Da boleia do caminhão a líder empresarial do setor logístico

O Meu Negócio

Da boleia do caminhão a líder empresarial do setor logístico

Nilto Scapin ganhou reconhecimento à frente de empresas, como a Rhodoss, e também pela atuação em entidades de classe da região. Empreendedor hoje também ocupa posição de destaque na E-Log

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Da boleia do caminhão a líder empresarial do setor logístico
De Bento Gonçalves, Scapin construiu trajetória de empreendedorismo que já alcança quase quatro décadas no Vale (Foto: Mateus Souza)
Lajeado

Ele nasceu, cresceu e iniciou a trajetória profissional na Serra Gaúcha, mas fincou raízes no Vale do Taquari ainda na década de 1980. Apaixonado por caminhões e envolvido em associações comerciais e industriais, Nilto Scapin se tornou um dos empreendedores mais respeitados da região no setor logístico. Está à frente de empresas como a Rhodoss Implementos Rodoviários, com sede em Estrela.

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Scapin contou a história de vida, os primeiros passos profissionais e também abordou os desafios do setor logístico durante a edição dessa segunda-feira, 9, de “O Meu Negócio”, programa multiplataforma apresentado por Rogério Wink. Destacou ainda o trabalho desenvolvido pela empresa, que completou 15 anos de atividades recentemente.

Nascido em Bento Gonçalves, Scapin vem de famílias de origem italiana. O avô paterno era fabricante de carretas puxadas a boi. Já o avô materno produzia uva em Monte Belo, à época distrito. “Morei lá boa parte da minha infância, até os 9 anos. E meu primeiro emprego foi de puxar uva embaixo de um parreiral. Meus tios me empregaram. Com o primeiro salário, eu comprei uma capa de chuva de nylon. Quem tinha isso na época era considerado diferenciado (risos)”, comenta.

Já o pai de Scapin atuava como caminhoneiro, enquanto a mãe era costureira. Nas suas palavras, uma família humilde e sem grandes posses. “Mas o pai tinha vivência de mundo, por viajar muito. Pregava ética, garra, determinação, seriedade e fidelidade, se dar bem com as pessoas, ter bom relacionamento. São princípios que ele me passava e que hoje são muito presentes”.

Além de ajudar a família, Scapin trabalhou na rodoviária de Bento Gonçalves, depois atuou como garçom e frentista. Quando completou 18 anos, tirou a carteira de habilitação e logo foi para a estrada. Teve uma passagem pelo Exército antes de voltar aos caminhões. E depois decidiu empreender.

ENTREVISTA | Nilto Scapin

“Precisamos fazer diferente todos os dias”

O que servir ao Exército representou para você?
Fiz de tudo para não servir, mas foi uma das melhores coisas que me aconteceram. Me ensinou muito sobre disciplina. Você arrumava sua cama, lustrava o coturno, a fivela, tinha que ter comportamento exemplar. Qualquer deslize, ia preso. E foi lá que percebi que poderia deixar de ser caminhoneiro e virar empresário. Dependia apenas de mim. Oportunidades apareceram e me mostraram que a vida podia ser diferente.

Você tem facilidade de se integrar às comunidades e exercer papel de liderança. De onde vem isso?
Desde que estudei em colégios de freiras, não sei porque, meus amigos sempre me escolhiam como líder de sala, em quase todos os anos. No Exército também era escolhido para liderar algumas coisas. Acho que cativo algumas pessoas, mas não agrado a todos. Tento, de uma forma simplista, ter uma boa relação e respeito com todos, independente da camada social, raça ou religião.

Como você começou a participar de entidades de classe?
Quando trabalhava em Bento, me interessei pela CIC da cidade. Via que os empresários tinham boa interação, troca de conhecimentos e ótimo relacionamento. Quando vim para o Vale, em 1984, pensei em procurar formas de me integrar na comunidade. E a associação comercial e industrial era uma forma disso. Primeiro procurei a entidade de Estrela, depois a de Lajeado. As entidades de classe são fundamentais para o negócio. Sozinho, como empresário, você não vai muito longe. Sou apaixonado por isso, sempre gostei, e recomendo a participação.

E como foi o surgimento da Rhodoss?
Apareceu a oportunidade de fazer sociedade em uma empresa de implementos rodoviários. Fizemos toda uma análise dela, e vimos que a dificuldade era grande e havia o risco de fechar. Aí, veio a sugestão de abrir um negócio novo, com mão de obra especializada dessa indústria que estava por encerrar as atividades. Foi isso que aconteceu. Começamos pequenos, aproveitando mão de obra e fabricando um tanque por semana.

Qual o tamanho da Rhodoss hoje?
É uma indústria de implementos rodoviários, que atua na linha de tanques. Desde a fundação, fizemos alguns produtos especiais. Mas o foco principal são os tanques de alumínio. Fazemos também rodotrem, bitrem, vanderléia (carreta com 3 eixois distanciados). Mas a logística e o transporte se modernizam. Vira e mexe, tem legislação nova, regra nova, e temos que nos adaptar a elas. Temos que estudar todas as possibilidades para que o motorista, com implementos diferentes, consiga transportar mais carga.

O que você mais valoriza na tua equipe?
Comprometimento e resiliência. Chegar todo dia na empresa e trabalhar no negócio, tanto para o dono quanto para o funcionário não é algo simples. É preciso agilidade e foco. São pequenas coisas que levam a equipe a fazer diferente. Precisamos fazer diferente todos os dias.

E o que você aprendeu na Concresul e na Conpasul?
São empresas onde comecei minha vida pós-caminhoneiro. Na Concresul, fui gerente em Bento. E quando resolveram vir para o Vale, me chamaram para ser sócio. Foi um aprendizado enorme. Eramos três pessoas na sociedade, com três cabeças diferentes. Cada um com suas características, conhecimentos e expertises.

Qual o papel dos filhos hoje nos negócios?
Com o tempo, comecei a pensar na continuidade dos negócios, e na oportunidade a eles. Estamos vendo qual caminho trilhar, pois ser empresário hoje no Brasil não é algo muito fácil, ainda mais porque as coisas são muito cíclicas. Temos de estar preparados para a economia andando a todo vapor e também para as crises. E profissionalizar as empresas. Meus filhos dão uma boa resposta e fazem um excelente trabalho.


DICA DE LEITURA

Toda semana, Rogério Wink leva aos ouvintes e internautas uma dica de leitura. Desta vez, a sugestão é “Líderes Digitais”, de Gabriel Lima. Na obra, o leitor é preparado para enfrentar o futuro ao conhecer a perspectiva de 21 líderes digitais brasileiros. É um ensaio sobre como gerir um negócio digital.


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