Em busca da macela

Opinião

Bibiana Faleiro

Bibiana Faleiro

Jornalista

Colunista do Caderno Você

Em busca da macela

Por

Há quem pense que o jornalismo é só redação. Mas o jornalismo está nas ruas. Nas casinhas do interior, nos prédios históricos, nas escolas e, o principal, nas histórias das pessoas. A profissão também tem lá suas aventuras. E, nesta semana, uma delas marcou a edição: a caça à macela, ou marcela, como é conhecida por aí.

Para começar a Semana Santa, muitas famílias têm o costume de pendurar um ramo de palmeira na entrada de suas casas. E, na Sexta-feira Santa, saem antes mesmo do sol nascer para colher a macela, para que ela ainda esteja úmida do orvalho da manhã e seja abençoada para o ano inteiro.

No interior de Cruzeiro, uma senhora muito simpática nos recebeu para contar esta história. O caminho até o Sítio das Camélias já nos indicava que aquela seria uma aventura. O nosso erro foi não saber disso logo cedo. Júlia e eu saímos de tênis brancos. Havia chovido no dia anterior e a terra seca virou barro. Na volta, tivemos que trocar os tênis antes de continuar o dia, mas esta é outra história.

Fomos recebidas com um sorriso e uma pergunta: “Vocês não vieram de botas?”. Naquela casinha de madeira que passou por gerações da família, a simpática senhora nos contou suas tradições de Páscoa. Nos contou dos tempos de juventude e das caminhadas em grupos de 80 pessoas em busca da macela pela cidade.

Ao final da entrevista, ela quis nos mostrar as próprias macelas que cresciam na propriedade. Depois de passar por cima de alguns arames, atravessamos um terreno cheio de barro. Passamos por meio de outras plantas que mesmo agora ainda não sei o nome. Inclusive, trouxe um raminho pra casa. Caminhamos por uns 20 minutos.

Talvez menos, mas a aventura pareceu demorada, já que a nossa expectativa por encontrar a plantinha era grande.

A simpática senhora sabia bem o caminho. E estava certa de que ali havia macela. Ao chegar no ponto que ela conhecia. Pasmem. Só ouvimos ela dizer “Ué, onde elas estão?’”. Júlia e eu olhamos uma para a outra e sorrimos. Aquela era mesmo uma aventura que iríamos contar depois.

Alguns minutos mais tarde, já fazíamos o caminho de volta para a casa dela. De mãos vazias. A conclusão foi que os cavalos teriam comido a macela que havia ali. Até agora, nem mesmo ela sabe o que aconteceu.

Por sorte, tinha um ramalhete em casa, e topou fazer fotos com a gente. A simpática senhora também era divertida, e pediu desculpas pelo que, na opinião dela, foi um vexame. Mas, para nós, foi uma boa manhã de trabalho. Espero que ela também tenha gostado da nossa visita.

Um pouquinho desta história você pode ler por aqui e, quem sabe, também resgatar alguns ritos de Páscoa que se perderam com o passar do tempo. Espero que esta também se torne uma boa lembrança para vocês.


Acompanhe nossas redes sociais: WhatsApp Instagram / Facebook.

Acompanhe
nossas
redes sociais