Família e tradição no escotismo

Comportamento

Família e tradição no escotismo

Mais do que montar fogueiras e cuidar do meio ambiente, o movimento escotista busca desenvolver os patrulheiros. E, neste sábado, o Dia do Escoteiro celebra uma entidade que une companheirismo e participação familiar

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Família e tradição no escotismo
Mariângela e os filhos João Vítor e Manoela se encontram todos os sábados com o Grupo Tibiquary, e fazem parte da entidade em família

Eles são conhecidos por vender biscoitos, pelas aventuras nas florestas e pelos acampamentos. Mas ser escoteiro, vai além do culto à natureza. O movimento envolve família, comprometimento e união. Além disso, também ajuda na formação do caráter de milhares de crianças e jovens pelo mundo. No Vale do Taquari, não é diferente.

Em Lajeado, uma entidade foi criada em agosto de 2012, o Grupo Escoteiro Tibiquary, com cerca de 60 participantes. Entre eles, a família Schneider. A relação de Mariângela, Eduardo e dos filhos João Vítor e Manoela com o escotismo iniciou quando o menino tinha 6 anos. Depois foi a vez de Manoela entrar no grupo.

Na época, os pais ajudavam com apoio, e participavam dos acampamentos quando as famílias eram convidadas. Até o fim de 2019, quando Mariângela foi convidada para fazer parte da diretoria da entidade. A presidência veio em seguida, com um grande desafio. Mas ter a família sempre por perto é uma das recompensa do cargo.

“Aprendo todos os dias, e meus filhos também me ensinam sobre escotismo diariamente. Hoje, o João Vítor, por exemplo, que já está com 13 anos, já tem mais da metade da vida dele no movimento”, destaca a mãe.

Para ela, a melhor parte é se divertir de maneira saudável, assim como aprender a lidar com desafios. “A juventude está carente de bons exemplos, bons desafios e de usar o tempo livre com coisas úteis e saudáveis. Ser escoteiro é muito mais do que aprender a fazer fogo e acampar”, diz. Ser escoteiro, para Mariângela, é aprender a ser mais humano, solidário, e comprometido com as pessoas e a natureza.

Rian Schuhl dos Santos entrou no movimento aos 8 anos, e diz ter aprendido sobre caráter, bondade e companheirismo

Exemplo em casa

Quem fundou o Grupo Escoteiro Tibiquary foi o casal cachoeirense Luís e Elenara Machado. A motivação veio da filha, Marília, antes mesmo de chegarem a Lajeado. Em 2009, quando se mudaram para Lucas do Rio Verde, a cidade não tinha grupo de escoteiros,e Elenara se comprometeu em auxiliar.

“Minha filha passou a se apresentar na escola como escoteira, até que encontrou uma professora que também era do movimento e queria montar um grupo na cidade. Os objetivos eram os mesmos e Marília aproximou a mãe e a professora, que iniciaram os trabalhos”, lembra Luís. Assim, o Grupo Escoteiro Calango 26 MT foi fundado em outubro de 2009.

Quando a família chegou a Lajeado, em 2011, outra vez sentiu falta do movimento. O antigo Grupo Escoteiro Tapuias não estava ativo e a orientação da Região Escoteira do Rio Grande do Sul foi organizar uma nova entidade.

O casal convidou os colegas de trabalho, e o grupo começou a crescer, até receber o nome Tibiquary. Desde então, Elenara percebe o impacto positivo do movimento, em especial, para os jovens.

“Gosto de me sentir parte e contribuir para que os projetos e atividades do grupo aconteçam, isso é gratificante, me torna mais humana”, completa. Ela acredita que o programa escoteiro tem a capacidade de formar bons adultos, responsáveis, amorosos e autônomos.

Companheirismo e bondade

Entre os jovens escoteiros que fazem parte do grupo hoje, está o estudante Rian Schuhl dos Santos, 17. Ele entrou no movimento aos 8 anos, a convite de um colega. Desde lá, participa de acampamentos, plantio de árvores e cuidado à natureza.

