Leite renuncia ao governo e sinaliza disputa à presidência

Eleições 2022

Leite renuncia ao governo e sinaliza disputa à presidência

Ato oficial da troca no Piratini deve ocorrer na quinta-feira. Eduardo Leite permanece no PSDB e se mantém à disposição para concorrer ao Planalto

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Leite renuncia ao governo e sinaliza disputa à presidência
(Foto: Felipe Dalla Valle)

Estar disponível à disputa presidencial é estratégia de Eduardo Leite ao anunciar a renúncia do cargo de governador. Com a decisão, assume o vice Ranolfo Vieira Júnior, que também acumula a função de secretário de Segurança Pública. O ato da troca no Piratini está previsto para quinta-feira, 31.

Mesmo sem citar a qual cargo concorre no pleito deste ano, Leite afirmou permanecer no PSDB. Ele considera que embora as prévias do partido tenham indicado João Doria como o presidenciável, os cenários podem mudar diante da necessidade de um nome forte como alternativa à polarização.

Até então, Leite avaliava migrar para o PSD, onde recebeu o convite para se tornar o pré-candidato ao Palácio do Planalto. Ainda assim, diz manter diálogo com outros partidos que incluem o MDB, União Brasil e Cidadania. Na sua percepção, até as definições, em agosto, é preciso esgotar todas as possibilidades com diálogo e respeito.

Ao deixar em aberto a possibilidade de concorrer à presidência da república, Leite diz que atende às determinações da lei eleitoral. “Vou renunciar a um poder para não renunciar à política”, disse ontem durante a coletiva de imprensa.

Conforme prevê o calendário eleitoral de 2022, em 2 de abril encerra o prazo para que agentes políticos renunciem aos cargos e possam concorrer a presidente, governador, senador ou deputado. Já a janela da troca partidária fecha dia 1º.

Sucessão no Piratini

O vice Ranolfo Vieira Júnior, que passa a assumir a função de governador a partir de quinta-feira, é também cotado como pré-candidato do PSDB ao governo gaúcho. A legislação eleitoral permite que ele siga no cargo caso seja o indicado.

Ele é o principal nome defendido por Eduardo Leite em um discurso sobre a continuidade do trabalho. “Colocamos o RS no rumo do desenvolvimento, por meio de uma agenda que permite investimentos em todas as regiões do estado”, disse Leite ao defender a indicação de Ranolfo.

Embora não cogite a reeleição, o anúncio de Leite acirra ainda mais a corrida ao Piratini. Ao mesmo tempo, diz que estão mantidos diálogos para alianças com outras siglas, em especial o MDB, que no fim de semana indicou como pré-candidato a governador Gabriel Souza.

ENTREVISTA | Rodrigo Drebes Soares – Cientista político
“A terceira via ainda não encontrou seu espaço”

A Hora – Quais são os cenários a partir da disponibilidade de Eduardo Leite no tabuleiro eleitoral?
Rodrigo Drebes Soares – As chances de uma grande reconfiguração de poderes no cenário eleitoral federal são mínimas. Eduardo Leite (PSDB) já perdeu para Doria nas prévias, mas como ele mesmo afirma, sua candidatura almeja, além de consolidar uma alternativa eleitoral da chamada terceira via política, busca trazer a atenção para futuros projetos e cortejos eleitorais. É pouco provável que seu olhar esteja direcionado a outro lugar diferente do Palácio do Planalto. A terceira via, ao que parece, ainda não encontrou seu espaço ou definiu claramente seu papel na disputa de forças que se configura.

Mesmo que de momento Leite permaneça no PSDB, há alguma possibilidade ainda de trocar de partido?
Soares – Sempre há possibilidade, a questão é a coerência com as escolhas do candidato. Como Leite recusou a proposta de filiação ao PSD, fica cada vez mais distante uma perspectiva que admita uma possível desfiliação. No entanto, sua própria permanência no PSDB, apesar de ter como pretexto a consolidação de um candidato forte à terceira via e às eleições, incide sobre a desconfiança com a provável aliança PSD e PT.

O que pode acontecer em relação a João Doria e sua indicação nas prévias?
Soares – O problema principal de Doria, se podemos colocar dessa forma, está na política intrapartidária. Com medo de ser escanteado pelo próprio partido, levanta alegações polêmicas de golpe, principalmente pela articulação interna de o substituir por outro nome. Essa reconfiguração de forças internas pode levar à escolha, por exemplo, de Eduardo Leite para concorrer à presidência em nome do PSDB.

– Em relação ao Piratini, o vice assume o governo e pode concorrer?
Soares – O vice-governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) é não somente o substituto ideal, segundo Eduardo Leite, para dar continuidade ao projeto de governo, como é o substituto legal, conforme disposto na Constituição Estadual. Nesse sentido, é prerrogativa legal que ele assuma o governo do Estado. Quanto às futuras eleições, o cenário ainda é incerto. Sem contar a ala governista, algumas candidaturas já estão praticamente consolidadas, como Onyx Lorenzoni (PL), Edegar Pretto (PT) e Gabriel Souza (MDB). Até o momento, o PSDB ainda não se pronunciou diretamente sobre possíveis sucessores, mas a aposta principal gira em torno de Ranolfo.


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