Prenda trans preside Comissão Estadual dos Festejos Farroupilhas 2022

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Prenda trans preside Comissão Estadual dos Festejos Farroupilhas 2022

Gabriella Meindrad foi a primeira prenda trans a ser homenageada pelo movimento tradicionalista do RS e, hoje organiza as atividades a nível estadual

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Atualizado quinta-feira,
02 de Maio de 2022 às 17:38

Prenda trans preside Comissão Estadual dos Festejos Farroupilhas 2022
Gabriella Meindrad. Crédito: Arquivo Pessoal
Estado

A primeira vez que Gabriella Meindrad colocou um vestido feito pela mãe foi em 2019, para receber uma homenagem do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Naquele momento, ela entrou para a história por ser a primeira prenda trans a ser homenageada pela entidade.

Mas as conquistas não pararam por aí. Entre 2020 e 2021, coordenou a 5ª Conferência Estadual de Cultura, para implementação da Lei Aldir Blanc no estado e, hoje, preside a Comissão Estadual dos Festejos Farroupilhas 2022.

O primeiro contato de Gabriella com o tradicionalismo foi aos seis anos, quando participou de um baile na Semana Farroupilha. Ela lembra de assistir as apresentações da invernada artística e decidiu, ali, que queria fazer parte do movimento.

No ano seguinte, passou a integrar a invernada artística mirim do CTG Cancela da Fronteira, na cidade natal, São Vicente do Sul. Em 1998, também entrou para o concurso de declamação e participou do primeiro concurso de Peão.

Entre os títulos que coleciona hoje, está o de 2º Peão, e de Peão Farroupilha das Escolas Escolas Agrotécnicas Federais e dos Centros Federais de Educação Tecnológica da Região Sul, hoje, os Institutos Federais.
A transição dela foi em 2011, aos 25 anos, período em que passou apenas assistindo às atividades. Em 2019, quando recebeu a homenagem, voltou a participar de forma efetiva.

Gabriella diz ter sofrido muito preconceito no meio. Mas, por ser muito ativa nos projetos e concursos, as piadas e insultos foram substituídos pelo acolhimento. “Os concursos eram um desafio, porque eu tinha que mostrar que realmente estava preparada, tinha conhecimento e que ganhava por competência”, conta.

Para Gabriella, ser uma mulher trans é enfrentar inúmeros desafios, e um exercício de sobrevivência diária. “Somos rotuladas ao preconceito, aos estigmas da prostituição, da marginalização, da vulnerabilidade, pelas dificuldades de aceitação, de acesso a direitos básicos, como à educação, à saúde, ao lazer, ao trabalho”, destaca.

Segundo ela, isso resulta em índices como 90% desta população viver na prostituição. O Brasil também é responsável por 40% dos homicídios de pessoas trans do mundo.
A coordenadora da 24ª Região Tradicionalista, Luce Carmen da Rosa Mayer, destaca que o movimento é uma comunidade agregadora e acolhedora. “Gabriella é, com certeza, exemplo de determinação e força para muitas mulheres”, reforça.


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