Empresas digitais apostam em loja física para ampliar faturamento

Economia

Empresas digitais apostam em loja física para ampliar faturamento

Estratégia de empreendedores da região mira novos públicos e busca consolidar marcas criadas para vendas online. Atendimento presencial abre oportunidades aos pequenos negócios

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Empresas digitais apostam em loja física para ampliar faturamento
Fábio Baumgarten iniciou a venda de eletrônicos pela internet e depois de um ano abriu loja física no centro de Lajeado. Estratégia é ampliar visibilidade da marca e atrair novos clientes

A necessidade de adaptação na pandemia promoveu um movimento crescente de vendas pela internet. Essa foi ao menos uma alternativa para manter atividades diante de um cenário de isolamento social e restrições. À medida em que a modalidade se consolida, há também o movimento inverso. Empresas que surgiram em um ambiente virtual investem em um espaço físico de atendimento para ampliar vendas e fortalecer a marca.

Em muitos destes casos, o digital foi um teste de menor investimento para medir o potencial do produto ou serviço, antes de dedicar mais tempo e dinheiro. Com o desempenho positivo e o sonho de alcançar novos públicos, os empreendedores percebem na loja física novas oportunidades para engrossar o faturamento.

De acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, mais de 150 mil lojas virtuais foram abertas desde o início da pandemia no país. Conforme especialistas do setor, embora a internet dê visibilidade, o espaço físico confere maior credibilidade e possibilita agregar valor ao produto.

Mas, antes de optar pelo investimento é preciso considerar a forma de venda como um novo negócio. Essa orientação é de analistas de mercado, que monitoram a nova tendência que surgiu a partir da mudança dos hábitos de consumo.

Visibilidade da marca

Após 12 anos dedicados ao espaço de games, Fábio Baumgarten se deparou com a necessidade de diversificar. Como alternativa em meio à pandemia, iniciou a venda de eletrônicos e componentes essenciais ao home office e de Educação a Distância (EaD). Ele investiu em redes sociais e sites de busca para atrair clientes.

“A pandemia forçou investimentos em tecnologia, seja nas empresas ou em casa. Foi então que tive a ideia de vender cabos, roteadores, dispositivos de streaming, entre outros produtos”, comenta. Pelos contatos já fidelizados e novas indicações, o empreendimento criado em um ambiente digital tornou-se a principal fonte de renda.

Para aumentar a presença da marca no mercado, Baumgarten definiu abrir uma loja física. O espaço inaugurado em agosto do ano passado, na principal rua do comércio de Lajeado, recebeu investimento de R$ 52 mil. O sucesso foi tanto que já quitou todo o valor. “O aluguel se paga na diferença de estar em uma rua movimentada e fluxo de pessoas de outras cidades. Estou muito satisfeito e pretendo investir cada vez mais para oferecer novas soluções aos nossos clientes.”

Hobby virou negócio

As restrições impostas durante o pico da pandemia fizeram a autônoma Milena Dias, de Santa Clara do Sul, fechar a esmalteria por 90 dias. Mesmo com a flexibilização das regras, o retorno teve desempenho abaixo do esperado. Sem uma fonte de renda fixa, começou a planejar alternativas. A confecção de enfeites de chimarrão, antes apenas um hobby, virou oportunidade de negócio.

Para atrair clientes, adotou a estratégia da divulgação em plataformas digitais. O resultado superou as expectativas e as vendas no meio digital proporcionaram o retorno financeiro que a jovem empreendedora precisava. Além das vendas na região, passou a atender clientes fora do estado. Após negociação fechada por WhatsApp ou rede social, o envio dos enfeites era alinhado com motoboy ou via Correios.

“Durante o isolamento as famílias aumentaram o consumo de chimarrão e estamos dedicando mais tempo para preparar a cuia. Foi com essa percepção que investi no segmento e deu muito certo”, conta Milena. O compartilhamento de fotos nas redes sociais e a indicação dos clientes fez o negócio prosperar em pouco tempo.

Agora, com a falta de espaço em casa e potencial de ampliar vendas, a empresária prepara a inauguração da loja física. O espaço na área central de Santa Clara do Sul fica pronto ainda este mês. “A expectativa é dobrar o faturamento. Apesar da força do digital nas vendas, muitos sentem a necessidade de conferir o produto e não se sentem seguros na compra online.”

Entrevista

Ademir José Ewald, gerente de relacionamento do Sebrae
Especialista em diagnóstico e assessoria de planejamento alerta para a necessidade de uma análise mercadológica a fim de decidir pela abertura de loja física. Ewald explica que ampliar do digital para um espaço físico é uma nova forma de venda e precisa ser visto como um novo negócio.

– Qual a importância da empresa digital ter um espaço físico?
Este movimento que as empresas fazem do digital para o físico ou vice-versa normalmente está atrelado às estratégias de comercialização da empresa. A importância vai depender muito do ramo de atuação e da própria estratégia definida. Na maioria das vezes, isto está vinculado ao desejo ou necessidade de a empresa atingir um novo público-alvo.

– O que é preciso avaliar antes de abrir uma loja física?
A empresa deve analisar no mínimo os aspectos mercadológicos, a existência do público-alvo desejado no local de abertura da loja física. Além disso, é importante analisar o custo-benefício desta ampliação.

– A abertura de uma empresa no ambiente virtual é uma forma de testar o produto ou serviço?
Não necessariamente, pois dependendo do produto ele pode funcionar muito bem em um canal de venda e no outro não. Então, não considero isto uma regra que se aplique em todas as situações.

– O atendimento presencial consegue ampliar as vendas de quem até então marcava presença apenas no digital?
A venda através dos meios digitais se tornou uma realidade em que as empresas devem no mínimo estar presentes neste mundo virtual. Assim como uma empresa que só atendia no presencial, ao criar um canal de vendas no digital, o inverso também se torna verdadeiro. Sendo assim o cliente é que acaba se beneficiando com isso. A tendência é ampliar as vendas, mas sem esquecer a análise do ponto de equilíbrio, pois o acréscimo das vendas não significa melhores resultados.


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