Morte de bovinos por raiva alerta a região

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Morte de bovinos por raiva alerta a região

Dois casos confirmados em Vespasiano Corrêa, e um óbito de bovino sob investigação em Muçum, mobilizam autoridades de sanidade animal no controle da doença transmitida por morcegos hematófagos

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Morte de bovinos por raiva alerta a região
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Após surto de raiva herbívora em 2018, a região volta a ter casos de morte pela doença. Os dois óbitos de animais confirmados até o momento aconteceram no mês passado. Para conter a transmissão, técnicos da Defesa Agropecuária verificam possíveis refúgios de morcegos e promovem campanha de conscientização pela vacinação preventiva do rebanho bovino.

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A delimitação de foco em Vespasiano Corrêa compreende área de 5 quilômetros a partir da localidade de Linha Coronel Maia. A propriedade em local de relevo acidentado já enfrentou casos da doença em anos anteriores. Outro óbito suspeito e, que aguarda laudo laboratorial, é de bovino em fazenda no interior de Muçum.

A distância entre os casos é de 2 quilômetros, mas o trabalho das autoridades de sanidade animal alcança área de 12 km. Neste perímetro, é feito o bloqueio com verificação em refúgios e orientação à comunidade para que não tentem capturar os morcegos, diante do risco de infecção humana.

De acordo com o fiscal estadual agropecuário Matias Tiecher, a tendência é que o foco possa durar de dois a três meses e mais óbitos de animais possam ser confirmados, inclusive, em outras cidades da microrregião alta do Vale.

Conforme Tiecher, a transmissão muitas vezes está associada à abundância de morcegos, a concentração de bovinos, redução do habitat e alterações climáticas e ambientais. Segundo ele, esses fatores podem causar mudanças nas movimentações e estresse na espécie com o vírus incubado.

“Não é todo morcego que transmite a raiva, mas sim um grupo específico e que necessita de conhecimento técnico para identificar. Por ser uma doença sem tratamento, a única forma de evitar perdas na propriedade é com a vacinação”, reforça Tiecher.

A imunização anual do rebanho requer duas doses, com intervalo de 21 dias. O preço médio da vacina é de R$ 2 por animal. Diante do foco em Vespasiano Corrêa a orientação é que criadores de gado em um raio de 25 quilômetros apliquem a vacina nos animais.

Transmissão e sintomas

A contaminação acontece por meio de mordida, arranhadura ou contato da saliva do morcego em feridas. Após infecção, pode levar até 75 dias para o bovino apresentar os sintomas. Entre os sinais mais comuns, a paralisia da parte superior do animal, andar cambaleante e fraqueza.

Tremores e excesso de salivação também podem indicar a doença. Na maioria dos casos a morte do animal é constatada em até dez dias. Em comparação ao ano passado, o serviço estadual já registra o triplo de casos. No mesmo período de 2021 eram 9 focos, agora são 27 ocorrências concentradas na Fronteira Oeste e Região Metropolitana.

Surto em 2018

A morte de 40 animais no município de Sério deixou a região em alerta. Os óbitos aconteceram entre outubro e dezembro de 2018 e desencadearam um surto de raiva herbívora. Apesar dos esforços dos técnicos do setor de zoonose, não localizaram os abrigos de morcegos transmissores da doença.

De acordo com o secretário de Agricultura, Carlos Brandt, a situação foi contornada com vacinação do rebanho. “Desde então não houve novos registros. Nem todas aquelas mortes dos bovinos foram confirmadas para raiva, mas houve um impacto expressivo no município.”

Ainda em 2017, pecuaristas em Boqueirão do Leão perderam mais de 50 animais. Na época, houve mobilização para vacinação preventiva também de cães e gatos. Os agentes comunitários de saúde também atuaram na orientação da comunidade sobre os riscos da doença em humanos.

Raiva em humanos

A infecção em humanos não é comum no RS, mas em outras regiões do país aparece com maior frequência. Só este ano, em Minas Gerais, três mortes foram confirmadas. O estado não registrava a doença há dez anos.

Conforme a Secretaria Estadual de Saúde (SES), o bovino serve de sentinela e deixa evidente que naquela área existe circulação do vírus da raiva. Também há o risco do morcego ser predado por gatos ou cães, e assim transmitir entre as duas espécies, que podem vir a agredir humanos e infectá-los com o vírus rábico.

Ações implementadas

  • Conscientização para notificação de casos suspeitos;
  • Vacinação preventiva do rebanho;
  • Controle dos morcegos e verificação dos refúgios.


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