Conformidade Social

Opinião

Jonas Ruckert

Jonas Ruckert

Diretor do Colégio Teutônia

Assuntos e temas do cotidiano

Conformidade Social

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Na última quarta-feira estive em entrevista na Rádio A Hora para falarmos sobre mercado de trabalho, empregabilidade e formação técnica. No estúdio o tempo voa. Não houve tempo para correlacionar os assuntos daquele momento com o título desta coluna, razão pela qual sigo tencionando a problemática que me é tão cara.

Ao apresentar o enunciado da conformidade social cabe uma breve introdução sobre o assunto. Em 1951 Solomon Asch, psicólogo polonês, conduziu uma série de experimentos que buscavam entender a susceptibilidade da mente humana. A partir da aplicabilidade de ferramentas, métodos e métricas concluiu que o desejo em ser aceito no grupo social estava em plano superior ao desejo de fazer o que é certo.

O objetivo do experimento de Asch era estudar as condições sociais que induzem o indivíduo a resistir ou a se conformar pelas pressões da coletividade, quando este expressa uma opinião contrária ao evidenciado. A conclusão, de que a conformidade nos torna socializados ditando a maneira como agimos, foi evidenciada.

Questiono-me se não adentramos em um círculo vicioso de discursos e reflexões que se alocam no ponto da conformidade social. Empresários dizem vivenciar a escassez de mão de obra qualificada. Ouço o clamor cotidianamente. Instituições formadoras repetem o discurso da falta de interessados em qualificarem-se para o mercado de oportunidades.

No campo das políticas públicas há poucos movimentos ou programas. Uma lástima! Discursos conformados de que está difícil, de que não há recursos, não há público interessado, não há perspectiva. Há tempo o mesmo discurso conveniente e, na minha opinião, um tanto submisso.

Enquanto isso, diante de cada grupo replicando seu pensamento comum, digo, alinhado socialmente, americanos e europeus recrutam talentos em nosso país. A virtualidade e as conexões nos permitem todo esse contexto de empregabilidade. Saibamos que há muita mão de obra do “terceiro mundo” sendo utilizada pelos ditos “primeiro mundo”.

Na fala de empresários internacionais, o consenso de que enquanto países asiáticos seguem oferecendo mão de obra pouco qualificada e barata, o Brasil oferece mão de obra muito qualificada e igualmente barata. Seguiremos conformados por um modelo no qual não conseguimos irromper? Deixaremos que nossos talentos sigam ajudando a aumentar a economia “dos grandes”? Seremos para sempre fornecedores de matéria prima?

Ao final desta reflexão, fica o convite: rompamos a conformidade social! Tenhamos ousadia para sermos o primeiro. Sejamos os empresários que reconhecem a mão de obra qualificada aqui existente, as instituições que busquem interessar os jovens e os cidadãos que olhem para as políticas públicas propostas pelos candidatos, especialmente os das próximas eleições. Mas, acima de tudo, não repliquemos o discurso para que sejamos aceitos. Como outrora afirmou Nelson Rodrigues, “toda unanimidade é burra”.


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