Quando eu era criança, via outras crianças da minha escola subirem ao palco do colégio para se apresentar. Elas vestiam fantasias e interpretavam diferentes personagens. Mesmo tão novas, aquelas crianças já enfrentavam um dos medos que muitas pessoas têm ainda hoje: o medo de sermos julgados, de errarmos em frente a um grande público. O medo de fracassar.
Lembro que naquela época, eu já olhava os meus colegas com admiração, mesmo sem saber o que era o fracasso de verdade, e o que seria esse medo no futuro. Parece clichê, mas vejo o teatro, a música ou qualquer apresentação ao vivo como uma grande metáfora para este medo do fracasso.
E é preciso prática, muito estudo e dedicação. Porque a autoconfiança, na maioria das vezes, não vem sozinha. Há aqueles mais corajosos, e os que preferem a cautela, mas, no fim, uma hora ou outra, o frio na barriga chega para todos nós.
Parece contraditório, mas esse também é um sentimento bom. Aquele nervosismo antes de fazer algo, qualquer coisa que seja, significa que o que está por vir vale a pena. Que aquilo é importante e que nos importamos de verdade. O medo de fracassar em algo que queremos ser muito bons também demonstra o valor daquilo que fazemos.
Mas é preciso equilíbrio. Viver com medo pode nos impedir de seguir muitos dos nossos sonhos. E viver sem ele pode fazer com que as coisas percam parte do seu valor. Por isso, uma boa dose de crença, com uma pitadinha de frio na barriga pode ser a medida certa para que grandes ou pequenas coisas aconteçam.
O medo do fracasso só não pode ser maior do que a vontade de tentar. O resto, dá se um jeito. Com um copo de água com açúcar para acalmar ou uma bebida um pouco mais forte para animar. No fim, cada um tem suas próprias receitas para enfrentar seus medos. Sejam eles dentro ou fora de um grande teatro.