O sentimento é de irmandade entre os companheiros de escotismo. “Tu vê aquela pessoa mais velha passando de ramo para ramo, virando teu chefe. Ou aquela criança mais nova evoluindo como pessoa. Ali dentro tu evolui também”, destaca o estudante.

Rian diz que um dos momentos mais marcantes da vida de um escoteiro é receber um distintivo máximo de uma das áreas do movimento. Mas, para o jovem, um acampamento há algumas semanas também trouxe histórias para contar.

“Havia uma trilha, e nesse momento vi que meus patrulheiros são pessoas muito boas. A gente acabou ajudando um menino com síndrome de down e espectro autista a completar a trilha que era super difícil”, lembra.

Rian descreve que ficaram algumas horas a mais no trajeto para acompanhar o patrulheiro. Desistiram, inclusive, de competir por velocidade na trilha. “Foi ali que vi que realmente estamos indo para um lugar legal. As pessoas ao meu redor são boas e tentam fazer boas ações”.

Para ele, o mais importante dentro do movimento é crescer e aprender uma coisa nova a cada encontro. Rian acredita que o escotismo mudou seu caráter para melhor. “Eu seria uma pessoa muito diferente se não estivesse no movimento”, acredita.

Luís e Elenara Machado participam do Grupo Escoteiro Tibiquary ao lado da filha Marília

Desafio e amizades

O estudante Josué Dapont, 18, também faz parte do movimento desde cedo. Ele entrou para o grupo em 2015, e acredita ter tido boas influências. Entre as atividades que mais gosta de participar no escotismo, estão os acampamentos. Um deles, no entanto, foi marcante.

“Foi bem puxado fisicamente e psicologicamente, mas ninguém do grupo desistiu. Nos mantivemos unidos, achei isso legal, e todo mundo conseguiu chegar até o final”, conta. O motivo de permanecer no grupo é pelas aprendizagens, mas também pelos amigos que fez no movimento.

O que faz um escoteiro

Mais do que o culto à natureza, um patrulheiro atua em seis áreas: física, afetiva, de caráter, espiritual, intelectual e social. O objetivo é o crescimento e o desenvolvimento dos jovens com foco na vida ao ar livre. Para participar, é preciso ter pelo menos cinco anos e ter iniciado a alfabetização.

Os encontros do Grupo Escoteiro Tibiquary são semanais, nos sábados, das 14h às 17h. Também são feitas atividades especiais como acampamentos aos fins de semanas e Bivaques – técnica de dormir na natureza sem a utilização de barracas, com o maior conforto possível e a menor agressão ao meio ambiente. Algumas atividades têm horário estendido, excursões, e tarefas com com outros grupos escoteiros. Além disso, são organizadas atividades distritais, regionais e nacionais, conforme o calendário do Movimento Escoteiro desenvolvido pelos Escoteiros do Brasil.

O nome Tibiquary vem dos indígenas que habitavam a região e chamavam o Rio Taquari de “Rio cujas margens haviam muitas taquaras”, o denominando de Tibiquary – o Rio das Taquaras.

Saiba mais:

Os ramos se dividem em faixas etárias e podem receber as crianças e jovens a qualquer momento e idade.

• Lobinhos: de 6,5 a 10 anos
• Escoteiros: 11 a 14 anos
• Sêniores e Guias: 15 a 17 anos
• Pioneiros: 18 a 21 anos
• Após os 21 anos, é possível se tornar Escotista e, a partir de cursos de formação, para atuar com crianças e jovens, conforme o ramo que escolher para ser voluntário.

Conforme dados da plataforma dos Escoteiros do Brasil, o Rio Grande do Sul conta hoje com mais de 2 mil escoteiros.

Total de jovens: 1153
Ramo Lobinho: 384
Ramo Escoteiro: 472
Ramo Sênior: 226
Ramo Pioneiro: 71

Total de adultos: 1006
Ramo Lobinho: 208
Ramo Escoteiro: 185
Ramo Sênior: 139
Ramo Pioneiro: 56
Dirigentes: 360
Contribuintes, beneméritos, e pais: 50
Clube da Flor de Lis,
com ex-escoteiros: 8


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