Investir na primeira infância para combater desigualdades

Opinião

Gabriel Souza

Deputado estadual (MDB)

Investir na primeira infância para combater desigualdades

Por

Atualizado sexta-feira,
31 de Dezembro de 2021 às 06:40

Estado

Após quase dois anos de pandemia, já podemos entender quais são os principais impactos na sociedade. Na economia, o problema mais grave é a queda da renda, em especial a dos mais pobres. A pesquisa sobre o futuro do trabalho, encomendada pela Assembleia Legislativa, retrata esta realidade: metade dos entrevistados admite ter sofrido impacto sobre seu emprego e, desses, 61,1% perderam renda, enquanto 24,9% ficaram desempregados.

É importante para os formuladores de políticas públicas atentarem para um recorte etário praticamente invisível nesses dados: a pobreza na primeira infância. Ao verificarmos o impacto na faixa etária de 0 a 6 anos, surge um importante desafio para o futuro, já que 23,2% dos entrevistados na pesquisa sobre a desigualdade social têm filhos nesse grupo e, desses, 3,5% informam que elas sequer possuem acesso a brinquedos, o que afetará o desenvolvimento cognitivo e a capacidade de inteligência emocional na vida adulta.

Além de se tratar da fase mais importante para o desenvolvimento do cérebro do indivíduo, o investimento na primeira infância também tem a ver com a sobrerrepresentação da infância na pobreza, em relação às demais faixas etárias; a importância da melhoria da vida das mães – que costumam ser provedoras dessas famílias – , ao se propiciar formas de inserção no mercado de trabalho; e, do ponto de vista econômico, estudos apontam que a cada $1 investido nessa faixa etária, obtém-se um retorno futuro de $17.

Ainda, os gaúchos identificam no investimento em políticas públicas um meio estratégico de promover uma sociedade mais justa: 89,3% entendem que o governo deveria criar programa de transferência de renda para famílias pobres com filhos de até seis anos e 85,7% defendem investimentos na primeira infância para combater a desigualdade. Em um Estado que registra o maior índice de envelhecimento do país, investir nas crianças significa uma população mais saudável e preparada para a velhice. Um grande desafio que temos pela frente para garantir uma sociedade mais igualitária.

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