Previsões macroeconômicas para o final de 2022

Opinião

Fernando Röhsig

Fernando Röhsig

Consultor empresarial

Previsões macroeconômicas para o final de 2022

Por

Vale do Taquari

Ao final de cada ano os economistas tentam prever os principais indicadores das economias mundo afora, fazendo suas projeções, para, de certa forma, tentar prever ou antecipar o futuro. Há alguns anos procuramos verificar se estas projeções realmente se concretizam no Brasil.

A metodologia utilizada para esta análise comparativa é registrar as projeções realizadas no Boletim Focus na última semana do ano que encerra, com as indicações para o final do exercício seguinte. Por exemplo, na última semana de dezembro de 2021, registramos o que está sendo projetado para dezembro de 2022 e, quando tivermos os dados realizados do ano de 2022, normalmente até o final do primeiro trimestre de 2023, comparamos o que foi projetado com o realizado, os acertos e erros, mas sobretudo a dimensão das variações que inevitavelmente ocorrem.

Toda segunda-feira pela manhã, pontualmente as 8h30min, recebemos por e-mail o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central do Brasil, com um compilado dos indicadores macroeconômicos mais importantes para a economia brasileira (IPCA, IGPM, Câmbio, Taxa de crescimento do PIB, Taxa Selic e etc). Essa projeção do Focus é realizada por cerca de 140 instituições financeiras que atuam no mercado brasileiro e isso ajuda os economistas a fazer suas projeções. Você também pode receber o Focus, basta se inscrever através do link: https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/inscricao_focus .

Para ilustrar a questão, escolhemos o IGP-M para demonstrar como o mercado faz as suas projeções e como ocorre a variação após o realizado. Veja na imagem do gráfico 1.

No período de 2015 a 2021 podemos observar grandes variações entre o que foi previsto e o efetivamente realizado. Em 2015, por exemplo, as projeções indicavam uma inflação pelo IGP-M para aquele ano de 5,71%, porém o realizado ficou em 10,54%. O ano em que tivemos a menor variação entre o projetado e o realizado foi 2016. Já nos anos de 2020 e 2021, o realizado ficou completamente fora do que os economistas haviam projetado devido aos efeitos da covid-19 na cadeia de suprimentos, com um grande desarranjo entre a oferta e a demanda nos mercados globais. A questão agora é verificar se o projetado de 5,49% para o ano de 2022 vai realmente acontecer.

IGP-M é a sigla para Índice Geral de Preços-Mercado, calculado e divulgado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE). Concebido para ser uma medida abrangente da variação de preços, englobando diversas etapas de uma cadeia produtiva, o IGP-M abrange não só os preços que chegam na ponta final de venda, como também os do meio do processo. O IGP-M é composto por três indicadores, cada um com um peso diferente no cálculo. O IPA-M (Índice de Preços ao Produtor Amplo do Mercado) com os preços de produtos industriais e agrícolas no setor de atacado, como minério de ferro, cana de açúcar e milho (60%), engloba também o IPC-M (Índice de Preços ao Consumidor-Mercado) com os preços de bens e serviços que compõem as despesas comuns de famílias, como alimentos e produtos de limpeza (30%) e, finalmente, pelo INCC-M (Índice Nacional do Custo da Construção-Mercado) com o valor dos custos de construções de imóveis, como materiais, equipamentos e mão de obra (10%). O cálculo do IGP-M é composto por 60% do IPA-M, 30% do IPC-M e 10% do INCC-M. O IPA-M tem um peso maior nessa composição, quando os preços dos produtos industriais e agrícolas sobem no atacado, isso reflete diretamente no IGP-M. O IGP-M costuma ser usado no reajuste de contratos de aluguéis de imóveis e de algumas tarifas públicas, como a conta de luz. Se o índice cresce muito em relação à inflação oficial do país (medida pelo IPCA), o reajuste destas contas pode crescer muito além do poder de compra da população. Existe inclusive uma proposta em andamento no Congresso Nacional para impedir que o reajuste de aluguéis fique acima do IPCA.
Há um ano, em dezembro de 2020, as projeções do Focus para o final do ano de 2021 eram bem diferentes do que as prévias sugerem que efetivamente vai se realizar (quadro 1).

Agora, em dezembro de 2021, as projeções divulgadas pelo último Boletim do Relatório Focus para o final do ano de 2022, daqui a 12 meses, têm as seguintes estimativas para a economia (quadro 2).

Como os dados registrados demonstram, é através da análise comparativa que conseguimos avaliar os acertos, desvios e erros das mais de 140 instituições financeiras que semanalmente fazem suas projeções para a economia brasileira. Ano após ano fica ainda mais evidente que projetar cenários no Brasil é realmente desafiador. O certo é que precisamos tomar decisões com base neste conhecimento para rapidamente nos adaptarmos ao ambiente econômico.

2022 vem aí! Isso é certo!

 

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