Vale organiza compra coletiva de insumos ao setor de alimentos

Economia

Vale organiza compra coletiva de insumos ao setor de alimentos

Estratégia para combater aumento de preços passa pela cooperação do setor produtivo. Pela análise local, conflito entre Rússia e Ucrânia desequilibra logística internacional e acentua aumento de custos de produção, já inflacionados pela pandemia

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Vale organiza compra coletiva de insumos ao setor de alimentos
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Empresários debateram nessa sexta-feira, 25, planos para combater a escalada de preços dos insumos observada após a tensão geopolítica causada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. A guerra no leste europeu compromete rotas internacionais de comércio, interfere na disponibilidade de matéria-prima e, por consequência, eleva os custos de produção.

A compra coletiva de insumos é uma solução buscada pelo setor produtivo, diz a diretora da Bebidas Fruki, Aline Eggers, que também é coordenadora do Arranjo Produtivo Local (APL) Alimentos e Bebidas do Vale do Taquari.

“Foi uma conversa para sentir se os empresários estavam abertos para esse movimento. E sim, todos se colocaram dispostos a buscar soluções conjuntas pois o momento está difícil para todos”.

A estratégia consiste em agregar volume às compras da indústria regional. Empresas com compras mais volumosas tendem a ter melhores condições de negociação. A Fruki, por exemplo, não enfrenta escassez de insumos, mas encontra dificuldade no preço da matéria-prima.

“Ao longo do tempo, nós trabalhamos contratos de fornecimento, o que me trás uma vantagem porque o fornecedor tem que priorizar as empresas com contratos”. Ela afirma que as obrigações são em duas vias, mas reduz os riscos quando há pouca oferta de produtos. “Acaba nos protegendo na escassez de insumos, mas ainda não nos garante preço”.

A Câmara de Indústria e Comércio regional (CIC-VT) e a APL Alimentos e Bebidas organizam uma nova reunião, que deve ocorrer em Lajeado, entre o fim de abril e o início de maio. Desta vez, a reunião vai estudar os aspectos legais da compra conjunta, elencar demandas e prioridades.

Insumos mais demandados

Análise preliminar aponta alguns itens como prioritários às indústrias no Vale do Taquari. O leste europeu afeta o mercado global de alguns produtos, como grãos e fertilizantes.

O agronegócio trabalha com aumento de 300% no preço de itens, como o ácido fosfórico. Isso impacta o plantio de milho e encarece a pecuária, com aumento no preço da alimentação de suínos e aves.

O trigo, o qual tem como principais exportadores no mundo Rússia e Ucrânia, encarece a produção de massas e panificação. Empresas do setor de alimentos da região também veem o aumento do preço dos açucares como um desafio, assim como o ácido cítrico, usado na fabricação de refrigerantes e doces.

Empresas, cujo a demanda por insumos são pouco volumosas, precisam fazer compras de longo prazo afim de não travar a produção sob o risco de não encontrar matéria-prima no mercado. Com isso, aumenta o investimento na produção, diz o presidente da CIC-VT, Ivandro Rosa.

“O grande problema é que a empresa antecipa às compras. Esse movimento provoca um rearranjo total, aumenta a estocagem, antecipa pagamentos, descapitaliza as empresas”.

Transporte afeta preços

O aumento do preço do transporte também gera o encarecimento da produção. Dois fatores, em especial, impactam o gasto nas cargas. A inflação dos combustíveis, decorrente do valor do petróleo, e a mudança de rotas comerciais.

A alta na movimentação de produtos e insumos transcende o impacto da guerra sobre o preço dos combustíveis fósseis, as cadeias de logística são alteradas desde o início da pandemia. Neste contexto, o setor produtivo gaúcho está em desvantagem em relação ao resto do pais.

Para reduzir custos, rotas marítimas foram encurtadas e o porto de Rio Grande não faz mais parte de muitos trajetos. Algumas empresas da região preterem o único escoamento marítimo do estado a outras opções, como Itajaí, em Santa Catarina. A inflação no aluguel de contêineres também impacta a venda de proteína animal.


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