Da origem indígena para virar símbolo da cultura gaúcha

CULTURA

Da origem indígena para virar símbolo da cultura gaúcha

Livro que conta a história da erva-mate no RS será lançado hoje em Ilópolis. Obra aborda como o chimarrão foi elemento fundamental para o povoamento do território estadual

Por

Da origem indígena para virar símbolo da cultura gaúcha
4º volume da série “A Fronteira”será lançada hoje, às 16h, no Museu do Pão
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A obra “Mateando: Os Ervais dos Povos Indígenas”, do escritor Tau Golin, será lançada hoje, às 16h, no Museu do Pão, em Ilópolis. A publicação é o quarto volume da série “A Fronteira”, que tem o objetivo de reconstruir a ocupação da América meridional. O lançamento é uma promoção da AAErva-Mate, IBRAMATE e governo de Ilópolis.

“A erva-mate é um elemento civilizatório. É algo que começou com os índios, entrou no mundo do colonizador e se mantém no cotidiano até hoje”, comenta Golin. Com 608 páginas, a publicação conta não só a história do costume gaúcho, como também disseca a importância fundamental do chimarrão para o povoamento do Rio Grande do Sul.

A partir do livro, o leitor conhecerá as tecnologias desenvolvidas pelos índios que permitiram que a folha de erva-mate fosse utilizada como chá e chimarrão. Além disso, é possível entender como os povos originários enfrentaram a servidão ao vender a erva-mate para comprar a sua liberdade. Isso porque pagar impostos era a única forma de não serem escravizados.

No entanto, antes de ser aceita e comercializada, a erva-mate foi demonizada. Como era utilizada em rituais dos pajés, a igreja católica a condenava. As coisas mudaram quando os padres jesuítas aceitaram o chimarrão como um mal menor do que outros cultos indígenas. Além disso, para os europeus sem pedras preciosas, o chamado “ouro verde” foi um importante elemento de mercantilismo. A partir daí, houve exportação e até mesmo recomendação da erva-mate como solução para problemas de saúde.

“Hoje ela está inserida dentro de um sistema social. Nos sentimos latino americanos quando tomamos chimarrão”, afirma. Segundo o escritor, muito além dos gaúchos, a erva-mate é identitária de toda região da América meridional, incluindo países como Argentina, Colômbia e Peru.

A escolha de Ilópolis para o lançamento do livro não acontece à toa. Conforme Tau, a erva-mate é originária de regiões altas. Apesar de ser muito associada aos pampas e até mesmo ao Uruguai, os índios dessa região, na verdade, cambiavam o produto. “A região Taquari-Antas foi responsável por grandes ervais. Entre Taquari e Rio Pardo havia duas grandes vacarias e uma delas, a Vacaria Nova, era um dos núcleos da produção de erva”, conta.

“A Fronteira” continua

A série “A Fronteira” deve contar mais duas publicações. Além de contar a história do Sul do Brasil, as obras abordam a formação do Uruguai, Paraguai e Argentina. Com quase duas dezenas de livros lançados, Luiz Carlos Golin, o Tau Golin, é um dos maiores estudiosos da cultura gaúcha.


Acompanhe nossas redes sociais: Instagram / Facebook.

Acompanhe
nossas
redes sociais