Histórias e fantasias  há 30 anos

tradição lajeadense

Histórias e fantasias há 30 anos

Uma das programações mais tradicionais do estado, a Festa à Fantasia de Lajeado chega hoje à 30ª edição. Mais de 5 mil pessoas são aguardadas no Parque do Imigrante. Festeiros veteranos relembram momentos do evento que marcaram as suas vidas

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Atualizado quarta-feira,
20 de Abril de 2022 às 12:02

Histórias e fantasias  há 30 anos
Lajeado

Era pra ser uma festa entre amigos, no início dos anos 90. Mas a notícia de uma Festa à Fantasia organizada na Acil de Lajeado se espalhou e, na primeira edição, em 20 de abril de 1991, 250 pessoas compareceram ao evento. Nos anos seguintes, o público cresceu e, com o tempo, a cidade passou a ser conhecida no país pela tradicional festividade.

Na noite de hoje, a partir das 23h, são esperados mais de 5 mil pessoas para celebrar a 30ª edição da festa. A atração principal deste ano é o DJ Alok, eleito um dos melhores do mundo.

Além de celebrar a retomada da festividade depois de dois anos, o evento também é marcado por recordações. Um dos idealizadores do evento, Daniel Kappler, conta que registrou a primeira edição com uma filmadora que pegou emprestado da mãe. A festa foi um sucesso e a cidade comentou por semanas.

“Não se falava em festa à fantasia na região, não tinha nenhum projeto neste sentido, então aquilo movimentou a comunidade. E aí pegou. Na segunda festa já foram 1300 pessoas”, lembra. Ao lado dele, estava outro organizador da época, Giuliano Orlandini, conhecido como Tio Ju. Assim que as pessoas chegavam fantasiadas, ele tratava de fotografar e, hoje, guarda as recordações em um álbum, junto com os ingressos de diferentes edições. Ele recorda que o valor para participar do evento era diferente, assim como a estrutura. Em 1994, quando a moeda passou a ser o real, o ingresso custava R$ 6.

O primeiro DJ

Adair Régis Ruppenthal foi o dj da primeira edição. “Foi um evento inédito em vários sentidos. Me surpreendi porque o público levou a sério e caprichou nas fantasias”, conta o empresário.

Já naquele ano, a festa tinha copa livre e a bebida estava inclusa no valor do ingresso. Entre as músicas que Ruppenthal tocou, ele lembra, em especial, do rock’n roll.

Na terceira, quarta, quinta e sexta edição do evento, também foi ele o dj. Mesmo no início, os organizadores pagavam bons cachês para os artistas que se apresentavam. E, apesar da festa ter surpreendido desde o primeiro ano, não se imaginava que alcançaria proporções estaduais. “Hoje você fala que é de Lajeado e as pessoas dizem, a terra da Fruki, do Carmelito e da Festa à Fantasia”, completa.

Daniel Kappler e Giuliano Orlandini estavam entre os amigos que idealizaram o evento, e recordam as três décadas de histórias do evento

A festa virou negócio

No início, a organização cobrava ingressos apenas para os gastos com bebida, música e salão. Mas a iniciativa começou a dar lucro e surgiu a oportunidade de negócio. “Eu não tinha nenhuma intenção de lucrar com o evento, não tinha visão de negócio. Mas com o tempo procurei parceiros, viramos sócios, e queríamos fazer algo legal”, conta Kappler.

Em 1994, a festa começou a contar com artistas estaduais. O Rock Gaúcho estava em alta, e participaram cantores como Maria do Relento, Papas da Língua, Black Master e Armandinho. “Depois começamos a trazer nomes mais expressivos como Inimigos da HP, Lexa, Kevinho e vários DJs do cenário nacional”.

Algumas personalidades também vieram ao município para curtir a festa. Entre elas, Sabrina Sato, Miriam Martin, do Zorra Total, Babi Rossi, Juliana Knust, da Globo, Rodrigo Scarpa, Wellington Muniz e muitos ex-BBB’s. Apesar disso, de acordo com Kappler, o verdadeiro artista é o público e sua criatividade na produção das fantasias. Daí a origem do slogan criado há mais de 20 anos: “O show é você”.

Três décadas de história

Quem frequentava o evento coleciona histórias da festividade: a edição em que o chopp acabou às 3h, o pedido de casamento no palco e o marcante ano de 1999, quando os ingressos esgotaram 45 dias antes da festa.

A organização sempre buscou originalidade e trouxe ao município o primeiro camarote em um evento local, assim como atrações circenses e decorações criativas. Hoje, esta é a festa à fantasia mais antiga do estado.

De lá pra cá

Embora a essência do evento permaneça a mesma, muita coisa mudou. Em 30 anos, o interesse musical passou a ser outro, e exigiu da produção, uma atualização permanente.

A comunicação da festa também mudou e, hoje, tudo é feito pelas redes sociais. “A gente fazia ligação de telefone de disco para convidar os amigos na década de 90. Saíamos à noite para fixar faixas de divulgação que eram pintadas à mão”, lembra Kappler.

Também havia desfiles pelo centro da cidade que ficava com a “cara” do evento. As ruas enchiam, e as pessoas criavam alegorias. Mesmo quem não participava, saia de casa para conferir as fantasias.

