Cooperativismo se faz  com pessoas e para pessoas

Opinião

Fernando Röhsig

Fernando Röhsig

Consultor empresarial

Cooperativismo se faz com pessoas e para pessoas

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O cooperativismo, em sua essência, é uma alternativa que um grupo de pessoas encontrou para se organizar e empreender em uma atividade econômica para ter seu sustento. É um tipo de organização bastante antiga e que nasceu da iniciativa da própria classe trabalhadora para obter autonomia para sua sobrevivência, unida por um princípio básico: a cooperação. Tem um arranjo econômico distinto de outras instituições, constituindo-se com base em princípios e mecanismos próprios de organização, atuação e representação.

O Manual de Boas Práticas de Governança da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) define cooperativa como um modelo de direção estratégica, fundamentado nos valores e princípios cooperativistas, que estabelece práticas éticas visando garantir a consecução dos objetivos sociais e assegurar a gestão da cooperativa de modo sustentável em consonância com os interesses dos cooperados. Atualmente, existem sete ramos de atuação das cooperativas: (1) Agropecuário, (2) Consumo, (3) Crédito, (4) Infraestrutura, (5) Saúde, (6) Transporte, (7) Trabalho, Produção de Bens e Serviço.

Para as pessoas que têm relação com alguma cooperativa, seja como associada, profissional, dirigente ou parte interessada da comunidade, entender como esta reunião de pessoas se organiza para buscar o sustento passa pela compreensão do que é a cultura deste universo. São as regras do jogo da cultura que fornecem significado, direção e mobilização, um tipo de energia social que move a cooperativa para a ação.

Assim, é a partir da reunião de pessoas, e não do capital, que se constitui uma cooperativa. Nesta forma de atuação, cada pessoa tem direito a um voto para as deliberações necessárias nos fóruns da organização. Existem outras características que diferem as cooperativas das outras instituições, mas a intenção aqui é focar na relação do poder com a participação das pessoas. É nesta reunião de pessoas que se tem a essência, o fundamento da construção de uma cooperativa.

Em 1995, no Congresso Centenário da Aliança do Cooperativismo Internacional, realizado em Manchester, na Inglaterra, foram revistos e aprovados os atuais princípios que regem o funcionamento de toda e qualquer cooperativa no mundo. Um deles merece destaque: “Educação, Formação e Informação: ser cooperativista é se comprometer com o futuro dos cooperados, do movimento e das comunidades. As cooperativas promovem a educação e a formação para que seus membros e trabalhadores possam contribuir para o desenvolvimento dos negócios e, consequentemente, dos lugares onde estão presentes. Além disso, oferece informações para o público em geral, especialmente jovens, sobre a natureza e vantagens do cooperativismo.”

Esta diretriz demonstra que não basta uma pessoa que atua em cooperativa fazer o seu trabalho dentro da organização e pronto. Nesta atividade, a pessoa precisa contribuir para o desenvolvimento dos negócios naqueles lugares onde está presente, em que ela vive, na sua comunidade local. Levar as vantagens do cooperativismo para a comunidade onde esta pessoa está inserida é um princípio que rege o funcionamento de qualquer cooperativa no mundo.

Uma forma de ajudar as comunidades locais é através do trabalho voluntário, seja em entidades sociais, na igreja, no time de futebol, na orquestra, nas ações ambientais, na defesa de causas comuns a todos, enfim, aplicar na prática os conceitos do cooperativismo para que mais pessoas entendam a sua dimensão e possam contribuir com seu ecossistema. Quem, portanto, atua numa cooperativa precisa compreender a sua vocação para o trabalho voluntário além da organização cooperativa propriamente dita.

Aquelas pessoas que já fazem parte de uma cooperativa e têm essa vocação naturalmente aplicam esses conceitos do trabalho voluntário nas ações junto à sua comunidade local e são estimuladas a fazer isso cada vez mais. Já para aquelas pessoas que ingressam depois de ter atuado em atividade profissional não cooperativa, a adaptação numa cooperativa pode demandar tempo até a efetiva compreensão deste princípio universal. Se este entendimento não ocorre, é melhor que essa pessoa saia da cooperativa e tente atuar numa organização com uma cultura mais alinhada ao seu perfil.

Felizmente a cultura cooperativista é assim: exige que esta reunião de pessoas ocorra em diversas frentes para promover o desenvolvimento da comunidade local e não somente dentro da cooperativa em que se atua.
Bem-vindo ao mundo do cooperativismo. Um mundo no qual a união de pessoas com um objetivo comum rompe as fronteiras de sua atividade com o propósito de beneficiar muito mais gente do que se pode imaginar.


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