Por tudo o que estamos passando nessa pandemia que ainda perdura, muitos aprendizados e ressignificações
são necessários como uma estratégia de seguirmos em frente, conquanto ainda tenhamos tantas incertezas e desafios. Uma das lições básicas consiste em termos a consciência de que o mundo mudou, tanto do ponto de vista das formas de comunicação e dos avanços tecnológicos acelerados em que estamos envoltos, quanto dos cuidados sanitários de higiene, isolamento e vacinação. Por outro lado, o aspecto emocional, que faz parte da integralidade do ser humano, acaba por ser muito abalado e, nesse sentido, importante se faz a volta à intimidade interna de cada um, revisando valores, fortalecendo a estrutura mental, observando seus limites e respeitando-os, a fim de saber lidar com as demandas desse novo mundo.
Quem passa por tal doença acaba por sair transformado dela ou, pelo menos deveria sair, já que ela limita, em muito, o campo de socialização que nos define como humanos, através da nossa construção na relação com o outro, além de imprimir, compulsoriamente, uma introspecção, mais conhecida como a boa e velha revisão da consciência. Assim, é uma parada necessária que a vida coloca a nossa frente, cujo enfrentamento diz respeito, apenas, a nós mesmos. Uma oportunidade de evolução, infelizmente, através da dor, mas cuja
experiência pode servir de reforma íntima e ajuda pelo exemplo a outras pessoas. O mais importante de
tudo isso é não transformarmos as estatísticas em palco de julgamentos desnecessários, porque, diante
da fragilidade da doença, é a humanidade do outro que acalma, cura, conforta. Somos seres imperfeitos em progresso a evoluir constantemente, e é a nossa vulnerabilidade que nos conecta, porque é o elo universal que nos iguala a todos. Ninguém é tão perfeito assim que não tenha tido falhas na vida, e é para além de certos e errados que devemos construir a nossa sociedade, entendendo a complexidade do que nos faz humanos.
Portanto, a pandemia ainda não deu trégua, e é bem provável que tenhamos que fazer desse desafio a nossa convivência diária daquilo que não podemos controlar. Entretanto, a confiança da fé de cada um àquilo que lhe é significativo, aliada aos estudos científicos serão os nossos balizadores sociais de um mundo sempre em construção. Que possamos trazer à tona o diálogo franco e autêntico sobre essa pauta como um recurso de resiliência, fortalecimento e superação, porque nunca estaremos sozinhos.
