” é a prova que o cinema não vai perder para o streaming

Tom Cruise e Joseph Kosinski criaram uma experiência cinematográfica arrebatadora que emociona e entorpece o espectador de adrenalina - o que é impossível de replicar na sala de casa

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Atualizado quinta-feira,
09 de Maio de 2022 às 15:32

“Top Gun: Maverick” é a prova que o cinema não vai perder para o streaming
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Cinema é arte. Antes do entretenimento da noite de quarta-feira com vinho ou um passatempo com os filhos, cinema é arte. Ele promove e desperta sentimentos, sensações e experiências. E para isso, o contexto importa muito, como uma tela, som e sala adequados. Diante do avanço irrefreável do streaming, cada vez mais o cinema assume o princípio que já foi seu definidor: o espetáculo. Essa transição entre entretenimento pueril e experiência especial, é essencial que tenhamos cada vez mais filmes como “Top Gun: Maverick”, que chegou aos cinemas brasileiros na última quinta-feira (26).

Afinal, é isso que o novo filme de Tom Cruise é: um espetáculo visual e sensorial, que emula diversas emoções – inclusive o terno abraço do perdão.

De volta ao papel de Pete “Maverick” Mitchell depois de 36 anos, Cruise encarna mais uma vez sua epopéia física e, sim, um tanto narcísica. E tudo certo quanto a este segundo ponto. Falamos de Hollywood e, como a obra deixa claro, o ainda maior astro de Hollywood. O que mais importa para a experiência é a jornada de metalinguagem entre Maverick e Cruise – ambos se recusam a “parar” e aceitar a idade.

Enquanto o personagem não aceita subir de patente para não ter que abandonar o cockpits dos caças, o ator segue, com seu sorriso perfeito, encarnando riscos, como pilotar para valer aviões – ele pilotou e pousou o helicóptero que o levou até o porta-aviões da Marinha dos EUA que recebeu a exibição do filme, por exemplo – e rejeitar dublês.

Essa intrínseca relação entra ficção e realidade é uma âncora que sustenta todas as conexões com a audiência – ainda que quem for ao cinema possa não saber de nada disso ou sequer tenha visto o filme original. É uma experiência de espelhamento, afinal. “Top Gun: Maverick” é fundamentado em arquétipos facilmente reconhecíveis para quem assistiu meia dúzia de filmes. Contudo, a execução dessa lista de itens é de uma excelência que justifica toda a experiência e torna verdadeiramente especial a ida ao cinema.

A trama espelha o filme original, inclusive com representações físicas bastante semelhantes. O áṕice desse elemento é Rooster, vivido por Miles Teller, que dá vida ao filho de Goose, o amigo de Maverick que morreu por acidente em “Asas Indomáveis”, que replica em temperamento e aparência o antigo personagem. Essa dinâmica inclui um novo elemento, que é o de Maverick tendo que lidar com a culpa pela morte do pai do piloto ao qual precisa treinar para uma missão praticamente suicida.

Esse é outro trunfo que faz do filme, como um todo, melhor que seu predecessor: ele tem um propósito, um caminho a ser seguido, enquanto o original é uma jornada menos objetiva. E esse aspecto narrativo contribui para a experiência ser ainda mais provocadora. Afinal, o risco físico e emocional proposto pelo roteiro é o ponto de partida para a brilhante execução narrativa das cenas de ação, que despertam no espectador os mais variados sentimentos.

Ainda que soe acadêmico e um tanto blasé, a fotografia do filme é essencial para essa experiência. O início do filme que atualiza a abertura do original, os momentos de deleite proporcionados pela luz natural, as silhuetas contra o sol e, principalmente, o impacto causado pelos registros das aeronaves é um soco que nos leva ao nocaute.

Não por menos, já que o diretor Joseph Kosinski colocou todo elenco dentro dos aviões e fez os atores realmente sentirem o efeito da Força G sobre seus corpos. As expressões e até os desmaios soam verdadeiros, o que amplia ainda mais a urgência de cada cena e a apreensão que elas proporcionam a quem assiste o filme.

“Top Gun: Maverick” é um espetáculo de adrenalina. É isso que o torna uma peça de arte tão ímpar numa indústria repleta de CGI pasteurizado. As cenas são lindas, a música é perfeita para traduzir a emoção da narrativa – com releituras do filme original, em especial para uma versão importante para a trama de “Great Balls of Fire”, de Jerry Lee Lewis – e as coreografias são de, literalmente, tirar o fôlego.

Pense nesse texto quando assistir ao filme – ou se você já viu, reflita sobre esse ponto – e observe quantas vezes você vai se flagrar apertando os joelhos, a mão da sua companhia ou o braço do assento. É impossível não cair nessa, já que o que Cruise e companhia entregam com “Top Gun: Maverick” é um espetáculo cinematográfico digno de se comparar às grandes obras do cinema. 

“Top Gun: Maverick” é cinema. É o que de mais belo e empolgante a equação de imagem, som e cenário pode entregar. E isso vai desde uma manobra alucinante de um caça de última geração a um abraço honesto entre Maverick e Iceman, personagem de Val Kilmer, que retorna ao seu papel apesar do câncer na garganta que comprometeu seriamente sua fala – este momento, por sinal, é um dos tantos que ficarão marcados no imaginário da cultura pop.

Por isso, não espere o filme chegar ao streaming. Não será a mesma coisa. Vá ao cinema. É a sua oportunidade de assistir a um filme que justifica toda uma indústria.

Assista ao trailer:

Você pode conferir o Na Sua Tela de segunda a sexta-feira, sempre às 13h45 e 17h45 na programação da Rádio A Hora 102.9.

Ouça a edição sobre “Top Gun: Maverick”


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