Negócios itinerantes como estilo de vida

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Negócios itinerantes como estilo de vida

Profissionais adotam estratégias para ir ao encontro do consumidor. Modelo de comércio também ganha adeptos em busca de qualidade de vida. Lajeado já conta com 60 estabelecimentos cadastrados

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Negócios itinerantes como estilo de vida
Lajeado já tem 60 estabelecimentos itinerantes cadastrados. Modelo de negócio segue tendência de alta na região. (Foto: Felipe Neitzke)

As novas atrações turísticas e maior circulação de público impulsionam diferentes modelos de negócios na região. O formato itinerante é um dos que ganha espaço. A possibilidade de aliar experiências ao ar livre, qualidade de vida e renda faz aumentar os investimentos no setor.

A retomada de eventos também aparece como oportunidade. Feiras e encontros gastronômicos reúnem adeptos ao estilo nômade. A tendência do pós-pandemia expõe as mudanças de hábitos dos consumidores. Além de vendas online, ir ao encontro do cliente faz parte da nova era de negócios.

Neste contexto, praças e parques tornaram-se grandes centros de alimentação em ambiente aberto. Em Lajeado, o Parque dos Dicks e a Avenida Piraí reúnem pelo menos 16 estabelecimentos sobre rodas. Ao todo, no município são 60 cadastrados. Os food trucks até então comuns em grandes centros, conquistam cada vez mais consumidores no Vale.

Em outras regiões do país cresce também o modelo de franquia itinerante. São opções menores e adaptadas em veículos para vendas de produtos de grandes marcas. Nestas situações, os franqueados têm um investimento menor e o diferencial da mobilidade.

Conforme a gerente regional do Sebrae, Liane Klein, a tendência é que esse tipo de comércio aumente cada vez mais. “Há poucos dias um evento cervejeiro no Parque do Imigrante já mostrou a força do segmento de vendas em trailers”, lembra.

Para garantir as boas práticas e qualidade no atendimento, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) oferece treinamentos. Além das obrigações fiscais e de autorização para funcionamento, os estabelecimentos móveis precisam atender uma série de critérios com a Vigilância Sanitária municipal.

Denyan, Daini e Daiane estão à frente da gestão do parque de diversões instalado em Lajeado até 26 de dezembro. (Foto: Felipe Neitzke)

Ao encontro do público

Com uma rotina itinerante, a família Muhl transformou o negócio em um estilo de vida. De uma cidade a outra, levam momentos de alegria e diversão ao encontro do público. Desde a última semana os brinquedos do parque estão disponíveis à comunidade de Lajeado e região.

Como atração das atividades natalinas, a estrutura permanece no município até 26 de dezembro. Depois o grupo segue para a cidade gaúcha de Santa Bárbara do Sul. A cada nova viagem, um mês de planejamento e preparativos.
A rotina é intensa e muitas coisas acontecem nos bastidores. Antes de abrir ao público, tem as inspeções e manutenções de segurança dos equipamentos. O proprietário do parque é também quem cria novos brinquedos.

Dono do empreendimento móvel, Alberto Muhl, 53, foi por um longo período funcionário e há 24 anos constituiu o parque de diversões Estrela Brilhante. Natural de São João (PR), é pai de três filhos, todos cresceram no parque e hoje ajudam a administrar.

“Muita coisa mudou, estou pensando em me aposentar para ter uma vida mais tranquila. Agora meus filhos é que cuidam de boa parte dos negócios”, comenta. Muhl aprendeu por conta a fabricar os equipamentos. No início eram apenas 4 brinquedos, hoje são mais de 20.

Muhl mantém estilo nômade e cria atrações ao parque entre uma parada e outra. (Foto: Divulgação)

A esposa Aida de Souza, 50, é quem cuida das refeições da equipe. Durante a pandemia dispensaram a metade dos trabalhadores e permanecem com 25 funcionários. A gestão é feita pela filha Daiane, 30.

“Tem muitos processos burocráticos e mesmo sendo um negócio itinerante, temos o escritório em Ernestina onde também está contratado um engenheiro. Quando vamos para outra cidade tem toda a parte da licença, rede de água e energia, além da locação do espaço para ajustar”, explica Daiane.

Outra etapa importante com a troca de cidades é a matrícula das crianças na rede escolar. “Apesar dessa rotina, precisamos garantir a educação de nossos filhos. Quase sempre ficam um a dois meses na escola e aí vamos para outro lugar”, comenta.

Entre os desafios que a família empreendedora enfrenta está a variação de faturamento. “Além da pandemia, temos as condições do tempo que interferem em nossa atividade”, relata. No último ano venderam parte do patrimônio para se manterem sem a possibilidade de público. A estrutura do parque inclui também 14 carretas, 5 motorhomes e 3 trailers.

Aplicativos reforçam vendas

A redução do número de viagens e maior concorrência com motoristas autônomos fez o taxista Valdemar Lissaraca, 53, migrar de atividade. Desde abril opera uma lanchonete sobre rodas. Sua rotina começa às 8h30min e segue à noite quando registra o pico de vendas.

“Atendo todos os dias. Oferecer meus produtos faz parte do novo estilo de vida. Minha esposa ajuda e estamos muito satisfeitos, apesar das dificuldades do início de qualquer negócio”, ressalta Lissaraca.

Valdemar Lissaraca trocou a rotina de taxista por um trailer
de lanches. (Foto: Felipe Neitzke)

Para manter a média de faturamento mesmo em dias de menor fluxo nas ruas, como ocorre em períodos de chuva, Lissaraca está inscrito em aplicativos de comida e faz as vendas pela plataforma virtual. Assim, fideliza uma parte dos clientes e oferece tele-entrega.

Oportunidade de renda

Mais frequentes em áreas de lazer, as lojas sobre rodas despertaram o interesse do empreendedor Vilson André Cordeiro, 50. Com experiência em vendas externas de vestuário, investiu na compra de pequeno trailer para vender lanches. Essa primeira etapa há 6 anos foi importante para ampliar os negócios no segmento.

Faz 4 anos que abriu uma lancheria no bairro Santo Antônio, em Lajeado. “Ao perceber outros comerciantes vindo de fora vender produtos na cidade, notei uma boa oportunidade de negócio”, cita Cordeiro.

Com o apoio da família, adaptou um micro-ônibus com uma cozinha industrial, freezer, televisão e toda estrutura para preparar os lanches. O estabelecimento móvel custou cerca de R$ 120 mil. “Hoje somos entre oito negócios móveis no Parque dos Dick e temos um bom movimento, apesar dos impactos durante a pandemia”, avalia o empreendedor.

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