O temor que vem da Europa

A quarta onda

O temor que vem da Europa

Depois de um período de otimismo, o mundo volta a registrar novos casos da covid-19. Efeito é motivo de preocupação inclusive no Brasil. OMS alerta sobre risco de uma 4ª onda da pandemia e registra nova cepa com mais de 50 mutações

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O temor que vem da Europa
Na Áustria, governo determina lockdown pelas próximas duas semanas. (Foto: Divulgação)
Mundo

Redução nos índices de contágios, menos ocupação dos leitos de UTI e queda nos óbitos. O cenário vivido no Brasil gera uma sensação de que a pior fase da covid-19 tenha ficado para trás. Essa realidade tem como motivo central o alto percentual de vacinação no país.

Ainda assim, a pandemia não terminou. Tanto que na Europa, as últimas semanas foram de tensão. Inclusive com medidas de restrições mais severas, como o lockdown na Áustria. O registro de novos casos coloca a Organização Mundial de Saúde (OMS) em alerta para a chegada da 4ª onda mundial da pandemia.

A situação dos países europeus é chamada pelos pesquisadores de “pandemia dos não vacinados”, porque as pesquisas mostram que a maioria das internações é de pessoas que não se vacinaram contra o vírus.

O continente também vive uma situação desigual no território. E, se por um lado países como Portugal e Espanha têm 86,6% e 79,4% da população totalmente imunizada, a Alemanha segue com 68,2%, a Áustria com 66% e a Estônia com 58,8% das pessoas com o esquema vacinal completo.

Na Áustria, onde a situação é mais crítica, a estimativa é de quatro óbitos por milhão de habitantes em decorrência da doença. Diante do cenário, o governo anunciou nesta semana o 4º lockdown nacional para tentar conter a covid-19, o que gerou protestos de milhares de pessoas na capital, Viena. O país também anunciou que a partir de 1º de fevereiro, a vacinação será obrigatória.

Eficácia na vacinação

Já no Brasil, mesmo com meses de atraso no início da vacinação em relação a outros países, 60,4% da população está com a imunização completa. A estimativa é de 1,15 óbitos por um milhão de habitantes. Por outro lado, países como Lituânia, Áustria e Alemanha apresentam percentuais maiores de vacinação e, ainda assim, enfrentam uma nova alta de internações e crescimento no indicador de óbitos por milhão de habitantes.

De acordo com a epidemiologista Sandra Inês Knudsen, isso se deve porque os brasileiro têm um bom panorama e aceitação de vacinas. Um exemplo são as campanhas pela erradicação do sarampo e da paralisia infantil.

E, por isso, a tendência é que o país atinja um índice vacinal completo maior em relação aos países europeus, hoje estagnados. Esta falta de adesão aliada ao avanço da variante Delta do novo coronavírus e as flexibilizações das medidas sanitárias são fatores que contribuíram para o aumento dos casos no continente nas últimas semanas.

A profissional destaca que o mundo ainda aprende sobre o coronavírus, pois é difícil prever as mutações que ele pode sofrer, ou por quanto tempo a imunidade com as vacinas permanece. “O que temos que fazer é observar o que está acontecendo em outros locais, aprender com isso e tentar prevenir no nosso país”, destaca Sandra.

E, se antes se falava em uma cobertura vacinal de 70% da população ser suficiente para controlar o vírus, hoje já se fala em mais de 90%. “Daí vem a importância das pessoas que não estão imunizadas se vacinarem, caso contrário, elas vão permitir que esse vírus continue circulando”, destaca a profissional. Além disso, as chances de mutações serão maiores.

Sandra também atenta para a falta de informações sobre o período de imunidade das vacinas e importância de observar a periodicidade dos reforços. Ela acredita que as doses deverão ser aplicadas de tempos em tempos para se chegar a um nível adequado de imunização.

Enquanto isso, o uso de máscara, o distanciamento social e a vacinação continuam sendo medidas seguras para garantir que o país não chegue aos número da Europa, conforme destaca a profissional.

No estado

De acordo com o Monitoramento da Imunização Covid-19 da Secretaria Estadual de Saúde, de todas as vacinas que chegaram ao RS, totalizando mais de 20 milhões, 19,6 milhões foram distribuídas aos municípios e 17,6 milhões foram aplicadas, o que corresponde a 90% das doses.

Destas, 8,8 milhões de pessoas tomaram a 1ª dose e 7,4 milhões a 2ª. Ainda, 303,8 mil receberam dose única e 1,1 milhão a de reforço. Com isso, 68% da população gaúcha está com o esquema vacinal completo, a maior parte da faixa etária adulta.

Para que o cenário siga positivo no estado e no país, no entanto, pesquisadores alertam para a necessidade de estratégias que incentivem a vacinação, entre elas, a exigência do passaporte sanitário em ambientes fechados.

Além disso, destacam a importância do distanciamento social e da não aglomeração que tende se intensificar com as festas de fim de ano e carnaval.

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