Calor extremo persiste e favorece pancadas de chuva

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Calor extremo persiste e favorece pancadas de chuva

Institutos de meteorologia mantêm previsão de calor com máximas perto ou acima de 40 graus até a próxima semana. Condição reforça a possibilidade de chuva, mas requer maior cuidado com a saúde

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Calor extremo persiste e favorece pancadas de chuva
Lajeado registrou 42,4°C no fim de semana. Sorvete foi opção para se refrescar neste calor extremo
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Ar quente e úmido proporciona chuva irregular e localizada nos próximos dias. Em algum momento não se descarta temporais com vento forte e queda de granizo. Além disso, o extremo da temperatura também oferece risco à saúde. Entre os mais expostos, crianças, idosos e pessoas com comorbidades.

Na produção agrícola, as áreas de instabilidade são um pequeno alívio, embora não atenuem as perdas no campo. A expectativa é de baixos acumulados durante a semana. Em alguns pontos do Vale pode chover entre 15 e 20 milímetros. Por serem núcleos isolados, há possibilidade de chuva torrencial em um bairro ou cidade e em outros não.

“É a famosa chuva de verão. Estas pancadas cairão em pontos isolados ao longo da semana, mais da tarde para a noite e em curtos períodos”, explica a meteorologista da MetSul, Estael Sias. Essa instabilidade é gerada a partir do encontro de ar muito quente e maior umidade na atmosfera. “Esses dois são combustíveis para temporais”, alerta Estael.

Entre amanhã e sexta-feira, 21, conforme modelos meteorológicos, haverá reforço da massa de ar quente que avança ao extremo sul gaúcho. Isso pode gerar uma frente quente com chuva muito volumosa e temporais nessas regiões. Há projeção de 100 a 150 milímetros em cidades como Chuí e Santa Vitória do Palmar.

Para Lajeado e cidades do entorno, nos próximos dias não se descartam novos episódios de calor extremo, a exemplo do registrado no fim de semana. A máxima chegou a 42,4°C, considerada uma das maiores marcas em décadas.

Recordes de temperatura

Na estação do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), localizada em Teutônia, os termômetros registraram 41,7°C no domingo, 16. A marca fica 1,5°C acima do recorde anterior que era de 40,2ºC, em duas oportunidades: 7 de fevereiro de 2014 e 14 de março de 2020.

A estação foi criada em 1998. Assim, esse passa a ser o recorde do município dos últimos 24 anos. A marca ficou próxima de superar os 42,2ºC de 1º de janeiro de 1943, recorde regional, registrados em Taquari, quando o município tinha uma estação meteorológica do Inmet.

Em Lajeado, a marca mais alta dos últimos 19 anos foi registrada às 15h30min, de domingo, com 42,2°C e sensação térmica de 50,6°C. Recorde desde a criação do Núcleo de Informações Hidrometeorológicas da Univates, em 2003. Especialistas acreditam que essa seja a marca mais elevada para um período ainda superior, porém o município não contava com estações oficiais até então.

27 municípios em emergência

Progresso e Taquari também ingressaram na lista das cidades em situação de emergência devido à seca. O valor das perdas no Vale soma pelo menos R$ 500 milhões. Além do prejuízo no setor agrícola, centenas de famílias convivem com o desabastecimento de água nas propriedades.

Para mitigar efeitos da estiagem, o Estado prometeu disponibilizar, a partir desta semana, os recursos do Avançar na Agropecuária. Em um primeiro momento, serão perfurados 750 poços pelo RS, instaladas caixas d’água e escavados de 6 mil microaçudes e 1,5 mil cisternas.

ENTREVISTA – “Calor eleva risco de desidratação e desmaio”

CÉZAR ROBERTO VAN DER SAND – médico cardiologista e professor de Medicina na Univates

A Hora – Quais são os riscos do excesso de calor à saúde?
Cézar Roberto Van Der Sand – Há um grande perigo de desidratação, queda de pressão arterial e desconforto que pode ocasionar tontura e desmaio. Além disso, a exposição ao sol requer cuidado especial com a pele. Em dias de muito calor é comum que nosso organismo entre em um ritmo mais lento, por isso se for fazer alguma atividade de maior esforço o indicado é que seja com maior atenção.

– Quem está mais exposto a essas condições?
Van Der Sand – De modo geral é preciso um cuidado especial com idosos e crianças. O calor excessivo provoca sonolência, reduz a imunidade e amplia risco de infecções. Nos idosos há risco de isquemia cerebral. Aos trabalhadores com maior exposição ao sol a maior preocupação é com lesões na pele e queimadura se não houver a devida proteção.

– O que é possível fazer para minimizar os efeitos?
Van Der Sand – É preciso consumir muita água. Adultos no mínimo 2 litros ao dia. Muitas vezes idosos e crianças com menos de 3 anos não percebem a necessidade da hidratação, por isso é importante a vigilância de um responsável. Também é importante evitar locais fechados. Prefira ambientes bem arejados ou climatizados com temperatura média em 21 graus. Para quem sofre de asma ou rinite é melhor o uso do ar condicionado ao invés do ventilador que tende a espalhar mais poeira.

– Como viver melhor e reduzir o desconforto do calorão e alta umidade?
Van Der Sand – Mantenha alimentação adequada e em caso de baixa pressão arterial procure por alimentos mais salgados. Faça a ingestão frequente de líquidos. Exercícios físicos são recomendados no amanhecer ou ao fim do dia. Evite exposição ao sol das 10h às 16h. Importante também que procure atendimento médico caso perceba alguma situação incomum em seu corpo.


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