Pesquisa revela visão do eleitor sobre candidatos locais

Eleições 2022

Pesquisa revela visão do eleitor sobre candidatos locais

Para 43,9% dos votantes da região, ter comprometimento com as bandeiras locais é o mais importante na hora de escolher um candidato para os parlamentos. Líderes destacam necessidade de mudança cultural para Vale ter mais representação política

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Pesquisa revela visão do eleitor sobre candidatos locais
Pesquisa aborda conhecimento do eleitor sobre representação local, preferência de nomes aos parlamentos, e ao governo estadual e federal
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A ideia de fortalecer a presença regional nas decisões políticas tanto na Assembleia Legislativa quando na Câmara dos Deputados passa pelo conhecimento sobre o perfil do eleitor. Esse é um dos objetivos do projeto “Desperta, Vale do Taquari”, promovido pelo Grupo A Hora.

Na primeira pesquisa eleitoral, o Instituto Methodus destaca os motivos que levam as pessoas a escolher nomes locais. Ser comprometido com a região é considerado muito importante na hora do voto.

Conforme o diretor de projetos do instituto, graduado em filosofia e pesquisador em comportamento político pela PUC/SP, José Carlos Sauer, ainda que haja a leitura de importância da representatividade por parte do eleitor, a resposta só vem quando ele é provocado sobre o assunto. “O eleitor parece desatento a esse processo. Isso mostra o quão importante são os projetos como o Desperta.”

Pela experiência em pesquisas eleitorais, Sauer frisa que essa preocupação quanto a escolha por nomes identificados com as regiões está presente em diferentes localidades gaúchas. Por outro lado afirma: “desconheço alguma que tenha se materializado, sendo transformada em projeto, com uma ação ativa de estabelecer diálogo com a comunidade.”

Para o diretor geral do Grupo A Hora, Adair Weiss, o projeto parte do entendimento de que o Vale do Taquari precisa se fortalecer, estar no centro das discussões políticas. “Uma região sem presença política é mais fraca. Não participa das decisões políticas”, comenta.

A pesquisa ouviu 300 eleitores em seis cidades da região entre os dias 22 a 25 de março. Os motivos mais citados para escolher um candidato a deputado local são: ser comprometido com a região (43,9% consideram isso muito importante e 53,8% importante); estar preparado para enfrentar os desafios futuros do Vale do Taquari (41,9% muito importante e 55,1% o importante); e conhecer as necessidades locais (37,2% muito importante e 58,1% o importante).

Carência de liderança

Presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale (Codevat), Luciano Moresco, reforça a necessidade de agentes políticos ligados à região, que conheçam o cotidiano e as mazelas locais. “Nas bases é que o deputado captam as informações e as demandas das localidades. Tão importante quanto isso, está a identificação com o Vale, o vestir a camiseta, ligada a questão social, aos setores produtivos e à educação.”

O presidente do Codevat considera que falta identificação de um líder que represente o Vale do Taquari. “Basta ver o que aconteceu com o plano de concessões. Foi aprovado pelos deputados por conveniência da governabilidade. Agora estamos fazendo audiências públicas com a ‘vaca que já foi pro brejo’”, critica.

Outra questão que merece análise, diz Moresco, é o entendimento do que representa a democracia. Neste caminho, acredita ser necessário aumentar a consciência do eleitor. “Parece que é só o voto. Democracia é um exercício diário. É acompanhar o trabalho daqueles que escolhemos. Nos mantermos vigilantes e cobrarmos resultado.”

Liberdade de escolha

Na Associação dos Vereadores (Avat), a decisão dos parlamentares é individual. Os integrantes dos Legislativos pelos municípios decidem quem apoiar, sejam candidatos da região ou não. “Essa foi uma decisão adotada em assembleia”, diz o presidente, vereador de Taquari, Leandro Mariante.

Ainda assim, o tema merece ser debatido, acredita. “Não ter nomes tanto na assembleia quanto em Brasília nos prejudica. Nosso sistema político para aprovação de projetos é pelo voto. Não temos políticos para votar nas nossas demandas.”

Para ele, há uma mudança cultural em curso. “O resultado não vamos ver nesta eleição. Pode ser que até algum dos nomes locais consiga se eleger, mas não será com uma votação expressiva.” Pela análise de Mariante, a região precisa criar uma consciência coletiva na política quando um nome local à Assembleia Legislativa alcançar 35 mil votos dos eleitores nos 38 municípios e mais de 60 mil para uma cadeira na câmara dos deputados em Brasília.

Até lá, haverá uma continuidade nas estratégias dos partidos e de alguns candidatos, de fazer a eleição geral como uma mola propulsora às eleições municipais para prefeito e vereador.

“Fazer o eleitor apostar em nomes daqui”

O presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), prefeito de Colinas, Sandro Herrmann, ressalta a dificuldade em criar um nome de consenso. “Não depende só dos prefeitos. É preciso entender a corrente partidária, a escolha das siglas. Muitas vão colocar dois, três, ou quatro nomes.”

Na análise dele, o pleito deste ano será similar ao de quatro anos atrás, quando 15 nomes de moradores do Vale foram inscritos. “Vai ter bastante candidatos de novo e corremos o risco de não elegermos ninguém”, antecipa.

Ainda assim, considera que esse quadro não depende só de políticos locais, mas também do entendimento da população. “É preciso escolher o melhor, aquele vinculado às nossas demandas. Fazer o eleitor apostar em nomes daqui. É ele que vai escolher.”

Outra questão relevante diz respeito ao apoio dos gestores. Por vezes, admite, prefeitos se comprometem em apoiar determinado candidato devido aos recursos enviados por meio de emendas parlamentares. “Esse é um problema também.

Próximas edições

Na quarta-feira (30), A Hora publica os resultados da pesquisa espontânea e estimulada para a Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados e Senado. Na quinta-feira (31), será a vez dos números com relação ao governo estadual e ao federal.


ENTREVISTA | José Carlos Sauer, diretor de projetos do Instituto Methodus, filósofo e pesquisador em comportamento político

A Hora – Pelas características do Vale do Taquari, há uma votação heterogênea, com pulverização dos votos em diferentes partidos e candidatos. Quais os motivos para isso?
José Carlos Sauer – A população do Vale do Taquari tem como característica ser uma comunidade empreendedora e que atrai trabalhadores de diferentes regiões. Esse é um dos motivos que ajuda a explicar esse voto heterogêneo. Também há fenômenos próprios do movimento político, nomes que representam correntes ideológicas preponderantes do momento.

Como é possível criar consciência coletiva sobre a representação local nos parlamentos?
Sauer – Quando verificamos uma ação organizada, tanto o projeto do Grupo A Hora, quanto o debate nas entidades representativas, se tem um canal de diálogo para alertar sobre essa representatividade. Vemos que há muitas pessoas que não sabem sobre esses movimentos, e que quando são informadas, acreditam ser importante.

Isso comprova a importância em trazer essas temáticas, pois quando o eleitor é provocado, passa a priorizar candidatos vinculados aos interesses da região. A partir disso, vem uma opinião voltada ao grupo social, não em preocupação individual, de um município receber verbas por meio de emendas, como muitos políticos usam como justificativa.

O eleitor informado quer candidatos com conhecimento sobre os interesses da região. De ser um candidato mais plural.


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