A nova (velha) pobreza: o processo de vulnerabilização social

Opinião

Cíntia Agostini

Cíntia Agostini

Vice-presidente do Codevat

Assuntos e temas do cotidiano

A nova (velha) pobreza: o processo de vulnerabilização social

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Atualizado domingo,
06 de Fevereiro de 2022 às 12:12

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A vulnerabilização social sempre existiu, mas novamente esse tema nos chama a atenção à medida que acompanhamos, nacional e internacionalmente, pessoas perdendo seus bens, vivendo nas ruas, passando fome, sendo excluídas dos processos econômicos e sociais. São os pobres que, independentemente do sistema de produção, foram desqualificados ou desfiliados, ou seja, que ficam à margem da sociedade na qual vivem.

Marques et al. (2012) nos ajuda a compreender o que chamamos de uma “nova pobreza”, a qual vai muito além das limitações de renda, pois envolve novas facetas das formas de trabalho, as migrações, o papel e tamanho das famílias, as questões de gênero, o mercado de trabalho, as políticas públicas e a atuação do Estado na provisão do bem-estar dos indivíduos nas últimas décadas. Isso significa que a pobreza não é indicada apenas pela renda e sim pelo acesso aos serviços públicos e à disponibilidade de políticas públicas que atendam plenamente a todos os cidadãos. E nesse momento, após dois anos de pandemia, a situação de vulnerabilidade social é percebida claramente em suas diversas dimensões.

A vulnerabilização social é demonstrada sim nos pobres que não possuem renda, nos pobres que são excluídos socialmente mesmo tendo renda, nos pobres em diferentes territórios e abarcados de possibilidades e acessos às políticas públicas, mas também nos pobres no território e na identidade territorial, como aqueles atores sociais que indicam o nosso pobre e o pobre dos outros, como aquele completamente excluído socialmente. Aquele que vive na mendicância por diversos motivos, inclusive um que perdura também ao longo da história, qual seja, a dependência química. Pobre que cultural e psiquicamente se acha, se vê e se constrói como pobre.

E assim, passados dois anos da pandemia, as dimensões das perdas são diversas e significativas e, em se tratando dos novos (velhos) pobres, vulnerabilizados e excluídos socialmente, os desafios para o Estado, a sociedade e o mercado estão presentes e, apesar de recorrentes, demonstram ser contundentes e urgentes.

Nessa perspectiva, é clara a necessidade de aproximar a discussão da ação sobre a pobreza naquilo que se destaca nos temas da justiça social, da inclusão e a possibilidade de bem-estar da sociedade. Nesse contexto, para além da relação do Estado com os mais vulneráveis ou atendidos pelas políticas públicas, é fundamental construir e consolidar redes de relações sociais, ou seja, as condições de bem-estar social que estão atreladas aos processos de integração dos indivíduos, suas redes de relação e as políticas públicas que acessam. Tais relações vinculam a ação dos próprios indivíduos e da comunidade, dos mercados e do Estado.


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