“Era uma festa que inundava a cidade de alegria, uma bagunça total! Só se falava nisso na véspera e vários dias após o evento. Muitas concentrações em casas de amigos com cobertura da imprensa local e estadual”. Hoje, de acordo com Kappler, ainda existe mobilização dos fãs da festa, mas o público reserva a energia para dentro do evento.

Apesar do primeiro evento ter sido em abril, ele passou a ser organizado sempre em setembro, antes dos bailes de debutantes. Por um período, também foi em julho. E, este ano, volta a ser organizado no dia 20 de abril, data da primeira edição.

Larissa de Oliveira foi escolhida Fada 2022

Fada 2022

Quando a festa se consolidou no município e até mesmo fora do estado, a organização passou a selecionar meninas para serem a “cara” da festa e divulgarem o evento. No início, as candidatas eram escolhidas por meio de uma publicação no jornal, e os leitores respondiam um cupom com a votação.

Hoje, tudo é feito pelas redes sociais. A Fada da Festa à Fantasia deve ter carisma, e engajamento social. Este ano, a escolhida foi Larissa Oliveira, 25. “Foram cinco etapas, e vai somando pontos de acordo com os resultados. Foi bem acirrado, e fiquei feliz por ser escolhida, tenho muito carinho pela festa”, destaca a lajeadense que participou da festa pela primeira vez em 2014. Além disso, acredita que ser a Fada 2022 trará muitas oportunidades.

Encontro marcado

A festa também rendeu namoros e casamentos. Lidiana Haas e Renato Cramer Peixoto se conheceram no dia 15 de setembro de 2007, na 17ª edição do evento. “Nos conhecemos ao acaso, na pista de dança, apresentados por um amigo”, conta Renato. Aquele foi o primeiro ano que participou, e foi vestido de havaiano. A data se tornou especial para o casal. E, nos anos seguintes, participaram de todas as edições.

Três anos depois, veio o casamento, em 24 de abril de 2010. “Aproveitamos o evento para lembrar os velhos tempos e para ‘renovar’ nossos votos de casamento”, diz Renato. Nesta noite, os dois estarão fantasiados de jogador de futebol americano e cheerleader, ao lado de um grupo de amigos que acompanha os lajeadenses desde o casamento.

30 anos na 30ª edição

A edição de 2010 foi a primeira que o engenheiro civil Roger Andre Werle participou. Naquele ano, decidiu ir de última hora, e a fantasia foi improvisada.

Anos mais tarde, em 2018, participou outra vez, com os amigos, e se fantasiaram de personagens da série La Casa de Papel. Este ano, volta ao Parque do Imigrante para a 30ª edição da festa que, por coincidência, é no mesmo dia do aniversário de 30 anos do estrelense.

“Creio que comemorar na festa será legal, porque irão alguns amigos, e pretendo fazer um ‘concentra’ na frente do evento com os que não vão” , conta. Este ano, com colete e capacete, ele irá fantasiado de engenheiro.

40% a mais nas vendas

A procura pelas fantasias iniciou em fevereiro. Proprietária de uma loja de Lajeado, Helena Beatriz Bergamaschi conta que, no período de Festa à Fantasia, as vendas aumentam de 30% a 40%. Já tiveram anos em que o aumento foi de 70%.

Hoje, muitos passaram a fazer as suas próprias fantasias, e compram apenas acessórios como tiaras, correntes e asas. Neste ano, as fantasias mais procuradas foram de anjo negro, diabinho, militar, gatinho e sereia.

De olho na segurança

Para garantir a segurança, 10 fiscais de trânsito estarão no local da festa. Conforme o Departamento de Trânsito do município, a faixa direita da Av. Parque do Imigrante e da Av. Alberto Muller serão fechadas logo pela manhã.

Em frente ao parque, será liberada a circulação, e, no entorno, o único sentido de tráfego será anti-horário. O procedimento é o mesmo que acontece em festas como Expovale e evita conflitos nos cruzamentos. A Brigada Militar também fará ações de visibilidade, barreiras de trânsito, prevenção a crimes patrimoniais e de perturbação.

Este ano, a estrutura terá três palcos simultâneos: a Pista Funk, a Pista do Bosque e a Pista Principal com o show mais esperado da festa, com o DJ Alok. Com o tema “floresta”, desde a entrada do parque os festeiros já serão recebidos com um túnel de taquara e lagos artificiais.

Locais que sediaram a festa

1991 – Acil
1992 – Danceteria Aquarius
1993 até 1999 – Clube 7 de Setembro
2000 e 2001 – Ginásio Prof Nelson Brancher
2002 até 2006 – Parque do Imigrante
2007 até 2017 – CTC
2018 e 2019 – Parque do Imigrante
2020 e 2021 não houve evento por conta da pandemia
2022 – Edição histórica no Parque do Imigrante.

Cuidados durante a festa

  • Fique atento a quem está à sua volta.
  • Não descuide de seus pertences, como bolsas, e não deixe celulares à mostra.
  • Mantenha-se ainda mais atento ao ir ao bar ou nos acessos a banheiros.
  • Caso seja vítima, registre o furto imediatamente e busque fornecer o maior número de detalhes à polícia. É possível registrar a ocorrência pela Delegacia Online.
  • Alguns também procuram autenticar os documentos para não levar os originais para a festa.

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