Alta de juros e menor oferta de crédito forçam mudanças no campo

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Alta de juros e menor oferta de crédito forçam mudanças no campo

epresentantes do setor temem escassez de recursos do Plano Safra e sugerem aperfeiçoamento da gestão nas propriedades

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Alta de juros e menor oferta de crédito forçam mudanças no campo
Região contabiliza R$ 274,5 milhões em operações de crédito pelo Pronaf. Crédito: Arquivo/A Hora
Vale do Taquari

Entidades ligadas à produção agrícola se mobilizam para formalizar propostas ao governo federal. O objetivo é assegurar os recursos necessários para políticas públicas que possibilitem investimentos na agricultura familiar. A insuficiência de recursos para subsidiar juros é uma das preocupações de líderes regionais.

Na etapa vigente do Plano Safra, por duas vezes as operações de crédito do Pronaf foram suspensas. Na avaliação do coordenador regional do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Marcos Hinrichsen, a participação dos governos é cada vez menor e pode comprometer investimentos no campo.

Outro agravante é a disparada de preços dos insumos e equipamentos. “Muitos projetos estão travados nos bancos pois os valores já não condizem com a realidade. A pressão global de preços mudou o cenário do pequeno produtor que teme não conseguir desenvolver suas atividades”, alerta o coordenador sindical.

Diante das incertezas sobre o rumo do programa de crédito rural, as entidades não descartam novas mobilizações pelo estado. No início do ano, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS) promoveu ato pelo incremento de recursos para subvenção das operações dos produtores.

Para o presidente do STR de Lajeado, Lauro Baum, o cenário requer planejamento estratégico dos agricultores. O dirigente reforça a importância da organização financeira e dos métodos de cultivo. “Precisamos nos organizar para plantar sem contar com este dinheiro do governo. Temos como exemplo os produtores que fazem parcerias de troca com cooperativas, os integrados e outros segmentos que negociam de forma direta.”
Baum acredita que a própria crise causada pela guerra na Ucrânia força mudanças de hábitos de compra dos produtores. “É preciso observar o quanto de produto se usa na lavoura, otimizar as aplicações e evitar a dependência de bancos.”

No Vale do Taquari, os recursos liberados pelo Pronaf e demais linhas de crédito somam R$ 274,5 milhões na atual safra, segundo dados da regional da Emater/RS-Ascar. Embora ainda restem pouco mais de um mês para o fim do ano agrícola, o valor total das operações pode fechar abaixo do liberado entre 2020 e 2021. Naquele período, foram R$ 275,7 milhões.

Incremento no Plano Safra

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entregou esta semana as propostas do setor para contribuir com o governo na elaboração do Plano Agrícola e Pecuário (PAP 2022/23).
O principal apontamento é a equalização dos juros, com a ampliação, de R$ 13 bilhões para R$ 21,8 bilhões, do orçamento para a subvenção das operações de crédito. Este volume representa um aumento de 67,8% em relação à safra 2021/2022, com um incremento de R$ 8,8 bilhões, que traria benefícios no curto e no longo prazo à economia e à população.

A CNA propõe, ainda, que as taxas de juros dos contratos de crédito rural fiquem abaixo de dois dígitos, com o intuito de viabilizar aos produtores taxas de financiamento competitivas para continuar a produzir alimentos.


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